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terça-feira, 7 de março de 2017

TEXTO DE APOIO - GEOGRAFIA - 1ª série - SIT DE APRENDIZAGEM 01




GEOGRAFIA 1ª série 1º bimestre -SIT DE APRENDIZAGEM 1



Uma das primeiras coisas em que pensamos na hora de viajar é num bom mapa da região a ser visitada ou das estradas que vamos percorrer. Em nosso dia-a-dia na cidade também usamos mapas e guias para encontrar ruas e bairros. Os mapas nos auxiliam a localizar qualquer porção da superfície da Terra, facilitando a nossa orientação no espaço geográfico. O conhecimento das coordenadas geográficas e dos pontos cardeais é indispensável para a elaboração dos mapas, que são representações planas da superfície terrestre. Este é o maior problema da cartografia: representar uma superfície esférica em um plano. Como a esfera não é planificável, a representação nunca será perfeita. Teremos sempre algumas deformações, seja em relação às distâncias entre os continentes, seja em relação às áreas de países e oceanos. Na verdade, a melhor maneira de representar a Terra é o globo terrestre, por causa de sua forma esférica. Porém os mapas são muito mais fáceis de manusear e têm a vantagem de representar áreas pequenas com detalhes. As projeções permitem representar uma superfície esférica (a Terra) em uma superfície plana (o mapa) com menores distorções do que aquelas provocadas com o simples achatamento da esfera. Cartografia, A Arte Ou Ciência De Fazer Mapas Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a "arte (ou ciência} de levantamento, construção e edição de mapas e cartas de qualquer natureza" recebe a denominação de cartografia. A elaboração de mapas começou na Antiguidade. O mapa mais antigo do mundo foi encontrado na Mesopotâmia, onde é hoje o Iraque, de Saddam Hussein. Anaximandro (610 a.C-547 a.C.}, discípulo de Tales de Mileto, é considerado o primeiro cartógrafo. Em seu mapa, a Terra estava solta no espaço e não havia referência à sua forma. A partir do século XVI, época das Grandes Navegações, mapas traçados com maior precisão passaram a desvendar caminhos para os exploradores europeus, pois representavam o mundo de uma maneira mais próxima do real. O avanço tecnológico permitiu um grande progresso e muita precisão na elaboração de mapas. As técnicas usadas antigamente foram acrescentadas várias outras, como o uso de aviões para tomadas fotográficas aéreas, imagens de satélites artificiais e computadores. A partir do processamento e da análise dessas imagens, é possível elaborar vários tipos de mapas. Hoje, podemos obter imagens tridimensionais da superfície da Terra. Daí os mapas estarem cada vez mais precisos. Entre os inúmeros recursos utilizados pela cartografia, destacaremos; a aerofotogrametria, o sensoriamento remoto e o geoprocessamento (GIS -Geográfica Informativo System ou, traduzindo para o português, SIG - Sistema de Informação Geográfica). Apesar de todas essas facilidades, não podemos nos esquecer de que, para ter sucesso, é preciso complementar o trabalho com dados obtidos em uma eficiente pesquisa de campo no local cartografado.
Classificação dos mapas ou cartas De acordo com a escala, os mapas ou cartas podem ser: • Cartas cadastrais ou plantas. Quando se destinam à representação de pequenas áreas, cidades, bairros, fazendas, conjuntos residenciais etc., porém com elevado grau de detalhamento e de precisão. É o caso de plantas urbanas, de grande utilidade para as autoridades governamentais na administração (cadastramento) e planejamentos urbanos. São cartas de grande escala, normalmente de 1:500 até 1:10.000.
• Mapas ou cartas topográficas. Quando mostram a características ou os elementos naturais e artificiais da paisagem com um certo grau de precisão ou de detalhamento parte de uma região ou estado. São de média escala mostrando relevo, acidentes naturais, obras realizadas pelo homem escala, normalmente de 1:25.000 a 1:250.000.
• Mapas ou cartas geográficas. Quando mostram as características ou elementos geográficos gerais de uma ou mais regiões, país ou continente ou mesmo do mundo, o que exige o emprego de escalas pequenas (de 1:500.000 a 1:1.000.000 ou menos).

Coordenadas Geográficas: Paralelos e Meridianos
O movimento de rotação da Terra ao redor de seu eixo proporciona dois pontos naturais - os pólos - nos quais está baseada a chamada rede geográfica, que consiste em linhas destinadas a fixar a posição dos pontos da superfície. A rede geográfica consta de um conjunto de linhas traçadas de norte a sul unindo os pólos - os meridianos - e um conjunto de linhas traçadas de leste a oeste paralelas ao equador - os paralelos.
Meridianos Todos os meridianos são semicírculos máximos, cujos extremos coincidem com os pólos norte e sul da Terra. Ainda que seja correto que o conjunto de dois meridianos opostos constituam um círculo máximo completo, é conveniente recordar que um meridiano é só um semicírculo máximo, e que é um arco de 180º. Outras características dos meridianos são: 1. Todo o meridiano tem direção norte-sul; 2. Os meridianos têm sua máxima separação no equador e convergem em direção aos dois pontos comuns nos pólos; 3. O número de meridianos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Assim pois, existe um meridiano para qualquer ponto do globo. Para sua representação em mapas os meridianos se selecionam separados por distâncias iguais adequadas.
Paralelos Os paralelos são círculos menores completos, obtidos pela intersecção do globo terráqueo com planos paralelos ao equador. Possuem as seguintes características: 1. Os paralelos são sempre paralelos entre si. Ainda que sejam linhas circulares, sua separação é constante. 2. Os paralelos vão sempre em direção leste-oeste. 3. Os paralelos cortam os meridianos formando ângulos retos. Isto é, correto para qualquer lugar do globo, exceto para os pólos, uma vez que neles a curvatura dos paralelos é muito acentuada. 4. Todos os paralelos, com exceção do equador, são círculos menores. O equador é um círculo máximo completo. 5. O número de paralelos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Por conseguinte, qualquer ponto do globo, com exceção do pólo norte e do pólo sul, está situado sobre um paralelo.
Longitude A longitude de um lugar pode definir-se como o arco de paralelo, medido em graus, entre tal lugar e o meridiano principal. Está quase universalmente aceito como meridiano principal o que passa pelo Observatório de Greenwich, perto de Londres, a que frequentemente se designa como meridiano de Greenwich. A este meridiano corresponde a longitude 0º. A longitude de qualquer ponto dado sobre o globo é medida na direção leste ou oeste a partir deste meridiano, pelo caminho mais curto. Portanto, a longitude deve oscilar entre zero e 180 graus, tanto a leste quanto a oeste de Greenwich.
Conhecendo-se somente a longitude de um ponto não podemos determinar sua situação exata, porque o mesmo valor da longitude corresponde a todo um meridiano.
Latitude A latitude de um lugar pode ser definida como o arco de meridiano, medido em graus, entre o lugar considerado e o equador. Portanto, a latitude pode oscilar entre zero grau no equador até 90 graus norte ou sul nos pólos. Exemplo: 34º10'31" N, pode ler-se "latitude 34 graus, 10 minutos e 31 segundos norte".

Elementos de um mapa A confecção de um mapa é uma tarefa de certa complexidade. Abrange um conjunto de operações que vão desde os levantamentos no próprio terreno e a análise de documentação (fotos aéreas, por exemplo) até o estudo de expressões gráficas (legendas etc.) e outros aspectos. Os mapas modernos são elaborados com o auxílio de instrumentos e recursos muito avançados, tais como fotografias aéreas, satélites artificiais e computadores.

Os elementos de um mapa são: escala, projeções cartográficas, símbolos ou convenções e título.
Escala Como o mapa é infinitamente menor que a Terra, necessitamos de uma escala para indicar a proporção entre ele e o nosso planeta. A escala nos informa quantas vezes o objeto real (no caso a Terra ou parte dela) foi reduzido em relação ao mapa. Em outras palavras, escala é a relação entre a distância ou comprimento no mapa e a distância correspondente na Terra. Por exemplo: um mapa do Brasil na escala 1:5.000.000 significa que as distâncias (ou proporções) reais do Brasil sofreram uma redução de 5 milhões de vezes em relação ao mapa, ou seja, nessa escala 1 cm no mapa corresponde a 5 milhões de cm (ou 50 km) no lugar real. Entretanto devemos lembrar que quanto maior for a escala, maior a riqueza de detalhes. A mostra o Brasil em três escalas diferentes. Nesse caso, quanto menor for a escala, menor o tamanho do mapa e consequentemente menor a riqueza de detalhes. Existem os seguintes tipos de escalas: • Numérica. Trata-se de uma fração ou proporção que estabelece a relação entre a distância ou comprimento no mapa e a distância correspondente no terreno. Por exemplo: se um determinado mapa estiver na escala 1:200.000 (um por duzentos mil), isso significa que, 1 cm no mapa é igual a 200 mil cm no terreno. A escala numérica pode ser apresentada de três formas diferentes:
1 ou 1:200.000 ou 1/200.000 • Gráfica. Apresenta-se sob a forma de segmento de reta graduado. Por exemplo:
0 km 200km 400km 600km 800km 1.000km Nesse caso a reta foi seccionada em cinco partes iguais, cada uma medindo 1 cm. Significa que cada uma das partes no mapa (1 cm) corresponde 20.000.000 cm ou 200 km no terreno. Com um simples olhar, não há como sabermos a proporção com que o mapa foi desenhado. Por isso usamos a escala. • 1:1000000 • 1:500000 • 1:250000 • 1:100000 • 1:50000
Estas escalas, em geral, são utilizadas em grandes mapas de caráter regional, incluindo desde países inteiros até porções de estados em países de escalas continentais, como o Brasil. Escalas maiores são usadas para trabalhos de detalhe, como mapeamento de corpos mineralizados, estudos de precisão. Sendo estas: 1:25000; 1:10000; 1:2500, além de outras de maior detalhe. São muito usadas na Geografia, Geologia, Engenharia de Minas e demais ramos que necessitam de mapas para seus estudos. São também utilizadas para determinação de bacias hidrográficas em obras de engenharia civil. Desde grandes barragens até obras de macrodrenagem urbana têm seu início com estudos em cartas cartográficas. A escala pode ser definida pela formula:E = d D •E é escala; •D é distância real; •d é distância na projeção.
Símbolos ou convenções cartográficas
Considerando-se que o mapa é uma representação da realidade, o cartógrafo recorre a símbolos e convenções que auxiliam na leitura ou interpretação dos mapas. Os símbolos são, portanto, a linguagem visual dos mapas. Quanto às cores, as principais convenções são as seguintes: azul (hidrografia); verde (vegetação); castanho (relevo e solos); preto ou vermelho (acidentes geográficos artificiais, como rodovias, ferrovias etc.).

Tipos de Mapas
Função nome Mostram quantidade - Mapas quantitativos Põem ordem nos fenômenos - Mapas ordenados Separam os fenômenos - Mapas qualitativos Mostram movimentos entre as localidades diferentes - Mapas de fluxos O fenômeno é a própria medida básica do mapa - Anamorfose
Projeções Cartográficas
Projeção cartográfica é a representação de uma superfície esférica (a Terra) num plano (o mapa).
O grande problema da cartografia consiste em ter de representar uma superfície esférica num plano. Assim, sempre que achatarmos uma esfera para colocá-la em um plano, necessariamente ela sofrerá alterações ou deformações.
Isso quer dizer que todas as projeções apresentam deformações, que podem ser em relação às distâncias, às áreas ou aos ângulos. Assim, cabe ao cartógrafo escolher o tipo de projeção que melhor atenda aos objetivos do mapa.
A maior parte das projeções hoje existentes deriva dos três tipos ou métodos originais, a saber: cilíndricas, cônicas e planas ou azimutais.
A projeção cilíndrica resulta da projeção dos paralelos e meridianos sobre um cilindro envolvente, que é posteriormente desenvolvido (planificado). Esse tipo de projeção:
• acarreta um crescimento (deformação) exagerado das regiões de elevadas latitudes;
• é o mais utilizado para a representação total da Terra (mapas-múndi).
A projeção cônica resulta da projeção do globo terrestre sobre um cone, que posteriormente é planificado. Esse tipo de projeção:
• apresenta paralelos circulares e meridianos radiais, isto é, retas que se originam de um único ponto;
• é usado principalmente para a representação de países ou regiões de latitudes intermediárias, embora possa ser utilizado para outras latitudes.
A projeção azimutal resulta da projeção da superfície terrestre sobre um plano a partir de um determinado ponto (ponto de vista).

Vejamos, a seguir, alguns dos mais conhecidos tipos de projeção cartográfica.
Projeção de Mercátor
Nessa projeção, os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cruzam formando ângulos retos. Pertence ao tipo chamado conforme, porque não deforma os ângulos. Em compensação, as áreas extensas ou situadas em latitudes elevadas aparecem nos mapas com dimensões exageradamente ampliada Projeção Bertin
Já na projeção Bertin (1950), que mantém uma relação de fidelidade com as superfícies dos continentes, a grade de coordenadas não possui uma configuração perpendicular, pois todos os meridianos se dirigem, formando curvas, para uma representação do pólo que se encontra no meio do mapa. Logo, para indicar o Norte seria preciso colocar tantas setas quantos fosse o número de meridianos (vide mapa abaixo), o que é desnecessário visto a clareza da posição polar.
Projeção Buckminster
Trata-se de uma projeção cuja centragem é no pólo norte (as centragens podem variar) e que favorece a manutenção das formas e das proporcionalidades das terras emersas em detrimento dos oceanos. Quando esse autor criou essa projeção ele subverteu a visão convencional de um Norte e de um Sul, o que permitiria uma apreensão de um mundo “menos” hierarquizado.
Erros cartográficos
A grande maioria dos mapas publicados contém erros cartográficos sérios. Ou geram visões problemáticas, ou pouco transmitem. E isso é esperado, visto que essa “inundação de mapas” tem como protagonistas um número muito grande de pessoas que entendem do programa de computador que faz o mapa, mas não conhecem a linguagem gráfica e a Cartografia.
Um exemplo singelo: para mostrarmos a distribuição geográfica de um fenômeno, digamos, a alfabetização, vamos usar índices de alfabetização por município no Estado de São Paulo. É razoável introduzir a informação no mapa preenchendo cada município com tonalidades de uma mesma cor (da mais escura para a mais clara). A mais escuras os maiores índices e as menores taxas com tonalidades mais claras. Quando vemos um mapa que usa tonalidades da mesma cor, sem parar para pensar, nossa percepção indica que a tonalidade mais escura (mais pigmentação) representa a maior intensidade do fenômeno, e a tonalidade mais clara, a quase ausência. Caso isso seja invertido, ou então, escolhidos cores diferentes e arbitrárias, haverá uma confusão na nossa percepção, pois o que teremos diante dos nossos olhos será uma falsa imagem: um erro cartográfico.