CARPE DIEN

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

3ªS SÉRIES - CONFLITOS E PRINCIPAIS CAUSAS

ESTAS ATIVIDADES FAZEM PARTE DE UM CONJUNTO DE TEXTOS, MAPAS, EXERCÍCIOS E GRÁFICOS QUE SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA, COMPÕEM O MATERIAL DE ESTUDOS ORIENTADO

3ª SÉRIES




BOM TRABALHO

Geografia dos Conflitos - Principais Causas







A Geografia dos Conflitos exibe diversas áreas de tensão espalhadas pelo globo, tendo como principais causas, as rivalidades étnicas, religiosas e nacionalistas e ainda os casos em o conflito envolve disputa entre estados ou mudanças de fronteiras .

Índia e Paquistão - Conflito entre dois Estados

Um exemplo de conflito entre dois ou mais Estados é o que ocorre entre a Índia e Paquistão, duas potências nucleares. A Índia - de maioria hindu - e o Paquistão - muçulmano - onde o dois países disputam a região da Caxemira localizada ao norte da Índia.

Colômbia - Guerra Civil

Outro exemplo de conflito é aquele que ocorre dentro de um país ( guerra civil - guerrilha ), onde grupos armados objetivam a tomada do poder, é o que ocorre na Colômbia, onde a Farc ( Forças Armadas Revolucionária da Colômbia ), controlam uma área de 42 mil km2 dentro do território colombiano, instalando uma guerra civil no país e um dos conflitos mais duradouros e sangrentos da América Latina.

México - EZLN - Exército Zapatista de Libertação Nacional

No México a luta do EZLN - O exército Zapatista de Libertação Nacional - que tem sua ação no Departamento de Chiapas, uma região pobre ao sul do país, sua luta é contra a política neoliberal do governo mexicano, que exclui e marginaliza a população pobre.

Outros Conflitos pelo Mundo

Afeganistão: Apesar de grupo fundamentalista Taleban ter sido retirado do poder pelos americanos, isto nunca trouxe estabilidade política ao país, as mulheres continuam sendo mal tratadas, tribos e clãs ( tadjique, uzbeque e hazará ) continuam em luta pelo poder em algumas regiões do país.

Chechênia: Esta região do Cáucaso de importância estratégica para a Rússia por causa do petróleo, também é motivo de grande instabilidade em função de conflitos étnicos.

Coréia do Norte: O país segue uma rota de isolamento no cenário internacional, em função de seu programa nuclear hostil aos interesses dos Estados Unidos, Coréia do Sul, China e Japão.

Iraque: A coalização anglo-americana que derrubou Saddam Hussein, enfrenta a instabilidade política e a ação de grupos terroristas contrários a presença de estrangeiros no país.

Sri Lanka: Conflito de origem religiosa onde Tâmeis ( hinduístas ) lutam contra cingaleses ( budistas ), estão em luta desde 1980 ( século xx ).

África:

Ruanda e Burundi. Conflitos entre Ruanda e Burundi, na região dos Grandes Lagos Africanos, já deixaram 1(um) milhão de mortos, em consequência da antiga rivalidade entre as etnias tutsi e hutu.

África: Nigéria. O conflito entre cristãos ao sul e muçulmanos ao norte faz parte do cotidiano da Nigéria. A Nigéria é o principal exportador de petróleo da África, mas a esmagadora maioria da população, de 112 milhões de pessoas, vive na pobreza. As péssimas condições de vida são responsáveis por boa parte das tensões religiosas do país, composto de cerca de 250 grupos étnicos.

África: Somália. A Somália não tem um governo efetivo, não há nenhum serviço público e nenhuma força de segurança. Esta situação se prolonga desde 1991 quando os "senhores da guerra" derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre, provocando o colapso do Estado e a guerra civil. O conflito ocorre entre grupos insurgentes islâmicos acusados de ter ligação com a Al Qaeda e forças do governo apoiadas por tropas etíopes, que tentam manter o controle sobre a capital Mogadício.

África: Argélia. A Argélia é um país árabe do norte da África que sente a volta do ambiente de terror que dominou este país nos anos 1990, marcado por conflitos entre o Exército e grupos islâmicos radicais. Em janeiro de 2007 o Grupo Salafista para a Predicação e o Combate (GSPC) passou a se chamar Al Qaeda nos Países do Magreb Islâmico, assumindo a autoria de uma série de atentados. Em um comunicado divulgado na internet afirmou a Al Qaeda nos Países do Magreb "Não estaremos em paz até liberarmos toda a terra do islã que está com os cruzados e com os apóstatas, e até que tornemos a pôr os pés na nossa Andaluzia espoliada e no nosso Al Quds (Jerusalém) violado". O grupo Al Qaeda nos Países do Magreb tem entre 500 e 800 membros na Argélia, Mauritânia, Mali e Níger.

África: O Massacre de Darfur. Darfur é a região maior que a França localizada a oeste do Sudão, o maior país da África, espalha-se pelo Deserto do Saara, savanas e florestas tropicais. O conflito na região confunde até experientes diplomatas, mas o fato é que desde 2003 dois milhões de pessoas já abandonaram a região e 250 mil desde agosto de 2006, desestabilizando países vizinhos como o Chade. Em quatro anos este conflito já teria causado a morte de 400 mil pessoas. Na raiz desse "conflito étnico" estão uma disputa por petróleo, e a omissão calculada de países como, EUA, China e França não mero acaso, o Sudão é o segundo parceiro comercial da China no continente africano e Pequim compra 65% do petróleo sudanês. São chineses os fuzis que matam em Darfur.

Palestina: Conflito Árabe-Israelense, onde os palestinos reivindicam o reconhecimento de um Estado independente nos territórios ocupados por Israel - Faixa de Gaza e Cisjordânia. Os maiores entraves para uma soluçaõ do conflito são; o status de Jerusalém; o controle dos mananciais hidrícos; os refugiados palestinos e judeus; a delimitação das fronteiras e o terrorismo.

Timor Leste: Essa ex-colônia portuguesa cuja população em sua maioria de religião católica, foi anexada ao território da Indonésia ( de maioria islâmica ) em 1975. Depois de um tenso e violento conflito separatista , onde morreu praticamente metade da população , em 1999, Timor Leste conseguiu sua independência, através da mediação da ONU, dos EUA e Portugal, junto ao governo da Indonésia. No dia 20 de maio de 2002, nasce a República Democrática de Timor Leste.

Espanha: A questão do País Basco. Um movimento nacionalista pela independência do País Basco - região ao norte da Espanha e sudoeste da França, que tem no grupo ETA ( Pátria Basca e Liberdade ) o seu braço mais violento, com atentados terroristas que abalam a nação espanhola.

Turquia: Os Curdos querem a independência do Curdistão, e para isto guerrilheiros separatistas lutam pela independência desde os anos 80. A área em que habitam se encontra sob domínio da Turquia, do Iraque, da Síria e do Irã.

Taiwan: Embora funcione como um país autônomo, não é reconhecido como estado soberano pela ONU e não faz parte dos principais organismos internacionais. O governo da China considera Taiwan " uma província rebelde" e pleiteia sua reintegração ao território chines desde 1949. Por 2.896 votos a favor o Parlamento Chines aprovou em 14 de março de 2005, uma lei anti-secessão que permitirá o uso da força caso Taiwan decida declarar sua independência formal.

QUEM PERDE E QUEM GANHA COM ESSES CONFLITOS

Os confrontos dispersos pelo mundo fazem milhões de vitimas, sem contar os refugiados, pessoas que fogem da violência, o número de refugiados vem crescendo progressivamente desde as últimas décadas do século XX , que em 1995 já chegava a 27 milhões de pessoas. Nas diversas regiões do globo alguns povos se destacam , como no Oriente Médio ( curdos, palestinos e afegões), na Ásia Meridional ( indianos e paquistaneses ), na região dos Bálcãs ( refugiados das repúblicas da ex-Iugoslávia ) e na África Negra ( Ruanda, Sudão, Etiópia, Somália, Serra Leoa, etc.). Mas há também quem sai ganhando com tantos conflitos. As vendas de armas aumentaram 8% no ano passado ( 2000 ), chegando a 37 bilhões de dólares, confirmando a condição dos EUA como o maior fornecedor de armas ( US$ 26 bilhões ) para o mundo, principalmente para os países em desenvolvimento, na sequência os maiores fornecedores são, EUA, Rússia, França, Alemanha, Inglaterra, China e Itália.

Questões sobre Conflitos Mundiais

BLOGGER GEOGRAFIA NA VEIA



1. (Uneal) A Caxemira é um dos focos de conflito na atualidade. Ela é o pivô de uma disputa entre os seguintes países:



a) China e Índia.
b) Paquistão e China.
c) Paquistão e Índia.
d) Índia, Paquistão e Afeganistão.
e) China, Índia e Paquistão.




2. (Unipam) Segundo o historiador britânico, Eric Hobsbawm, o “breve século XX” encerrou-se com a fragmentação do império soviético e com o conseqüente fracasso da referência sócio-ideológica doSocialismo Real. No entanto, é possível, perante a fragilidade das instituições multilaterais, observar acontinuidade de manifestações étnicas, religiosas e nacional-territoriais. O fim de uma Era nãopossibilitou a descontinuidade de ocorrências violentas em áreas de conflitos.Sobre os principais focos de conflitos na atualidade, é INCORRETO afirmar:a) A expressão nacional emancipacionista, liderada pelo P.K.K. (Partido dos Trabalhadores doCurdistão), reflete os princípios da causa curda e coloca em xeque as diretrizes da Doutrina Bush, em relação à estabilização político-institucional no Iraque.
b) A Província Autônoma da Chechênia, localizada na região montanhosa do Cáucaso russo, próximaao mar Cáspio, é um dos principais focos de tensão separatista, em razão das diferenças de identidades nacionais entre russos e chechenos, além da importância energética da região.
c) A vitória parlamentar do Hamas, nas eleições palestinas de 2006, significou o fim do sectarismopolítico-religioso em relação ao Fatah e uma possibilidade maior para a formação definitiva do Estado Palestino.
d) A guerrilha muçulmana, na Caxemira Indiana, luta pela independência em relação à Índia e recebe o apoio do governo do Paquistão. Esse envolvimento desestabiliza a região em razão da potencialidade bélica nuclear dos respectivos países




3. (ESPM) Leia o texto e assinale a alternativa correta:Na Batalha de Argel, em 1957, as forças francesas, que chegaram a contar com quinhentos mil soldados, conseguiram desmantelar a organização clandestina da Frente de Libertação Nacional (FLN), na capital do país. Uma sangrenta repressão à população civil árabe, no entanto,consumou a divisão entre a minoria francesa e a maioria muçulmana. A Guerra da Argélia produziu uma crise no governo francês e levou à queda da IV República.(Leonel Itaussu. História Moderna e Contemporânea)a) O texto aborda problemas enfrentados pela França na África, antes da Segunda Guerra Mundial.
b) O texto aborda a Guerra de Independência da Argélia, em plena descolonização da África, onde foram adotadas táticas de guerrilha rural e urbana contra o colonialismo europeu.
c) A queda da IV República francesa significou o afastamento definitivo do poder do general Charles de Gaulle.
d) A Argélia havia se tornado uma colônia francesa após a Segunda Guerra Mundial em meio às tensões da Guerra Fria.
e) A Argélia tinha sido uma colônia alemã, mas passou ao domínio da França como resultado dos tratados que se seguiram à Primeira Guerra Mundial.




4. (ESPM) Leia a matéria:Os confrontos, que já duram vários dias, são o maisrecente episódio de violência em um país marcado pordiferenças religiosas e étnicas e por uma história de conflitossangrentos. Outro episódio recente foi o conflito militarentre Israel e o grupo militante Hezbollah, em julho de 2006,que uniu a população durante os mais de trinta dias debombardeio contra o país, mas parece ter agravado muitoas tensões internas ...(www.bbc.com.uk - acesso: 25/08/07)Indique o país e a justificativa correta em relação ao texto:a) Iraque, país que concentra hoje vários grupos terroristas.
b) Síria, país que dá suporte logístico ao Hezbollah e que combateu Israel durante a invasão ao sul do país em 2006.
c) Afeganistão, que após ter destituído o regime Taleban, resistiu aos ataques do Hezbollah em 2006.
d) Irã, dividido internamente entre xiitas e sunitas e inimigo histórico de Israel.
e) Líbano, país que apresenta uma constituição confessional devido ao emaranhado religioso.




5. (ESPM) Observe as palavras de Gerry Adams:Todas as unidades do IRA receberam ordens de depor asarmas. Todos os voluntários foram instruídos a assistir aosdesenvolvimentos dos programas puramente políticos edemocráticos por meios exclusivamente pacíficos. Os voluntáriosnão devem se engajar em nenhuma outra atividadede qualquer tipo.A liderança do IRA também autorizou nosso representante(...) para completar o processo para depor suas armasde forma confiável de modo a aumentar a confiança públicae para concluir esse processo o mais rápido possível.(Planeta Porto Alegre, 2005).Sobre o assunto em questão, está correto afirmar:a) O IRA, mencionado no texto, é um grupo protestante extremista que defende a soberania britânica sobre a ilha da Irlanda.
b) A questão irlandesa envolve um conflito religioso entre cristãos e muçulmanos sobre a soberania da ilha.
c) O Eire reivindica a porção norte da Irlanda para juntar-se ao seu Reino.
d) Gerry Adams lidera um partido que defende a unificação da Irlanda sob um regime republicano.
e) A deposição de armas do grupo protestante do IRA abriu um novo capítulo que permite, a partir de agora, a unificação da ilha.




6. (Ufpi-específica) Após o término da bipolaridade, que caracterizou o período da Guerra Fria, os conflitos armados – Marque V ou F:1 ( ) Diminuíram, devido ao surgimento de outros pólos de poder no mundo.
2 ( ) Diminuíram, como conseqüência da derrota do socialismo soviético.
3 ( ) Aumentaram, devido à retomada de antigas diferenças étnicas e religiosas entre os povos envolvidos.
4 ( ) Aumentaram, em função do crescimento populacional de países envolvidos nos conflitos.




7. As nascentes do rio Jordão se localizam no encontro de fronteiras entre Israel, Síria e Líbano. O Jordão flui em direção ao sul, passando pelo lago Tiberíades e desaguando no Mar Morto. Em relação aos recursos hídricos dessa região, é INCORRETO afirmar quea) o projeto hídrico de Israel e a oposição da Síria a esse projeto foi um dos motivos da Guerra dos Seis Dias.
b) as nascentes do Jordão situam-se nas Colinas de Golã, que foram ocupadas por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, perdurando essa ocupação até hoje.
c) uma parcela maior dos recursos hídricos do rio Jordão era reivindicada pelo Estado Palestino e pela Jordânia.
d) o aqüífero pouco volumoso da planície costeira ocidental do território israelense contrasta com o volumoso lençol subterrâneo do platô central, situado no território da Cisjordânia.
e) as águas do rio Jordão, no trecho em que ele corta o norte da península do Sinai, foram objeto de disputa entre Israel e Egito, a qual teve fim com o acordo de Camp David.




8. Sobre a Região Balcânica, é correto afirmar:
I −caracteriza os problemas de ordem étnico-territorial na Europa dos Bálcãs, que refletem as seculares disputasnuma região dominada pelos sérvios, no último século;
II −representa o conflito entre as identidades nacionais na Europa, reforçado pelo desmonte dos Estados socialistas no Leste europeu, na última década do século XX;
III −exemplifica a causa típica dos conflitos que assolaram os Bálcãs, principalmente após a Guerra Fria, quandoos sérvios espalhados por outros territórios da antiga Iugoslávia lutavam pela manutenção da sua hegemoniana região.Das afirmações acima, está(ão) correta(s):
a) apenas a I. b) apenas a II.c) apenas a III. d) apenas a I e II.e) todas.




9. (Ibmec)“(...) a intensidade do processo de globalização provoca graves efeitos desestabilizadores, criando um terreno fértil para a fragmentação social e territorial. Uma globalização que aprofunda as desigualdades sociais, nacionais e regionais e gera um fenômeno brutal de exclusão, tem produzido reações como o nacionalismo tribal, o separatismo e conflitos violentos, que estão marcando o fim do século. São os fatores ‘disfuncionais’, destrutivos e regressivos que constituem perigosos ‘efeitos colaterais’ da globalização da economia.”(Adaptado de VIZENTINI, Paulo Fagundes in http://educaterra.terra.com.br/vizentini)Sobre o processo descrito no texto, é correto afirmar que:a) mesmo com a integração em curso o continente europeu ainda vive manifestações separatistas, como ocorre na Bélgica, com a rivalidade entre Flandres e Valônia.
b) é possível associar o sentimento nacionalista aos integrantes do IRA (Exército Republicano Irlandês), o que impede qualquer acordo de paz com os britânicos.
c) as disputas regionais na Espanha foram definitivamente resolvidas pelos acordos assinados, durante o ano de 2007, por galegos, bascos e catalães.
d) na América, uma das mais importantes manifestações separatistas ocorre no Canadá, onde os moradores de Quebec buscam autonomia cultural ante o domínio francês.
e) mesmo com um governo de origem indígena, a Bolívia não consegue superar as disputas entre os nativos e os criollos, como atesta o movimento separatista andino.




10. “(...) os EUA continuam a ser o pais que mais atrai imigrantes no mundo, devido à pujança de suaeconomia, às suas amplas fronteiras, à pobreza reinante a partir de sua fronteira com o México e àproximidade com o Caribe (...). Assim, muitos imigrantes preferem viver em condições ilegais nosEstados Unidos, pois sabem que ganharão mais do que em seus países de origem, mesmo quando estes atravessam boa fase econômica, como o caso do Mexico nos ultimos anos.”(BRANCO, M. S. “Integrar ou reprimir?”. In.: Revista Discutindo Geografia. Ano 3, n°15, 2007).FONTE: Revista Discutindo Geografia, ano 03, no15, 2007.O texto e a charge retratam a atual situação da questão migratória nos EUA. Após os atentadosterroristas de 11 de setembro de 2001, o governo estadunidense assumiu postura mais radical emrelação à entrada de imigrantes ilegais. Entre as iniciativas repressivas, podemos destacar:a) A homologação, pelo presidente George W. Bush, da legislação que determina a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México.
b) A assinatura do tratado que proíbe a entrada de qualquer mexicano nos EUA, exceto para os que pretendem estudar nas universidades estadunidenses.
c) A criação de uma força policial constituída pelo governo dos EUA específica para atuar nos países da América Central, sobretudo no México, Costa Rica, Nicarágua e Panamá (diminuindo assim a soberania dos países vizinhos).
d) Em 1990, no governo George Bush, foi promulgada a mais nova lei de imigração (o Immigration Act) que acaba com a concessão do visto de entrada e residência no país (o green card) criado em 1965.
e) Os EUA passaram a conceder somente visto permanente para os latino-americanos que possuam, no mínimo, o terceiro grau completo e tenham algum parentesco com um cidadão estadunidense.




11. (Ufrr) “Ate o final da decada de 80, existiam na Africa treze conflitos regionais (Angola, Etiópia, Libéria,Sudão, Chade, entre outros). Um ano depois, esse número diminuiu para seis diante dos altos custosde sua manutenção. Com o relaxamento das tensões EUA―URSS (distensão), os países africanostambém deixaram de ser o desencalhe de armas convencionais dos dois países. Entre 1984 e 1987,as despesas militares diminuíram de 5,2% do PNB acumulado dos países em conflito para cerca de4,3%. O cenário que resulta é desolador. Destruição econômica e desestruturação social, com adisseminacao da fome e da epidemia da AIDS.”(OLIVA, J. e GIANSANTI, R. Espaço e modernidade: temas da geografia mundial. São Paulo: Atual, 1995).Os conflitos existentes na África, juntamente com a fome e as epidemias, são elementos que constituemo triste cenário deste continente. Entre as explicações para compreendermos a existência dessas intermináveis guerras regionais, podemos apontar que:a) A atual disputa pelo potencial mercado de alimentos impulsiona as grandes potências africanas a investirem maciçamente na produção e venda de armamentos.
b) O continente africano exerce importante papel estratégico nas relações políticas e ideológicas entre os países que compõem os blocos econômicos mundiais.
c) Os conflitos ocorrem por conta do interesse de diversas tribos em constituírem um espaço comum africano para agregar as diversas comunidades em um mesmo grupo étnico-lingüístico-cultural.
d) As atuais fronteiras foram traçadas pelos colonizadores europeus sem respeitar a antigaorganização tribal e a distribuição geográfica das etnias no continente.
e) As comunidades étnicas optaram por entrar em conflitos armados estimulados pela inserção do capitalismo neoliberal e, principalmente, por conta dos diversos produtos industrializados disponíveis nos mercados africanos.




12. “Em pleno seculo XXI, as religioes continuam tendo grande influência no contexto social e cultural de diversos países e em amplas regiões do planeta. O poder da fé é de tal magnitude que é capaz de influir em aspectos políticos, sociais e econômicos de nações cujas autoridades, leis ou fronteiras são fortemente delimitadas por questões religiosas. Além disso, variados conflitos no mundo nos últimos tempos têm sua origem em divergências religiosas. (...) Jerusalém é a cidade sagrada de três grandes religiões (...). Os três credos têm em Jerusalém marcos básicos de sua doutrina e de sua historia.” (In.: Atlas Geográfico Mundial ― para conhecer melhor o mundo em que vivemos ― vol.01Mundo. Barcelona: Editorial Sol 90, 2005.)O texto acima apresenta Jerusalém como a cidade sagrada de três religiões. São elas:a) judaísmo, hinduísmo e islamismo
b) judaísmo, cristianismo e islamismo
c) judaísmo, budismo e islamismo
d) judaísmo, confucionismo e islamismo
e) judaísmo, xintoísmo e islamismo




13. (Trevisan) A pretensão do Islã de criar Estados islâmicos e tornar-se uma nova força mundial, exigindo uma unidade entre religião e política nos países por ele governados, pode ser designada comoa) fundamentalismo.
b) laicização.
c) racionalismo.
d) modernismo.
e) positivismo.




14. (ESPM) Leia o texto:... a existência de país supõe um território. Mas a existência de uma nação nem sempre é acompanhada da posse de um território e nem sempre supõe a existência de um Estado.Pode-se falar, portanto, de territorialidade sem Estado, mas é praticamente impossível nos referirmos a um Estado sem território.(Milton Santos, O Brasil, 2000)Das palavras de Milton Santos, podemos deduzir:a) Nação, Estado e território são categorias excludentes.
b) Não existe nação sem Estado.
c) A categoria território é imprescindível à existência de um Estado.
d) As fronteiras delimitam os territórios, mas não os Estados.
e) Um Estado é sempre composto por uma única nação.




15. Assinale a alternativa que reflete as condições sul-africanas:a) Com o fim do apartheid vários países europeus romperam relações com a África do Sul, o que provocou uma forte crise econômica.
b) A ascensão de novos países emergentes como a Nigéria tem provocado problemas sociais e econômicos à África do Sul.
c) Após um “boom” de crescimento pós-apartheid, a África do Sul tem apresentado vários problemas que se refletem na sociedade local.
d) O fraco crescimento econômico do país é um obstáculo à absorção dos negros no mercado de trabalho.
e) O fim da política do apartheid não conseguiu ainda promover de forma significativa a inclusão dos negros na economia.




16. (Unifacs) O perfil racial da Fundação Unipalmares é único na América do Sul e há poucas como ela no mundo. O projeto excita e atrai muita gente, como Jairo Abud, professor titular da Fundação Getúlio Vargas, que se apresentou à Unipalmares no início de 2005. A diretora, acanhada, disse que não teria como pagá-lo. Ele respondeu: “Não estou perguntando quanto ou como a senhora vai me pagar, estou dizendo que vou dar aula aqui”.Inevitável provocar a diretora sobre o tema da democracia racial: “Minhas opiniões sobre isso seaprofundaram. Hoje eu posso falar a partir de um conhecimento empírico. Eu discordava da democraciaracial de Gilberto Freyre, sacava as dificuldades do negro. A importância disto aqui é que nossos alunos têm uma melhoria macro: observo mudanças no modo de eles falarem, de se comportar, a postura, as roupas, o padrão de consumo. Eles começam a ler e selecionar o que lêem. Não importa o que aconteça daqui pra frente, nós já conseguimos fazer nosso aluno entender que aqui ele pode, e alguém da família dele pode também. Olha, estou vivendo a democracia racial pela primeira vez”.(ZIBORDI, 2007, p. 8).A questão racial no Brasil tem suas origens históricas na escravidão e na situação do negro após a Abolição. Ações políticas, como a da Unipalmares, representam, no contexto da sociedade brasileira,01) uma comprovação da existência da democracia racial no país, fruto da miscigenação étnica que deu origem ao povo brasileiro.
02) uma política de ação afirmativa, que, através de mecanismos compensatórios, busca corrigir uma injustiça social no país.
03) o reforço do preconceito racial, pois prova a incapacidade intelectual dos negros para ingressarem na universidade sem mecanismos facilitadores.
04) a tese de que a diferenciação ocorre por critérios sociais e não de cor, na medida em que não existem manifestações de racismo na sociedade brasileira.
05) um retrocesso, ao permitir o ingresso na universidade de pessoas desqualificadas, utilizando-se apenas do critério racial e nenhum mecanismo de aferição de conhecimento.




17. (Unifap) A partilha do continente africano no final do século XIX pelos colonizadores europeus criou as chamadas fronteiras artificiais. Grande parte destas fronteiras foi mantida após o processo de independência dos países africanos.Com base nesse contexto e nos conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar o que se segue.(01) A definição de fronteiras artificiais refere-se ao fato de que diversas nações e grupos étnicos, muitos deles rivais, foram colocados dentro de um mesmo território colonial, não respeitando as suas diferenças.
(02) Com o processo de descolonização da África e a manutenção das fronteiras artificiais, intensificaram-se os conflitos pela disputa de poder entre as etnias sobre o território.
(04) Dentro dessas fronteiras artificiais, no período entre as Grandes Guerras Mundiais, os EstadosUnidos e a União Soviética, interessados em aumentar sua influência no continente africano, financiaram e estimularam os conflitos.
(08) Além das fronteiras artificiais, outros fatores que têm motivado os conflitos dentro do território africano são os de ordem sócio-econômica (pobreza e epidemias) e ambiental (desertificação e estresse hídrico).




18. (Uece) Localizado no sudoeste do continente asiático, o Oriente Médio é um território limitado pelosmares Negro, Mediterrâneo e Vermelho, pelo Golfo Pérsico e pelo Mar Arábico, no Oceano Índico. Em termos geopolíticos é considerado como um barril de pólvora devido ao complexo e explosivo clima político, fundamentado por princípios religiosos que orientam permanentes conflitos. Sobre o território em questão, assinale o INCORRETO.a) Nele se concentra a maior riqueza do continente asiático. Localizados no Golfo Pérsico, os seus lençóis petrolíferos são considerados os maiores do globo terrestre.
b) A Faixa de Gaza e a Cisjordânia constituem as principais áreas de conflitos entre árabes e judeus, palcos de sangrentas manifestações travadas entre radicais islâmicos, bem como, de radicas israelitas que não desejam a formação de um estado palestino.
c) O fundamentalismo islâmico, cujo ideário é a revogação dos costumes modernos e a aplicação da lei corânica à vida cotidiana, bem como, uma rejeição completa ao mundo moderno, galgaram o cenário político do Oriente Médio, a partir da Revolução Xiita iraniana, em 1979.
d) Com exceção do Líbano, onde a maioria da população segue o judaísmo, os demais países do Oriente Médio professam o islamismo como religião.


GABARITO1. C2. C3. B4. E5. D6. FFVF7. E8. E9. A10. A11. D12. B13. A14. C15. E16. 0217. 11 (01+04+08)18. D

3ªS SÉRIES - CINCO MAIS SIGNIFICATIVAS RELIGIÕES DO MUNDO

Resumo das religiões seus conceitos e suas características, curiosidade que se acentuou apos a invasão Estadunidense no Iraque.

Conheça o cristianismo, a religião de Jesus

O cristianismo é uma das chamadas grandes religiões. Tem aproximadamente 1,9 bilhão de seguidores em todo o mundo, incluindo católicos, ortodoxos e protestantes. Cristianismo vem da palavra Cristo, que significa messias, pessoa consagrada, ungida. Do hebraico mashiah (o salvador) foi traduzida para o grego como khristos e para o latim como christus.A doutrina do cristianismo baseia-se na crença de que todo o ser humano é eterno, a exemplo de Cristo, que ressuscitou após sua morte. A fé cristã ensina que a vida presente é uma caminhada e que a morte é uma passagem para uma vida eterna e feliz para todos os que seguirem os ensinamentos de Cristo, baseados na fraternidade e no amor ao próximo.Os ensinamentos estão contidos na Bíblia, dividida entre o Antigo e o Novo Testamento.O Antigo Testamento trata da lei judaica, ou Torah. Começa com relatos da criação e é todo permeado pela promessa de que Deus, revelado a Abraão, a Moisés e aos profetas enviaria à Terra seu próprio filho como Messias, o salvador.O Novo Testamento contém os ensinamentos de Cristo, escritos por seus seguidores. Os principais são os quatro evangelhos ("mensagem", "boa nova"), que são quatro versões mais ou menos semelhantes da vida de Cristo, escritas pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João. Também inclui os Atos dos Apóstolos (cartas e ensinamentos que foram passados de boca em boca no início da era cristã, com destaque para os textos de São Paulo) e o Apocalipse (texto até hoje polêmico e que narra, basicamente, como seria ao fim do mundo).O nascimento do cristianismo se confunde com a história do império romano e com a história do povo judeu. Na sua origem, o cristianismo foi apontado como uma seita surgida do judaísmo.Quando Jesus Cristo nasceu, na pequena cidade de Belém, próxima a Jerusalém, os romanos dominavam a Palestina. Os judeus viviam sob a administração de governadores romanos e, por isso, aspiravam pela chegado do Messias, apontado na Torá como o enviado que os libertaria da dominação romana.Segundo a Bíblia, até os 30 anos Jesus viveu anônimo em Nazaré, cidade situada no norte do atual Israel. Aos 33 anos seria crucificado em Jerusalém e ressuscitaria três dias depois. Em pouco tempo reuniu seguidores (os 12 apóstolos) e percorreu a região pregando sua doutrina e fazendo milagres, como ressuscitar pessoas mortas e curar cegos, o que lhe garantiu rápida popularidade.Mas, para as autoridades religiosas judaicas ele era um blasfemo, por não seguir à risca os ensinamentos da Torah. Também não dava mostras de que seria o líder que libertaria a região da dominação romana. Ele apenas pregava paz, amor ao próximo. Para os romanos, era um agitador popular, que não reconhecia a divindade do imperador de Roma.Após ser preso e morto, a tendência era de que seus seguidores se dispersassem e seus ensinamentos fossem esquecidos. Ocorreu o contrário. É justamente nesse fato que se assenta a fé cristã. Como haviam antecipado os profetas no Antigo Testamento, Cristo ressuscitou, apareceu a seus apóstolos que estavam escondidos e ordenou que se espalhassem pelo mundo pregando sua mensagem de amor e paz. Apóstolo quer dizer enviado.O cristianismo firmou-se como uma religião de origem divina. Seu fundador era o próprio filho de Deus, enviado como salvador e construtor da história junto com o homem. Ser cristão, portanto, seria engajar-se na obra redentora de Cristo, tendo como base a fé em seus ensinamentos.Rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do Mediterrâneo e chegou ao coração do império romano. São Pedro, um dos 12 apóstolos, se tornou o primeiro bispo de Roma e o primeiro papa. A ele, Jesus teria dito: "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja". Igreja significa reunião.A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi obra especialmente do apóstolo Paulo, que não era um dos 12 e teria sido chamado para a missão pelo próprio Jesus. As comunidades cristãs se multiplicaram. Surgiram rivalidades. Em Roma, muitos cristãos foram transformados em mártires, comidos por leões em espetáculos no Coliseu, como alvos da ira de imperadores atacados por corrupção e devassidão.Em 313, o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e concedeu liberdade de culto, o que facilitou a expansão da doutrina por todo o império. Antes de Constantino, as reuniões ocorriam em subterrâneos, as famosas catacumbas que até hoje podem ser visitadas em Roma.O cristianismo, mesmo firmando-se como de origem divina, é, como qualquer religião, praticado por seres humanos com liberdade de pensamento e diferentes formas de pensar.Assim, à medida que foi ganhando terreno, também enfrentou rachas -sua grande ferida viva do passado e do presente.Desvios de percurso e situações históricas determinaram os rachas que dividiram o cristianismo em várias confissões (as principais são as dos católicos, protestantes e ortodoxos).O primeiro grande racha veio em 1054, quando o patriarca de Constantinopla, Miguel Keroularios, rompeu com o papa, separando do cristianismo controlado por Roma as igrejas orientais, ditas ortodoxas. Bizâncio e depois Constantinopla (a Istambul de hoje, na Turquia), seria até 1453 a capital do império romano do Oriente, ou Império Bizantino.O império romano do Ocidente já havia caído muito tempo antes, em 476, marcando o início da Idade Média. E foi justamente na chamada Idade Média, ainda hoje um dos períodos mais obscuros da história, que o cristianismo enfrentou seus maiores desafios, produzindo acertos e erros.Essa caminhada culminou com o segundo grande racha, a partir de 1517. O teólogo alemão Martinho Lutero, membro da ordem religiosa dos Agostinianos, revoltou-se contra a prática da venda de indulgências e passou a defender a tese de que o homem somente se salva pela fé. Lutero é excomungado e funda a Igreja Luterana. Não reconhece a autoridade papal, nega o culto aos santos e acaba com a confissão obrigatória e o celibato dos padres e religiosos. Mas mantém os sacramentos do batismo e da eucaristia.Mais tarde, a chamada Reforma Protestante deu origem a outras inúmeras igrejas cristãs, cada uma com diferentes interpretações de passagens bíblicas ou de ensinamentos de Cristo.Atualmente, está em curso um movimento de reunificação cristã. Teve início há cerca de 40 anos, a partir do famoso Concílio Vaticano II (1962-1965) promovido pela Igreja Católica. Cresce a percepção de que o cristianismo precisa restabelecer sua unidade.O chamado ecumenismo envolve o diálogo do cristianismo também com as outras grandes religiões, como o islamismo, o judaísmo, o hinduísmo e o budismo.O caminho será longo, mas a hora é a de acabar com fanatismos, que nada têm de religioso e são origem de tantos males.

Saiba mais sobre o Islamismo, a religião de Allah

O islamismo é a religião que mais cresce no mundo: 15% ao ano. São hoje mais de 1,2 bilhão de pessoas (7 milhões só nos EUA). Uma em cada cinco pessoas na Terra é muçulmana, outro nome dado aos seguidores do islamismo.Essa religião nasceu com a revelação do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão. Foi revelado ao profeta Muhammad por volta de 622 d.C., em Meca (Arábia Saudita). Muhammad (570-632 a.C) recebeu e recitou o Alcorão aos seus companheiros, que o escreveram. A religião mais conhecida era, até então, a dos cristãos (e, em menor número, a judaica). Muhammad recebeu a palavra diretamente de Deus, como Abrahão, Moisés e Jesus. Assim como a Bíblia, o Alcorão também ensina que há apenas um Deus, que existe céu (com anjos) e inferno (com demônios), e que sua lei deve ser seguida à risca. Também é repleto de metáforas, provérbios e sentenças, que podem ser bem ou mal interpretados. Para os seguidores dessa religião, Jesus Cristo foi realmente um profeta enviado por Deus, mas sua missão não teria chegado ao final. Sua palavra não foi compreendida e aceita pelos judeus. Por isso houve a necessidade que viesse um outro profeta, que teria contato direto com o Onipotente. Ele veio completar a mensagem de Jesus, diz a tradição. Esse homem que traria a lei divina foi Muhammad, cujo nome foi traduzido incorretamente para o português como Maomé. A religião de Allah (como Deus é chamado pelos islâmicos) não aceita adoração de imagens e nem música instrumental, apenas percussão. Tampouco permite sexo antes do casamento. Mas, pelas leis religiosas, o homem pode casar com até quatro mulheres. Também como há um aviso divino no último livro da Bíblia, para que nenhuma palavra ou letra seja alterada, retirada ou incluída (no Apocalipse de São João, 22, 18-19), o mesmo acontece com o Alcorão. Como foi ditado por Deus, nenhum ser vivo pode tocar em seu texto original. Todo muçulmano que tiver saúde e dinheiro suficiente deve ir pelo menos uma vez na vida até Meca, na Arábia Saudita, onde está a Mesquita Sagrada. Lá, o fiel deve dar sete voltas em torno da primeira grande edificação sagrada, a Caaba. Há outras atividades e locais que devem ser visitados, como o Monte Arafat e a cidade de Medina _para onde Muhammad migrou quando foi perseguido em Meca. Essa saída de Muhammad de Meca é chamada de hégira ("migração") e marca o início do calendário muçulmano. Marca o momento em que todo um povo pagão passou a seguir os preceitos do islamismo. O ano muçulmano é medido pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra. Numa média, seu ano é 11 dias menor que o nosso ano solar. Em 26 de março de 2001, entramos no ano 1422 de seu calendário. Durante o controle de Meca, surgiu com força a idéia e sensação coletiva de que todos os muçulmanos são irmãos e que devem combater todos os homens até que reconheçam que só há um Deus. Cinco pilaresO Islamismo tem cinco fundamentos obrigatórios para quem quer segui-lo à risca:1) Testemunhar que só há um Deus2) Rezar cinco vezes ao dia3) Dar 2,5% de seu lucro líquido para as pessoas mais carentes4) Jejuar no mês de Ramadã5) Peregrinação à MecaEm outra semelhança com o mundo cristão, os muçulmanos também sofreram uma cisão, como a que ocorreu entre católicos e protestantes. No seu caso, a divisão é entre os sunitas e xiitas, que disputam o direito à sucessão de Muhammad. Só que os sunitas representam 90% dos muçulmanos no mundo.Assim como no cisma cristão, um dos motivos da luta entre sunitas e xiitas é saber quem deveria liderar o islamismo depois da morte do profeta, e também quem teria a "propriedade" da interpretação correta da palavra de Deus. Mas, na verdade, a palavra é uma só.

Conheça um pouco da história do Judaísmo

A história do judaísmo começa com Abrahão, por volta do ano 2.100 a.C. Abrahão morava na Mesopotâmia quando recebeu uma mensagem de Deus ordenando-o a abandonar sua terra natal e a seguir para um novo local, onde seria "fundado" o povo de Deus. A esse povo Deus garantiu bençãos, favores e sua predileção. O local escolhido foi a terra de Canaã.Abrahão obedeceu e partiu. Mais tarde, quando morreu, seu poder foi passado ao filho Isaac e deste para Jacob, que por sua vez o dividiu entre seus 12 filhos. Um deles era José, que mais tarde seria vendido como escravo ao faraó, rei do Egito. José era tão sábio e foi tão querido pelo faraó (rei do Egito) que ganhou um cargo e poderes imensos: chegou a ser uma espécie de vice-rei. Imediatamente José tratou de dar a seus irmãos mais terras, para que as cultivassem. Assim os israelitas começaram a prosperar. Esse foi o problema: prosperaram tanto e se tornaram tão ricos e tão numerosos que assustaram o reino egípcio. Resultado: foram subjugados militarmente e submetidos à escravidão. O faraó ainda não estava satisfeito. Pretendia interromper de forma definitiva sua expansão: decidiu que todos os varões que nascessem nas famílias israelitas deveriam ser mortos. E assim foi feito, e de forma cruel. Às meninas, no entanto, era dado o direito à vida. Um desses bebês, cujo destino certo era a morte, foi escondido por seus pais dos soldados egípcios. Os pais conseguiram isso durante três meses. Quando a vida do bebê passou a correr perigo iminente, seus pais o colocaram numa cesta e o soltaram no rio Nilo. Quis o destino que uma das filhas do faraó visse o cestinho boiando nas águas e ouvisse o choro do bebê. Ela tratou de resgatá-lo e o menino ganhou o nome de Moisés, ou Moschê, que pode significar "retirado" ou "nascido das águas". Moisés cresceu e estudou dentro do reino egípcio, sempre muito bem tratado, apesar de sua salvadora saber que era filho de hebreus.Um dia, enquanto ainda vivia no reino, Moisés foi visitar seus "irmãos" hebreus e viu um deles ser ferido com crueldade por um egípcio. Irado, Moisés matou o egípcio e escondeu seu corpo na areia. Mas as notícias correram rapidamente: o faraó soube do crime e decidiu mandar matar Moisés. No entanto, ele conseguiu fugir para a terra de Madiã. Foi ali que ele conheceria sua primeira mulher, filha do sacerdote local, chamada Séfora. Ela lhe deu um filho, que ganhou o nome de Gerson (que significa "hóspede")."Porque sou apenas um hóspede em terra estrangeira", diz Moisés no capítulo 2, versículo 22 do Êxodo. Passaram-se os anos, o faraó que perseguia Moisés morreu, mas os israelitas (ou hebreus) continuavam sob o jugo egípcio. Diz a Bíblia que Moisés se compadeceu do sofrimento de seu povo e clamou a Deus pelos seus irmãos. Deus o ouviu. Deus apareceu para Moisés pela primeira vez numa fogueira de sarça, feita no monte Horeb. E lhe disse: "(...) Eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. Vai, te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo (Êxo, 3, 9-10)." Apesar de achar que nem o novo faraó nem seus próprios irmãos acreditariam nele, Moisés fez o que Deus mandou. Voltou ao Egito e contatou o faraó. Este parecia inabálavel na decisão de manter os hebreus escravos.O faraó só mudou de idéia depois que viu seu reino ser atingido por dez pragas enviadas diretamente por Deus. Finalmente, ele permitiria a libertação dos israelitas. Na verdade, foi uma expulsão. É aí que começa a primeira grande movimentação de um povo na história. A Bíblia fala em 600 mil vagando pelo deserto durante 40 anos, em direção à terra prometida. Atravessaram o golfo ocidental do Mar Vermelho. Nasce o JudaísmoDurante essas quatro décadas Deus comunicou-se diretamente com Moisés e deu todas as leis a serem seguidas por seu "povo eleito". Os dez mandamentos, o conjunto de leis sociais e penais, as regras dos alimentos, os direitos sobre propriedades... Enfim, tudo foi transmitido por Deus a Moisés, que retransmitia cada palavra ao povo que o seguia. Era o nascimento do Judaísmo. A missão não foi fácil nem para Deus: durante os 40 anos que "acompanhou" os israelitas no deserto, o Todo-Poderoso voltou a constatar os terríveis defeitos da natureza humana. Cansados, sem esperança e desconfiados de Moisés, muitos iriam atacá-lo e criticá-lo. A incredulidade e a desobediência dos israelitas eram tamanhas que, algumas passagens, Deus pondera em destrui-los e a dar a Moisés outro povo (a primeira vez que Deus "lamenta" ter criado a raça humana está em Genesis 6, 6).Mas Moisés não queria outro povo. Clamou novamente a Deus para que perdoasse os erros dos israelitas. Era com eles que queria seguir até a terra prometida. Deus aquiesceu. Moisés levou a cabo sua missão. Subiu as planícies de Moab ao monte Nebo, em frente a Jericó (hoje uma área sob controle palestino) e legou aos seus descendentes o Torah (o Velho Testamento). "Eis a terra que jurei a Abraão, Isaac e a Jacó dar à tua posteridade. Viste-a com os teus olhos, mas não entrarás nela (disse Deus). E Moisés morreu." (Deut, 34, 4-5). "Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face." (Deut, 34, 10). E os judeus passaram a seguir apenas as leis do Torah. Jesus Cristo não é aceito como filho de Deus, como diz o Novo Testamento, conjunto de livros que é desconsiderado pela religião judaica.

Saiba mais sobre o Hinduísmo

A religião dos deuses Hinduísmo, mais do que uma simples religião, é um complexo conjunto de doutrinas e práticas religiosas que surgiram na Índia cerca de 4.000 anos atrás. Em sânscrito a palavra hinduísmo escreve-se "sanatana dharma", que significa "a lei permanente". São cerca de 650 milhões de adeptos dessa religião no mundo. A base do hinduísmo está nos chamados Quatro Livros Sagrados dos Vedas (Rigveda, Samaveda, Yajurveda e Artharvaveda). O conhecimento que deu origem a esses livros possivelmente vinha pela tradição oral e talvez até pela pintura. No século 10, foram compilados. A origem dos Vedas seria um povo ário de origem indo-européia, que teria chegado à região dos rios Indo e Ganges cerca de 3.500 anos atrás e lá se estabelecido. O hinduísmo é uma das primeiras religiões a ter como fundamento a crença na reencarnação e no carma, bem como na lei de ação e reação _que milhares de anos depois, no século 19, seria encampada pelo espiritismo. Para os hindus, tudo reencarna. Não só pessoas, mas animais também. Assim como o islamismo e o cristianismo, o hinduísmo também ganhou status de ordem política, já que ele ensina que a lei (dharma) criou os humanos e a própria natureza sob um sistema de castas. Cada indivíduo pertence à casta que merece. Quanto mais alta a casta, em tese, maior evolução espiritual essa pessoa tem. A religião não busca a felicidade neste mundo. Sua principal orientação é para que o homem se liberte de todo o carma e das reencarnações, e atinja um estado conhecido como nirvana. O Paraíso bíblico, para os hindus, é esse. Para atingir esse "lugar" é necessário praticar ioga e meditação diariamente, por toda a vida. e fazer o bem, claro. Trata-se de uma religião politeísta (com vários deuses e deusas). Entre eles Brahma, o deus principal e criador, que com Shiva e Vishnu. Formam a tríade divina ("traduzindo" para os cristãos, Pai, Filho e Espírito Santo); também há Varuna, o deus dos deuses; Agni (patriarca dos homens e deus do fogo) e muitos outros, como a deusa Maya (ilusão), que comanda este mundo "ilusório". Ratos, vacas e serpentes são animais considerados sagrados. Por isso, ratos se tornaram uma praga praticamente indestrutível na Índia onde calcula-se que haja cerca de 3,5 bilhões deles, mais de três vezes a população do país. Segundo a tradição, Brahma teve quatro filhos que deram origem às quatro castas: brâmanes (os que saíram da boca de Brahma), são a mais elevada; os xátrias (os que saíram dos braços de Brahma), que são os guerreiros; os vaicias (os que saíram das pernas de Deus ou Brahma), são os camponeses e comerciantes; os sudras (aqueles que saíram dos pés de Brahma), são os servos e escravos. Os párias, a quinta categoria, não são uma casta. São pessoas que cometeram "crimes" e que desobedeceram às leis sagradas. Seus filhos automaticamente são párias também. Socialmente são considerados um "nada". A eles é proibido viver nas cidades e até mesmo ler qualquer um dos livros sagrados.


Budismo

China e no Tibet por motivos políticos. Em outros países asiáticos, porém, ele passou por uma fase de renovação, associando-se muitas vezes a movimentos nacionalistas. O reavivamento do budismo na Índia teve início em fins do século XIX, com a fundação da Sociedade Mahabodhi pelo missionário cingalês Anagarika Dharmapala. Mais tarde, Ambedkar associou o budismo ao movimento contra as castas, apelando para que os párias ou intocáveis se convertessem ao budismo. Gandhi, Tagore, Nehru e outros líderes demonstraram grande simpatia pela doutrina budista. No Ocidente, onde seu estudo sistemático ocorreu a partir do século XIX, o budismo teve boa acolhida, chegando mesmo a se formarem pequenas comunidades.

Budismo no Japão

O movimento budista adquiriu no Japão características de uma verdadeira religião oficial. Os primeiros templos foram construídos pela corte imperial ou pela nobreza e os monges eram a princípio considerados funcionários estatais. Graças a sua associação com o poder, o budismo era procurado não por sua doutrina, mas pelos rituais mágicos dispensadores de prosperidade e saúde. Fundindo-se com elementos da religião nativa, o budismo deu origem a um sincretismo búdico-xintoísta que subsiste na época moderna.

0 Budismo no Sudeste Asiático

No Século III a.C., o budismo foi introduzido no Sudeste Asiático pelo filho do imperador indiano Açoka, príncipe Mahinda, que o difundiu na ilha de Ceilão, onde a doutrina logo obteve grande aceitação. Posteriormente, dividiu-se em três escolas. Por iniciativa dos reis budistas da ilha foi feita uma compilação das escrituras em línguas páli. No século V, os letrados Budaghosa e Dhammapala escreveram grande número de comentários e textos filosóficos, disseminando ainda mais o budismo. No século XI, os cholas da Índia meridional invadiram o Ceilão e eliminaram o budismo, que foi depois reintroduzido a partir da Birmânia. A forte colonização portuguesa, holandesa e inglesa não conseguiu eliminar o budismo na região. Ao contrário, a partir de 1756, com a chegada de dez líderes monásticos tailandeses, o movimento chegou a ter um reflorescimento no Sudeste Asiático, tornando-se a mais importante religião do Ceilão. Na Birmânia ele penetrou por volta do século V, inspirando a construção de inúmeros templos. Quando os mongóis invadiram o país no século XIII, o budismo sofreu um revés, mas conseguiu sobreviver em algumas regiões, e é hoje bastante difundido no país.

Budismo no Tibet e na Mongólia

As tribos tibetanas tinham, no início, um culto primitivo como religião, o Bon-po. O budismo só chegou à região a partir da Índia e do Nepal no século IV da era cristã. Mas seu reconhecimento oficial só ocorreu no século VII, quando os textos budistas foram traduzidos através de um alfabeto tibetano, composto especificamente para isto. No século XV, o monge Tsong-Kha-Pa introduziu reformas: criou uma comunidade que usava gorros amarelos, em oposição aos conservadores, que usavam gorros vermelhos. Os dalai-lamas, os dirigentes máximos dos gorros amarelos, começaram, então, a exercer o poder temporal. No século XVII, teve início o movimento missionário na Mongólia, na Manchúria e no norte da China, estendendo-se, no século seguinte, aos confins da Sibéria oriental.

Budismo na China

Embora criticado pelas escolas de pensamento chinesas, o budismo, desde a sua introdução na China, logo se adaptou à índole e cultura do país, sem perder suas características fundamentais. Enorme foi sua influência sobre os usos, os costumes e até mesmo sobre as próprias escolas filosóficas chinesas. Muitas doutrinas apenas esboçadas no budismo indiano foram desenvolvidas e aprofundadas na China. Apesar dessa nítida influência, existe uma controvérsia sobre a época da introdução do budismo nesse país. Apontam-se os anos 2 e 65 da nossa era, como as datas mais prováveis. Na segunda metade do século I, monges budistas chegados da Ásia central pregavam o Dharma na capital e nas províncias, sob proteção do imperador. A absorção do budismo pelos chineses foi facilitada pela semelhança de alguns de seus conceitos com as idéias do taoísmo. Contudo, o celibato dos monges e seu afastamento das atividades produtivas chocavam-se com os princípios básicos da ética familiar e do pensamento social e político da China, o que provocou numerosas críticas, longas polêmicas e mesmo perseguições.

Budismo no Ocidente e no Brasil

Datam do período helenístico as primeiras aproximações do budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de Buda. Marco Polo, em seu livro de viagens, apresenta um resumo da vida de Çakyamuni (outro nome de Buda) em sua descrição da ilha de Ceilão. Na França, no século XIX, começou o estudo filosófico do budismo. Na Inglaterra e na Alemanha também houve uma concentração de estudos sobre o budismo científico. Em 1845, Jean-Louis Burnouf publicou sua importante Introduction à l'histoire du bouddhisme indien (Introdução à história do budismo indiano), livro que teve grande repercussão. Max Müller, na Inglaterra, publicou, pela Universidade de Oxford, sua coleção de livros sagrados do Oriente. Teve muita importância também para a divulgação do budismo o poema "The Light of Asia" ("A luz da Ásia"), de Edwin Arnold, publicado em 1879. Nos Estados Unidos, o coronel H. S. Olcott, defensor de um sincretismo entre as principais tradições religiosas ocidentais e orientais, estudou o budismo e o difundiu entre os americanos. Em 1906 fundou-se a Sociedade Budista da Inglaterra; em 1929, por iniciativa de uma budista americana, Constance Lounsbery, foi criada uma instituição semelhante na França. No Brasil, na década de 1920, formou-se um primeiro grupo de budistas, radicado no Rio de Janeiro, liderados por Lourenço Borges. Murilo Nunes de Azevedo, em 1955, reavivou-o, juntamente com o escritor Nelson Coelho, mais ligado ao budismo Zen. Após a segunda guerra mundial os budistas imigrantes se organizaram no Brasil, com centros de atuação em São Paulo e Rio de Janeiro.

MATERIAL DE ESTUDO ORIENTADO

ESTAS ATIVIDADES FAZEM PARTE DE UM CONJUNTO DE TEXTOS, MAPAS, EXERCÍCIOS E GRÁFICOS QUE SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA, COMPÕEM O MATERIAL DE ESTUDOS ORIENTADO.

BOM TRABALHO

domingo, 23 de agosto de 2009

2ªS SÉRIES - AGRICULTURA E ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO BRASIL

2ªS SÉRIES







1. Introdução
Paralelamente ao desenvolvimento industrial urbano do País, a agropecuária passa a desempe-nhar funções fundamentais para a sociedade, notada-mente: fornecer matéria-prima para as indústrias, gerar empregos, fornecer combustíveis, produzir alimentos, gerar divisas cambiais via exportações, entre outras.
Composição do PIB


Fonte: IBGE

Pela tabela, verifica-se que a agropecuária em 2000 era responsável por 7,75% do PIB, evidenciando a transição do modelo econômico do Brasil de agroexportador para subdesenvolvido industrializado. Em suma, com o avanço da indústria, a agropecuária fica mais dependente e subordinada aos interesses dos grandes capitais.
Ocorre, portanto, a penetração do capitalismo no campo, aumentando a mecanização da lavoura, o que implica elevação da produtividade e necessidade de menos mão-de-obra, fator gerador de desemprego. Ocorre a valorização das culturas mais lucrativas, especialmente aquelas de exportação, como soja e laranja, desvalorizando as culturas voltadas para a alimentação interna, como feijão e milho.
Atualmente, o meio rural ganha novas funções agrícolas e não-agrícolas, oferecendo empregos, como no reflorestamento (
sivicultura), garimpo, turismo rural etc. Os motivos dessa mudança estrutural estão relacionados à concentração fundiária e à modernização do campo, exemplificada pela mecanização.


2. Estrutura Fundiária


CHARGE

A estrutura fundiária é a forma como estão organizadas as propriedades agrárias de um país ou região, isto é, a classificação dos imóveis rurais segundo o número, tamanho e distribuição social.
Numero de estabelecimentos rurais


Area de estabelecimentos



Fonte: IBGE 2000

Pelos gráficos, nota-se uma enorme concentração de terras. De um total de 6 milhões de propriedades, 53,05% ocupam 3,10% da área, enquanto 1,42% dos estabelecimentos (mais de 1000
ha), ocupam 43,48% da área. Portanto, ocorre uma extrema concentração na propriedade da terra, com um reduzido número de proprietários concentrando imensa área e um grande número de pequenos proprietários, que possuem parcelas insuficientes para o sustento de suas famílias. Para complementar a renda, pequenos proprietários trabalham temporariamente nas grandes propriedades. Com o tempo, há uma concentração fundiária, pois a terra fica insuficiente para a família em crescimento e o grande proprietário compra essas pequenas propriedades, por preços irrisórios.
A origem da péssima distribuição de terras no País está em seu passado colonial de exploração, articulado inicialmente por Portugal. Os primeiros latifúndios foram as capitanias hereditárias, que inseriram o Brasil no sistema colonial mercantilista. Portanto, desde o início, o País mostrava sua tendência latifundiária, notadamente exemplificada pelo sistema de plantation, com a cana-de-açúcar no litoral nordestino.
O grande marco histórico foi a Lei das Terras, de 1850, que praticamente instituiu a propriedade privada da terra no Brasil, determinando que as terras públicas ou
devolutas só podiam ser adquiridas por meio de compra favorecendo os abastados proprietários rurais.

3. Classificação dos Imóveis Rurais

Na década de 1960, devido ao descontentamento social rural motivado pela péssima distribuição de terras, o regime militar criou o Estatuto da Terra (1964), surgindo o conceito de módulo rural: “é o modelo ou padrão que deve corresponder à pro- priedade familiar”. Com base nesse conceito, posteriormente, o Incra, Instituto Nacional de Coloni- zação e Reforma Agrária, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, criou o conceito de módulo fiscal: “unidade de medida expressa em hectares,- - - -fixada para cada região, considerando vários fatores, como o tipo de exploração predominante no município e a renda obtida com a exploração predominante.”
Portanto, o tamanho do módulo fiscal depende de cada região, sendo usado pelo IBGE para classificar os imóveis rurais quanto ao tamanho:
● Minifúndio: área inferior a um módulo fiscal.
● Pequena propriedade: área entre um e quatro módulos fiscais.
● Média propriedade: área superior a quatro e até quinze módulos fiscais.
● Grande propriedade: área superior a quinze módulos fiscais.
Outro aspecto importante do Estatuto da Terra é que, teoricamente, o trabalhador rural ganhou uma proteção legal, representada pelo salário mínimo, férias remuneradas, previdência e 13o salário. Mas, na prática, os fazendeiros “fugiam” dessa mudança, passando a contratar trabalhadores temporários, surgindo a figura do bóia-fria.


4. Subutilização do Espaço Rural


Também conhecida por subaproveitamento do espaço agrícola, ou seja, da área total do país, apenas 30% tem agropecuária. O restante são terras que contêm matas, áreas urbanas, pântanos, areais etc. Mas, o lamentável são os imóveis improdutivos no País, isto é, terras sem plantações, evidenciando uma especulação e uma megalomania rural entre as elites brasileiras, pela qual a projeção social e o prestígio político estão relacionados a posse de grandes áreas de terra.
É, portanto, a ideologia sonhada por milhões de brasileiros, ter a “casinha” no campo, com sentido de lazer e fuga da cidade, alimentando a improdutividade num País marcado pelo desemprego e fome da maioria. Observe, a gravidade da improdutividade no País pela tabela, mostrando que ela aumenta nas áreas mais atrasadas.

Imóveis rurais

Fonte: Incra, 2000


Exercícios Resolvidos


01. (Fuvest-SP) A atividade agrícola brasileira está:
a) cada vez mais dependente dos capitais agroindustriais urbanos.
b) dirigida para o abastecimento interno de gêneros alimentares.
c) voltada para a produção de culturas tropicais perenes.
d) em expansão, graças à transformação de latifúndios em pequenas propriedades.
e) diminuindo sua área cultivada nestes últimos vinte anos.
Resposta: A
A atividade agrícola brasileira está cada vez mais dependente dos capitais agroindustriais urbanos, em razão da crescente diversificação do capital urbano e de seu interesse em investir pesadas somas em produtos agrícolas voltados à exportação.


02. (Vunesp) Examine a tabela
Distribuição dos estabelecimentos agrícolas

No que se refere à distribuição da terra rural no Brasil, os dados da tabela permitem afirmar que:
a) a distribuição da terra rural é eqüitativa.
b) mais de 10% da terra rural correspondem aos estabelecimentos com mais de 100 hectares.
c) são os estabelecimentos de 10 a menos de 100 hectares que correspondem à maior parte da terra rural.
d) são os estabelecimentos com menos de 10 hectares que correspondem à maior parte da terra rural.
e) são os estabelecimentos com mais de 100 hectares que correspondem à menor parte da terra rural.
Resposta: B
Observe a desproporcional distribuição de terras no Brasil.


5. A Questão Agrícola


Os conflitos sociais no campo brasileiro decorrem de um histórico processo de
espoliação e expropriação do campesinato. A extrema concen-tração fundiária demonstra o desprezo do grande capital para com o camponês e é representada pelo número reduzido de proprietários, concentrando imensa área e, por outro lado, um grande número de pequenos proprietários com terras insuficientes para o sustento de suas famílias.
A modernização resolveu a questão agrícola do país, pois ocorreu um extraordinário aumento da produção agropecuária, com grandes safras, notadamente explicadas pelas inovações tecnoló-gicas. Mas a questão agrária não foi resolvida, e pior, foi agravada, porque nossas elites despreza-ram o destino dos não contemplados (camponeses) pela modernidade, surgindo uma resistência que reivindica a reforma agrária.
Em suma, a modernização do campo foi desigual, conservadora e capitalista, mantendo a concen-tração de terras, com latifúndios improdutivos, provocando uma subordinação total do camponês ao grande capital. A razão dessa dependência ‘’é que no sistema capitalista a propriedade rural visa, em primeiro lugar, ao lucro e não à utilização produtiva da terra, podendo deixar a terra inexplorada, isto é, utilizá-la apenas como negócio de compra e venda.

Erasmo


6. Reforma Agrária

Teoricamente representa o fim da concentração fundiária brasileira, com redistribuição das terras, rompendo definitivamente com o passado colonial de exploração. Alguns intelectuais apontam que a primeira e, ao mesmo tempo, a última reforma foi no século XVI, com as capitanias hereditárias, que introduziu os latifúndios, os quais resistem até os dias atuais.
Em razão do poder político das oligarquias rurais, a reforma agrária começou a ser discutida após a Segunda Guerra Mundial, inicialmente, por meio de comissões , que fracassaram. Na década de 1960, surgiram as primeiras tentativas no governo de João Goulart, frustradas pelo golpe militar de 1964. Neste mesmo ano, surgiu o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) com a responsabilidade de aplicar o Estatuto da Terra, que provocou um aumento dos trabalhadores temporários, pois os fazendeiros não aceitaram as garantias trabalhistas do trabalhador do campo.
Mais tarde, em 1985, foi criado o Ministério da Reforma Agrária aplicando o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), do governo Sarney; e, em 1988, a reforma agrária foi inscrita na Constituição, deixando a cargo do Ministério da Agricultura a responsabilidade de promovê-la.

A Reforma Agrária na Constituição de 1988
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será prevista em lei.


Portanto, a reforma é um processo no qual o governo desapropria terras não aproveitadas, cedendo-as para agricultores que desejem trabalhá-la. Mas, para obter sucesso, a reforma deve ser acompanhada por várias medidas como: assistência técnica permanente, educação, financiamento de equipamentos, política de preços mínimos, infra-estrutura de transporte, armazenagem, telefonia e eletrificação rural. Em vários casos, isto não acontece, explicando-se o abandono posterior das terras distribuídas. Como o governo é lento e burocratizado, surgem os conflitos rurais, marcados pela violência.
Mortes em conflitos no campo


Fonte: Geoatlas, Mortes em conflitos no campo, p. 85-96.


7. Personagens



Bóia-fria: essa denominação decorre do fato de tais trabalhadores comerem fria a refeição que levam de casa, pois no local de trabalho não existem instalações para esquentar a comida. O nome correto do trabalhador diarista é volante ou assalariado temporário; ele reside normalmente nas cidades e trabalha no campo, em geral nas colheitas. Esse tipo de trabalhador teve crescimento numérico, devido à mecanização no cultivo de certos produtos, o que diminuiu a necessidade de mão-de-obra no cultivo, mas aumentou na época da colheita.
Posseiro: indivíduo que se apossa de uma terra que não lhe pertence, geralmente plantando para o sustento familiar.
Grileiro: indivíduo que falsifica títulos de propriedade, para vendê-los como se fossem autênticos, ou para explorar a terra alheia.
Parceiros: pessoas que trabalham numa parte das terras de um proprietário, pagando a este com uma parcela da produção que obtêm , ficando com metade (meeiros) ou com a terça parte (terceiros).
Arrendatários: pessoas que arrendam ou alugam a terra e pagam ao proprietário em dinheiro.
Peões: surgiram na década de 1970, com as fronteiras agrícolas em direção ao norte. São contratados fora da Amazônia, em geral no Nordeste, pelos intermediários (“gatos”), que iludem esses trabalhadores e, por causa de dívida por alimentação nos armazéns dos latifúndios, são escravizados, sendo impedidos de deixar o serviço.



8. Conflitos



A violência rural brasileira evidencia a necessidade de reformas, para corrigir graves distorções como a concentração fundiária, a

prevalência da produção de gêneros para a exportação e a ganância dos grileiros, que contratam jagunços para invadir terras devolutas ou terras ocupadas por posseiros, expulsando-os. Até as reservas indígenas não escapam da violência, e também são vítimas do avanço do capital no campo.
A resistência à concentração de terras aumentou nas décadas de 1970 e 1980, surgindo, em 1984, o Movimento dos Trabalhadores rurais sem Terra (MST), entidade criada para se fazer uma reforma agrária rápida e justa. As invasões em terras improdutivas

questionam a estrutura fundiária ultrapassada, mas também ocorrem invasões políticas em terras produtivas, deixando a questão polêmica. Por outro lado, os fazendeiros criaram a União Democrática Ruralista (UDR), cujo objetivo é defender o direito à propriedade privada, garantido pela Constituição. O resultado foi o aumento dos conflitos, associado ao governo omisso e incapaz de equacionar a questão agrária do país, evidenciada pelo próprio aumento dos conflitos.
Os conflitos fundiários no Brasil





Fonte: Adaptado de: Thery, H. Brésil, un atlas chorématique. Paris, Fayard/Reclus


As áreas mais violentas compreendem o Bico do Papagaio (1), no norte de Tocantins e o Pontal do Paranapanema (10), sendo retratadas pela mídia, que, muitas vezes, enfatiza a invasão de terras produtivas, omitindo a grilagem na área.
A resistência ao modelo imposto pelo grande capital tem exemplos alternativos, como as reservas extrativistas na Amazônia. É uma propos-ta de exploração racional para a preservação -da floresta, objetivando a elevação do nível de vida da população local. Os habitantes da floresta resistem subordinados a relações quase servis de trabalho, extraindo o látex e a castanha, por exemplo, sem ter precisado para isso mais do que pequenas clareiras na mata. As reservas ganharam projeção nacional, com a morte de seu grande idealizador, Chico Mendes, sindicalista e seringueiro, executado em 1988.


Exercícios Resolvidos



01. Defina:
a) posseiro
b) grileiro
c) parceiro
d) arrendatário



Resposta
a) Indivíduo que se apossa de uma terra que não lhe pertence.
b) Indivíduo que falsifica títulos e vende terras que não lhe pertencem.
c) Indivíduo que paga pelo uso da terra com produtos.
d) Indivíduo que paga aluguel pelo uso da terra- - - -02. (FCMSC-SP) “Em 1964 foi aplicada ao trabalhador rural brasileiro uma legislação social, existente, até então, apenas para o trabalhador urbano: salário-mínimo, férias remuneradas, 13o salário e assistência médica.” A aplicação desse Estatuto resultou, principalmente:
a) na diminuição dos latifúndios;
b) na diminuição dos minifúndios;
c) no aumento dos trabalhadores temporários;
d) no aumento dos trabalhadores permanentes;
e) no aumento dos meeiros.
Resposta: C
Os fazendeiros boicotaram os novos direitos conquistados, passando a contratar a mão-de-obra temporária, para fugir dos novos tributos.

sábado, 13 de junho de 2009

3ªS SÉRIES - FICHA I - ATAQUE AO WORLD TRADE CENTER

São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2001

Número de desaparecidos cresce para 6.333

SÉRGIO DÁVILA DE NOVA YORK Nas últimas 24 horas, aumentou em 911 pessoas o número de desaparecidos no ataque terrorista ao World Trade Center. Segundo números de ontem da prefeitura de Nova York, a polícia contabiliza 6.333 pessoas que ainda não entraram em contato com parentes e amigos desde o dia 11."O número está maior porque acabamos de receber as listas de todos os consulados estrangeiros na cidade", disse o prefeito Rudolph Giuliani. "Deve aumentar ou diminuir nos próximos dias, conforme formos detectando prováveis nomes duplicados."Aumentou também o número de feridos, 6.291 pessoas, todas elas, segundo o chefe de polícia, já localizadas pelas famílias. As equipes de resgate encontraram até agora 241 corpos. O número de sobreviventes continua o mesmo desde o dia seguinte ao ataque, 5 pessoas, mas a prefeitura não fala em desistir de procurar."Há uma possibilidade alta de que alguns corpos jamais sejam encontrados", disse o prefeito de manhã em entrevista na TV. ""Mesmo assim, nem que leve semanas, nós vamos continuar procurando por sobreviventes."Pesquisa divulgada ontem mostra que a maioria da população da cidade discorda da cada vez mais crescente onda de partidários dos seis meses extras para o prefeito, cujo segundo e último mandato vence no dia 31 de dezembro.Segundo levantamento do tradicional Instituto da Universidade Marista, 57% dos ouvidos acham que Giuliani deve passar o cargo para seu sucessor na data marcada, contra 33% que pensam que ele deve ficar mais.Para viabilizar a permanência do prefeito além do limite atual, a câmara dos vereadores teria de votar lei emergencial autorizando. Acontece que o presidente da casa, Peter Vallone, é pré-candidato ao cargo de Giuliani.Choveu o dia inteiro de ontem em Manhattan, o que afetou o trabalho de resgate. De novo, as equipes foram retiradas do local, onde só continuaram trabalhando os equipamentos de remoção.Pela manhã, Rudolph Giuliani ciceroneou 40 senadores de Washington que vieram ver in loco os escombros. A excursão cívica se torna cada vez mais rotineira.À tarde, foi a vez de o primeiro-ministro Tony Blair chegar ao WTC. "Há ainda choque e descrença, raiva e medo, mas também um profundo senso de solidariedade", disse o britânico, depois de participar de uma missa.


São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2001


EUA alteram lei de imigração
DA REPORTAGEM LOCAL Os EUA anunciaram na última quarta-feira que os imigrantes ilegais que possam ter sido vítimas dos ataques ao WTC não serão enquadrados na lei de imigração.Até então, pela lei, de 1996, nem os ilegais nem suas famílias poderiam receber assistência (jurídica, médica etc.) das autoridades e, quando descobertos, deveriam ser deportados imediatamente.O que o governo fez foi conceder uma espécie de anistia às possíveis vítimas clandestinas dos ataques. Não cabem nessa exceção os demais imigrantes ilegais.A alteração ocorreu no mesmo dia em que o governo norte-americano encaminhou ao Congresso um projeto de lei para fechar o cerco a estrangeiros que estejam em situação oposta: os suspeitos de atos terroristas no país.Nesse caso, o governo quer poder prendê-los e deportá-los sem apresentar nenhuma prova.Ao facilitar a situação das vítimas ilegais, a intenção do governo, de acordo com o anúncio feito pelo porta-voz do Serviço de Imigração Americano (SIN), Daniel Kane, é evitar a subnotificação de desaparecidos e permitir que o país dê amparo a essas famílias.O SIN acredita que algumas dezenas de latino-americanos trabalhavam nas áreas de limpeza e manutenção do WTC e que muitas famílias estão com receio de informar o desaparecimento dessas pessoas, temendo que, se estiverem bem, acabem deportadas.O porta-voz disse ainda que, apesar da anistia oficial, os familiares que preferirem podem procurar os consulados de seus países, que não terão de informar ao SIN a ilegalidade. (SC)

São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2001


PISTASFolha tem acesso a registros das chamadas a serviço de emergência de Nova YorkLigações revelam cenas da tragédia
SÉRGIO DÁVILADE NOVA YORK Às 8 horas, cinquenta minutos e 12 segundos da manhã do dia 11 de setembro, uma telefonista do serviço municipal de emergência 911 atendeu o primeiro telefonema vindo do World Trade Center. Ela automaticamente abriu um caso (número 727) e passou a ouvir o que a pessoa tinha a dizer.Era um homem. Afirmava que um avião tinha acabado de entrar numa das torres do complexo. "Possivelmente um avião comercial", disse. Devido à natureza do caso, a funcionária passou a ligação para o Serviço Médico de Emergência do Corpo de Bombeiros do Brooklyn, para onde todas as outras seriam encaminhadas a partir de então.A Folha teve acesso aos registros das ligações. Eles estão sendo usados como prova no tribunal de inquisição que funciona secretamente em Manhattan desde o ataque. A centralização dos telefonemas se deu excepcionalmente no Brooklyn porque, ironicamente, o Centro de Emergência de Nova York ficava no complexo do World Trade Center.Às 8h50m22, uma mulher liga para dizer que o prédio explodiu (não era verdade, a primeira torres só cairia uma hora depois; o que ela descreveu foi a impressão de quem estava vendo o ataque de dentro). Sete segundos depois, outra comunica o mesmo.São telefonemas feitos aos berros, confusos. Às 8h52m53, uma mulher diz que há um grande buraco no lado direito. Às 8h53m28, um homem avisa que alguém se jogou em seu prédio.Os oficiais começam a dar retorno também para o Serviço do Brooklyn. A comunicação entre eles e a central foi gravada por um rádio-amadorista da Califórnia, que divulgou o conteúdo ontem. Os paramédicos Mario Santoro e Keith Fairben avisam que estão entrando na torre norte (foi a última comunicação; ambos estão entre os desaparecidos).Às 8h56m44, um homem diz que se encontra no 87º andar com mais quatro pessoas e que está pegando fogo onde eles estão. Treze segundos depois, um telefonema anônimo do 47º andar diz que o prédio está se mexendo.Os relatos vão se sucedendo. Um deles diz se chamar Hanley e que há fumaça no 106º andar (Christopher Hanley está entre os desaparecidos; estava visitando o prédio naquele dia). Outro, Lutnick, avisa que a fumaça chegou ao 104º agora (Gary Lutnick é o irmão do proprietário da corretora Cantor Fitzgerald, também entre os desaparecidos).Às 9h03, o segundo avião atinge a torre sul. Os telefonemas se multiplicam. Às 9h09m14, uma mulher diz que está no escritório com 60 pessoas e eles não sabem para onde ir. Às 9h09m21, um homem diz que as pessoas estão pulando por um buraco na janela e que ele acredita que ninguém os esteja pegando lá embaixo.Alguém liga e afirma que o teto cedeu no 105º andar. Outra avisa que está grávida e não consegue mais respirar entre a fumaça. Às 9h39m40, uma mulher diz que se chama Melissa, fala que está muito quente e acha que vai morrer. Pede para ligar para sua mãe. A ligação cai antes disso.Às 9h50, a torre sul desaba. Todas as ligações que estavam em andamento no prédio ficam mudas. Mais alguns segundos e começam a pipocar nas telas do centro de emergência vários avisos de "ligação interrompida". Várias atendentes começam a chorar, mas são repreendidas.

São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004


CONTARDO CALLIGARIS Paranóias e conspirações
Ainda bem que, de vez em quando, alguém me "informa" direito (as aspas significam que estou sendo irônico; melhor dizer, nunca se sabe).Por exemplo, você sabia que, entre o 11 de setembro de 2001 e o dia dos atentados de Madri, passaram-se exatamente 911 dias? Ora, 9-11 (setembro-11) é, nos EUA, a abreviação da data do ataque ao World Trade Center. Mas não pense que se trate apenas de uma "óbvia" assinatura da Al Qaeda. Não, isso é só o começo: 911 é o número telefônico que, em Nova York, serve para chamar a polícia em caso de urgência. Ironia dos terroristas? Fácil demais. Será que não é um criptograma que revela os verdadeiros autores do atentado? Não é a prova de que foi o governo americano que orquestrou o ataque que justifica a guerra em curso?Você duvida? É porque você não sabe que, de manhã cedo, em 11 de setembro, milhares de judeus que trabalhavam nas torres gêmeas (sempre eles, ah?) receberam telefonemas anônimos exortando-os a não ir para o trabalho naquele dia. Está entendendo?Outro exemplo. Você não estranhou o momento em que o "New York Times" publicou o artigo de Larry Rohter sobre a "preocupação nacional" brasileira com os hábitos alcoólicos do presidente Lula? Foi logo quando o Brasil acabava de ganhar a guerra dos subsídios agrícolas na Organização Mundial do Comércio. Quem tinha interesse em desacreditar o Brasil pelo mundo afora, ah? E se Larry Rohter fosse um agente da CIA há tempo escondido no Brasil para ser ativado de repente na hora de tamanha necessidade estratégica? Aliás, nem é preciso que ele seja um agente, pois é notório (não é?) que a imprensa americana é escrava do complexo político-militar-midiático do império. Rohter pode ter obedecido ao "New York Times", que, por sua vez, deve ter respondido a um daqueles telefonemas do governo que eles recebem a cada dia na hora de decidir a pauta.Ao escutar pacientes paranóicos capazes de delírios organizados, é fácil constatar que um delírio não é necessariamente menos verossímil que outras crenças que não nos parecem delirantes. Por exemplo, a convicção de que Deus exige que os homens se transformem em mulheres para servi-lo melhor é tão verossímil quanto a idéia de que, a cada missa, a hóstia se transforma realmente no corpo de Cristo. A diferença é apenas esta: o projeto de mudar de sexo para servir a Deus não é coletivo, enquanto a transformação da hóstia (a transubstanciação) é uma fé compartilhada.Os delírios são crenças que não conseguem se socializar.Hoje essa diferença se tornou incerta. Graças à internet, qualquer delírio pode se tornar público, circular e conquistar adeptos. Logicamente, este é o argumento decisivo de quem delira: está num site na internet. E, olhe lá, é um site que recebe 12 mil visitantes por dia.Mas a facilidade com a qual os delírios se socializam não explica sua extraordinária proliferação.Em 11 de maio (de novo, o 11, viu?), chegou às livrarias americanas "The Rule of Four" (A Regra de Quatro), de Ian Caldwell e Dustin Thomason. Em duas semanas, o romance já é número três da lista dos mais vendidos. Conta a história de dois amigos que devem descobrir os arcanos de um texto renascentista (que existe e que é mesmo repleto de enigmas não resolvidos) para entender o que acontece ao redor deles e, enfim, salvar a pele. Em princípio, quem gostou de "O Código da Vinci", de Dan Brown (número um da lista há 60 semanas nos EUA e agora número um no Brasil), vai gostar de "The Rule of Four".Os comentadores propõem uma genealogia que começa com "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, e continua com esses dois romances recentes. De fato, os três livros têm em comum um gosto pela cultura da Idade Média (no caso de "O Nome da Rosa") ou do Renascimento (para os outros dois), épocas em que o mundo ainda era encantado, ou seja, percebido como um teatro de símbolos e signos que, uma vez decifrados, revelariam que os desenhos da providência divina se estendem, feito vasos capilares, até a periferia da criação. Naquela época, só vivia uma vida sem sentido quem não se desse ao trabalho de resolver as charadas inscritas em cada página do mundo.

São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006


Cinco anos depois, EUA estão mais fracos e sós
Guerra no Iraque foi maior razão da perda de influência do país após o 11 de Setembro
NA MANHÃ DE 11 DE SETEMBRO DE 2001, o mundo assistiu ao maior ataque sofrido pelos Estados Unidos em seu próprio solo. A ação terrorista matou ao menos 2.973 pessoas, derrubou os prédios-símbolo da cidade mais rica do país e teve como autores 19 extremistas armados de bilhetes aéreos só de ida, estiletes baratos e determinação suicida. Aos cinco anos do evento, que serão completados amanhã, a Folha ouviu dezenas de analistas, e as conclusões parecem mais diluídas e menos peremptórias que as feitas no calor da tragédia.Há um consenso, porém: meia década depois, a percepção é a de que os EUA estão mais fracos. Resume o historiador britânico Eric Hobsbawm: "Politicamente, estão mais fracos. Economicamente, não estão mais fortes. E descobriram que seu poderio militar é incapaz de resolver todos os problemas".
Marty Lederhandler-11.set.2001/Associated Press
Vista do Empire State Building com as Torres Gêmeas do WTC exalando fumaça após ataque; pesquisa aponta que um terço dos americanos acredita que Casa Branca esteja "envolvida" nos atentados do 11 de Setembro, que mataram quase 3.000 pessoas SÉRGIO DÁVILADE WASHINGTON
No dia 12 de setembro de 2001, acadêmicos, personalidades e experts de todas as nacionalidades, escolas e tendências arriscavam seus primeiros prognósticos. A "quente", tudo parecia mais definitivo: era o começo do século 21. Era o fim do Império Americano. O início da Guerra Oriente-Ocidente. A falência da aviação comercial como negócio. Houve mesmo quem decretasse, sem ironia, a morte da ironia. Cinco anos depois, enquanto Hobsbawm aponta os limites do poderio norte-americano, outro historiador, o escocês Niall Ferguson, de Harvard, especialista na cronologia de impérios, detecta seus "freios". "Publicamente, os líderes norte-americanos negam que tenham um destino imperial. Mas os EUA são um império -jovem, com freios domésticos, mas império". Diferentemente do que ocorreu com impérios anteriores e mais longevos, porém, os "freios" definem o americano. Déficit recordeSão três, segundo Ferguson: escassez de soldados, déficit orçamentário e déficit de atenção do público. No auge da insurgência no que viria a ser o moderno Iraque, nos anos 1920, havia um soldado britânico para 24 iraquianos; hoje, há um soldado norte-americano para 210 iraquianos. Nestes cinco anos, o país gastou US$ 400 bilhões (ou meio PIB brasileiro) com a chamada "guerra ao terror", o que ajudou a levar o país ao maior déficit de sua história recente. E a opinião pública moderna tem uma "vida útil" de cerca de 18 meses: a mesma maioria que apoiava a intervenção no Iraque em abril de 2003 hoje acha a guerra um desastre. Outra constante nas respostas: o ataque terrorista colocou a nu a política externa norte-americana, que vinha sendo gestada há pelo menos duas décadas e da qual o presidente George W. Bush se tornou apenas a face mais evidente. Para Neil MacFarlane, de Oxford, "a principal mudança é o enfraquecimento das leis internacionais sobre o uso da força". "Desde que os EUA desenvolveram o conceito de defesa preventiva, a principal potência do mundo quer o direito de atacar quem quiser caso se sinta ameaçada", acredita. Ou, como define mais diplomaticamente Rubens Barbosa, que era embaixador do Brasil em Washington no dia 11 de Setembro, "no contexto externo, emerge uma nova agenda mundial, com conseqüências na área política, diplomática e também militar". Joseph Nye, professor de relações internacionais da Universidade Harvard, vê no desequilíbrio dos EUA ao usar seus recursos a origem de seu enfraquecimento global. "Os EUA estão mais fracos porque colocaram ênfase demais no chamado "hard power" (poder militar) e reduziram sua atração em "soft power" (diplomacia e comércio)", diz Nye. O enfraquecimento do país não resulta num fortalecimento de seus inimigos, por paradoxal que pareça. Vários analistas apontam a ação de 11 de Setembro como uma estratégia equivocada da Al Qaeda, grupo terrorista que seria quase dizimado nos anos seguintes pelas forças americanas, embora seu líder, Osama bin Laden, continue vivo, solto e atuante. "Mas a Al Qaeda se beneficiou ao fazer o mundo perceber a agressividade da política externa de Bush entre os muçulmanos, especialmente na Guerra do Iraque, mas também nas ações de Israel nos territórios palestinos e, mais recentemente, no Líbano", acredita Juan Cole, professor de história da Universidade de Michigan e criador do blog liberal Informed Comment. "Isso ajudou a recrutar uma nova geração de radicais." Maior erroA Guerra do Iraque. Se fossem instados a apontar um grande equívoco cometido pelos EUA nesse período, a invasão daquele país seria o vencedor inconteste. "É o fato histórico mais importante", decreta Melani McAlister, da Universidade Georgetown. "O Iraque é um fracasso público que encoraja os inimigos." A intervenção no Iraque é significativa da "fraqueza" norte-americana, diz Maria Regina Soares de Lima, professora de relações internacionais da PUC do Rio. "Na sociedade de massas e da democratização, o custo da conquista estrangeira é muito alto, não bastam a força e a tecnologia militar." Com a "guerra errada" (sendo a "guerra certa" a do Afeganistão, que derrubou o Taleban, que dava guarida à Al Qaeda), os EUA sacaram cedo demais o cheque de solidariedade global que conseguiram logo após o 11 de Setembro. "Você imagina alguém levando flores às embaixadas americanas em algum lugar do mundo hoje?", pergunta Mary Dudziak, organizadora do livro "September 11th in History - a Watershed Moment?" (11 de Setembro na história - um divisor de águas?). Ou, como coloca David Simpson, autor de "9/11 - The Culture of Commemoration" (11/9, a cultura da comemoração), "os EUA destruíram a boa vontade do mundo ao usar o desastre como pretexto para invadir o Iraque. Os episódios de tortura apenas confirmam o fim do papel dos EUA como líder mundial baseado apenas na superioridade moral." O tamanho do equívoco pode ser medido em números. Como resultado dos ataques daquele dia às torres gêmeas, perderam a vida 2.973 pessoas de 23 nacionalidades, brasileira inclusive. Até ontem, 2.659 soldados das Forças Armadas norte-americana haviam morrido em ação no Iraque. O número de mortos deve ser igualado até o fim do ano.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

3ªS SÉRIES - FICHA II - CONFLITOS COM JOVENS IMIGRANTES NA FRANÇA

São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007


Violência continua e Sarkozy faz reunião para estudar respostas Villiers-le-Bel tem novos embates e atos chegam a Toulouse (sul); para socióloga, confrontos são fruto de relação tensa entre jovens da periferia e polícia CÍNTIA CARDOSOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
As noites consecutivas de conflitos entre a polícia e jovens no subúrbio parisiense de Villiers-le-Bel mobilizaram a cúpula do governo francês. Hoje o presidente do país, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro, François Fillon, reúnem-se com um grupo de ministros para avaliar a situação.Ontem o governo ordenou o aumento da segurança nos subúrbios ao norte de Paris, e a polícia enviou 130 policiais extras para tentar impedir uma terceira noite de protestos. Segundo a Associated Press, o número de policiais nos subúrbios ao norte de Paris chegou a mil ontem. Ainda assim, jovens em Villiers-le-Bel incendiaram lixeiras e lojas. Os conflitos se estenderam até Toulouse, no sul, onde até 20 carros e uma biblioteca foram queimados. Ao menos 20 jovens foram presos.O número de policiais feridos havia chegado a 120 até ontem, seis deles em estado grave. Quatro foram atingidos por armas de fogo, segundo o "New York Times". Além de Villiers-le-Bel, municípios vizinhos como Cergy, Ermont, Goussainville, Fosses e Argenteuil também registraram tumultos desde domingo. Mais de 60 carros foram queimados.ContençãoEm 2005, quando eclodiram conflitos nas periferias francesas que duraram três meses, Sarkozy, então ministro do Interior, chamou de "ralé" os jovens das periferias, inflando os ânimos dos revoltosos."Dessa vez, o governo tem sido extremamente modesto nas atitudes e declarações. Em 2005, o tom foi de provocação", disse à Folha Angelina Peralva, professora de sociologia da Universidade Toulouse le Mirail. Graças a isso, Peralva afirma que é possível que a crise não tenha um alcance nacional.Os confrontos dos últimos dias mostram um embate violento contra as forças policiais. Encapuzados e armados com cacos de vidro, barras de ferro e até uma arma de caça, grupos de jovens afrontaram a polícia nas ruas de Villiers-le-Bel.Numa visita à cidade na terça-feira, o premiê francês condenou a violência "intolerável " e "incompreensível".O estopim dos confrontos foi a morte de Moushin, 15, e Larami, 16, que estavam em uma moto quando se chocaram com um carro de polícia.O Ministério Público abriu investigações. A procuradora de Pontoise, Marie-Thérèse de Givry, declarou que o caso deve ser tratado como um "acidente de circulação" [tráfego]. A princípio, os policiais poderiam ser indiciados por homicídio involuntário e omissão de socorro. Especula-se que os policiais tenham deixado o local do acidente muito rápido e sem prestar a devida assistência.Mas as investigações também não excluem a responsabilidade dos jovens, que estariam conduzindo a motocicleta acima do limite de velocidade.Tensão socialAssim como em 2005, a revolta de adolescentes da periferia contra a polícia ressalta o problema da inserção social desses jovens, na sua maioria filhos de imigrantes da África subsaariana e do Magreb. Em um relatório de 2001, o INSEE, órgão de estatísticas do governo francês, já considerava "preocupante" a situação social da região Plaine de France, onde se localiza Villiers-le-Bel.A região combina altas taxas de desemprego e população com baixo índice de qualificação profissional. No caso dos jovens, a proporção de desempregados encosta em 30%. A média geral francesa é de 8,6%.Mas Peralva enfatiza que o núcleo da tensão dos subúrbios está na relação entre os jovens e a polícia. "A polícia cristaliza a relação tensa da sociedade com os imigrantes. Nessas periferias há um forte ódio contra a polícia. Há ainda uma descrença na autoridade policial, que não tem legitimidade aos olhos dessa população", avaliou.O atual presidente, Sarkozy, vê na questão dos subúrbios um problema policial. A tônica é aumentar a repressão.


São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005


MUNDO O Folhateen conversou com alguns dos jovens que causaram tumulto na França nas últimas semanas; saiba como eles são Capitães da fumaça
FÁBIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A PARIS
No último dia 27 de outubro, Bouna Traore, 15, e Zyed Benna, 17, achavam que estavam sendo perseguidos pela polícia e se esconderam numa central de energia em um subúrbio de Paris. Morreram eletrocutados. Outros jovens usaram o episódio para se vingar do que reclamam sofrer há tempos nas periferias francesas: repressão policial, discriminação, preconceito, desemprego.Passaram a tocar fogo em tudo, principalmente em carros. Estava formada a maior revolta social dos últimos 40 anos no país que diz ser o berço da democracia moderna. Na linha de frente do conflito, garotos. A revolta dos incendiários franceses, que espalhou pelo mundo imagens chocantes de línguas de fogo consumindo automóveis e prédios é uma guerra "teen".Durante uma semana, a Folha percorreu várias cidades da periferia de Paris e conversou com dezenas de incendiários. Há muitos com 14 anos, a maioria está entre 16 e 18, dificilmente têm mais de 20. Assim como Bouna, com origens no Mali, e Zyed, de ascendência tunisiana, a maior parcela dos revoltosos nasceu na França e tem como pais ou avós imigrantes do norte da África.São quase todos muçulmanos, embora seja equivocado relacionar os distúrbios a motivos religiosos. Também não parece certeiro ver neles motivação política.Versão incendiária dos "Capitães da Areia", do clássico de Jorge Amado, adolescentes rebeldes que
usavam o crime como componente libertário, os garotos franceses não parecem portadores de uma mensagem engajada. Queimar carros e quebrar lojas é a expressão de sua independência. E de sua ira contra um inimigo definido.Derrubar Nicolas Sarkozy, ministro do Interior francês que adotou uma política linha-dura de combate ao crime nas periferias é o objetivo-desafio da molecada.
Negros ou de traços árabes, costumam olhar um
intruso com cara de malvados. Mas basta uma
aproximação, um tratamento respeitoso, para que um diálogo tranqüilo se estabeleça.Uns chegaram a contar onde compraram gasolina, como prepararam os coquetéis molotov que atiraram nos carros na noite anterior. Esses normalmente dão os seus nomes completos e não têm um pingo de medo de falar dos crimes que cometem. Relatam que são traficantes ou que simplesmente consomem drogas.Mas há muitos que se recusam a dar nome, ou os que, como astros da cultura hip hop que admiram, dão apenas um apelido.A paixão pelo gangsta rap fica nítida nas roupas que vestem (calças largonas, bonés, abrigos esportivos com capuz, tênis) e na atitude (gestos com as mãos, caras de durões). Alguns usam dreadlocks no cabelo. Brincos e colares são comuns.Sem ideologia, sem um líder, sem aviso prévio, queimaram quase 10 mil carros em pouco mais de duas semanas. Levaram o governo da França a adotar o estado de emergência, medida extrema que amplia o poder da polícia e limita as liberdades civis. E têm menos de 20 anos.


São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005


EUROPA - Reportagem da Folha passa a noite em Clichy-sous-Bois, ponto de partida dos conflitos na França, e constata a tensãoCidade onde tudo começou é assustadora
FÁBIO VICTORENVIADO ESPECIAL A CLICHY-SOUS-BOIS Os hotéis Formule 1, um êxito do conceito de hospedagem popular da rede francesa Accor, a maior da Europa, têm quartos muito simples, banheiros "de avião" para uso coletivo e diárias a preços convidativos. Em São Paulo, onde há três deles, uma noite na unidade dos Jardins sai a R$ 63 por pessoa.Em Clichy-sous-Bois, periferia ao norte de Paris, também tem um Formule 1. A entrada, bem cuidada, é cercada de cipestres e plátanos, e a tarifa custa 29 (cerca de R$ 75), uma pechincha para o padrão francês. Mas hospedar-se ali, bem no meio da cidade onde emergiram os distúrbios sociais que há 16 dias agitam o país, tornou-se um suplício.O hotel fica em frente à Cité Le Forestier, um conjunto habitacional degradado, com 24 prédios de pintura descascada, vidros quebrados, varais nas varandas e mato seco por todos os lados. É, de longe, a vizinhança mais assustadora entre as muitas periferias que a Folha visitou na última semana. Lá moravam os dois adolescentes que morreram eletrocutados em 27 de outubro, quando entraram numa central de energia enquanto fugiam da polícia. A morte dos dois foi o estopim da violência que se espalhou pelo país, com saldo até aqui de uma morte, quase 8.000 carros e dezenas de prédios queimados e cerca de 2.500 detidos.A revolta foi agravada quando, dias depois do episódio, policiais atiraram uma bomba de gás lacrimogêneo dentro da mesquita Bilal, também em Clichy, na hora da oração. O templo muçulmano está a 300 metros do Formule 1.Como muitos outros ao seu redor, esse município com 28 mil habitantes e taxa de desemprego beirando os 25% virou um encrave dos rebeldes. Centenas de carros foram queimados nas últimas semanas nas redondezas do hotel. Uma escola primária ardeu lá perto, assim como um ginásio.Desde que tudo começou, ônibus e táxis deixaram de circular à noite. Quando escurece em Clichy, quem está fora dificilmente consegue entrar; quem está dentro não pode sair. Ou seja, uma das raras maneiras de um forasteiro passar uma noite inteira ali é se hospedando no F1.Foi o que fez a reportagem da Folha na última quinta-feira.ViagemChegar a Clichy a partir de Paris é trabalhoso. Da estação de Bobigny-Picasso, um dos extremos da linha 5 do metrô, toma-se o ônibus 146, que, 50 minutos e 26 paradas depois, está no bulevar Emile Zola, a rua do hotel. No caminho se avistam as cinzas do ginásio esportivo Armand Desment, incendiado pelos adolescentes. Percebe-se que era uma construção enorme.A história do hotel dá a medida de sua vizinhança. Inaugurado em 1991 pela Accor, transformou-se ao longo dos anos num ponto de drogas. Em 2000, depois que a polícia descobriu meio quilo de cocaína num quarto, a rede decidiu fechá-lo. Só o reabriu em setembro passado, reformado.Há muitas vagas disponíveis. O atencioso gerente Aomar Ilikoud, 36, francês descendente de argelinos, insiste que o movimento não caiu por causa dos distúrbios. "No máximo 2%", calcula.Na quinta eram 40 os apartamentos ocupados, de 98.Igor Morye, que desce do seu quarto para pegar um salgadinho na máquina, ajuda a entender por que o fluxo do estabelecimento está mantido. Fotógrafo da "Gazeta Wyborcza", maior diário da Polônia, ele é um dos muitos jornalistas que acorreram ao local em busca de uma visão mais microscópica da crise das "banlieues" (periferias) francesas.Morye, 30, teve um dia espinhoso. Caminhava pelo bairro com a repórter do seu jornal, grávida de cinco meses, quando foi atacado com um barra de ferro por dois jovens. Fugiu correndo, sofreu só ferimentos leves. Não tem certeza de por que lhe fizeram aquilo. Talvez por saberem que era jornalista, talvez por ser loiro de olho claro, ele interpreta.Escurece, e o polonês convida para mostrar o local, quase ao lado do hotel, onde um carro foi queimado na noite anterior, o estacionamento de um pequeno estádio. No chão só resta um rastro negro -a polícia já removeu a carcaça. Atrás de um furgão, um adolescente segura uma lata. Nos avista e vem em nossa direção com olhar de poucos amigos. Apressamos o passo, enquanto ele começa a gritar insultos incompreensíveis.Cidade fantasmaClichy-sous-Bois não adotou o toque de recolher, que poderia ter solicitado depois que o governo decretou estado de emergência, na terça. Mas é como se o tivesse feito. As ruas começam a se esvaziar rapidamente.Uma mulher fecha o seu Renault Clio dourado. É Naima Nacer, 28, vendedora desempregada, que mora com os pais, marroquinos, na Cité Le Forestier. O automóvel vai dormir na rua. "Tenho medo de que queimem, mas vou fazer o quê?" Ela confia que os alvos preferenciais são os carros abandonados. A irmã, Samira Latin, liga no celular de Naima, e se estabelece uma espécie de conferência. "Ela está dizendo pra você botar aí [no jornal] que Sarkozy tem razão de agir dessa forma."É uma manifestação incomum de apoio de moradores dos subúrbios ao ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, odiado pelos incendiários, a quem chamou de "escória". Neste ponto as irmãs se dividem. Naima não tolera Sarkozy. Em comum, as duas têm o desejo de se mudar de Clichy o mais rápido possível.Serge Lagentie, um incendiário de 15 anos, descendente de guadalupenses, desempregado cujo desejo profissional é ser mecânico, diz que desceu apenas para "fumar um cigarrinho". Diz ele: "Enquanto Sarkozy não cair, isso não vai parar". E sai.Antes dos distúrbios, o portão do hotel fechava às 22h, agora fecha às 20h. Até aqui, conta o gerente Ilikoud, não houve ameaças ao estabelecimento. "Acho que sabem que um incêndio aqui causaria muitas mortes, o crime seria muito maior." Mas recomenda aos hóspedes que não vão para a rua à noite de jeito nenhum.Vigia doutorO vigia noturno é o camaronês Apolin Pehuie, 28. Ao lado do recepcionista Styve, 24, passa a madrugada entretido com jogos e vídeos num laptop, o qual usa também para estudar para seu doutorado em direito financeiro. Afirma que a função lhe traz uma certa inquietação, mas não de todo. "Se uma lâmpada já está queimada, você não pode ter medo de um curto-circuito", filosofa.Meia-noite. Chegam novos hóspedes: um casal de canadenses que tem parentes morando ali perto, um guineano deixado pelo primo. Juntam-se a gente como o senegalês Abou Tall, 31, cozinheiro que mora no F1 com a família , ou o recém-divorciado Eric Riviere, 41. "Os distúrbios não me incomodam. Quando sinto que tem um carro queimando, saio para ver. Aliás, não sei por que se impressionam. Queimar carros sempre foi a coisa mais comum na periferia de Paris."À 1h, 7º C, arrisco uma saída à rua, totalmente deserta. Um homem alto, vestindo um capuz, se aproxima. À primeira pergunta, vem uma outra: "Você é jornalista"? Minto. Ele pega o celular e se afasta olhando para trás, como se chamasse alguém. Volto apressado para o hotel, bato no portão, mas Apolin e Styve não vêm. O encapuzado continua olhando de longe. Enfim Apolin vem abrir. Desisto de cruzar a fronteira.Nenhum carro queimou em Clichy na madrugada de 11 de novembro. O único cheiro estranho partiu do precário aquecedor do quarto do Formule 1, incapaz de aquecer aquela noite gelada.



São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005
EUROPA - Lyon, terceira maior cidade, adota toque de recolherBatuque e passeata desafiam proibição de manifestação em Paris
DO ENVIADO A PARIS Manifestantes de partidos de esquerda desafiaram ontem a proibição de qualquer tipo de reunião pública decretada pelo governo -que recebeu ameaças de ataques a pontos turísticos- e realizaram uma passeata no centro da capital francesa.Sob batuques e gritos exortando a demissão do ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, protestavam também contra o toque de recolher, o estado de emergência e a discriminação racial.Cerca de 500 pessoas, lideradas pela LCR (Liga Comunista Revolucionária) e por várias associações civis, reuniram-se debaixo de garoa na praça de Saint-Michel durante duas horas e seguiram em passeata pela margem esquerda do rio Sena por cerca de 1 km.A Folha acompanhou a passeata. Com forte aparato de segurança, a tropa de choque francesa, porém, bloqueou todas as passagens na altura da avenida Voltaire, inclusive a da ponte Royal, que dá acesso ao Museu do Louvre, forçando o recuo dos manifestantes, que seguiram por ruas estreitas até o bairro St. Germain, onde se dispersaram. Os manifestantes prometeram se reunir hoje."Não podemos admitir essa política colonial. É desse jeito que você começa a privar os cidadãos das liberdades civis. Não iremos permitir isso", disse a médica Fátima Benjelloun,50, do Movimento dos Indigentes da República.Ontem à noite, as principais ruas parisisenses estavam sob forte esquema de segurança. Cerca de 3.000 policiais patrulhavam estações de trem, a Torre Eiffel e a avenida Champs-Elysées.Lyon, terceiro maior município da França (sudeste do país), adotou ontem o toque de recolher, impedindo menores de idade de sair às ruas desacompanhados de maiores das 22h às 6h. A medida, que vai até amanhã de manhã, vale para mais dez cidades da região. Também ontem, pela primeira vez desde o início da violência no país, manifestantes e policiais se enfrentaram no coração de Lyon. Forças de segurança lançaram granadas de gás lacrimogênio para dispersar grupos de jovens que atiravam projéteis e latas de lixo.Em Carpentras, no sul do país, um mascarado em uma moto atirou duas bombas incendiárias em uma mesquita e fugiu. Havia pessoas rezando na hora do ataque, no começo da noite de anteontem, mas ninguém ficou ferido.O presidente Jacques Chirac, o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, condenaram o atentado e declararam solidariedade à comunidade muçulmana da cidade.NúmerosContra as expectativas de uma repetição da violência verificada há sete dias e de ameaças de intensificação de ataques incendiários, a primeira madrugada do final de semana na França foi relativamente tranqüila.Segundo números divulgados ontem pela polícia, houve um ligeiro aumento no número de veículos queimados (502) e de pessoas presas (206) em relação à madrugada da sexta-feira (463 e 201, respectivamente).Do início dos distúrbios, há 17 dias, até o fechamento desta edição já haviam sido incendiados, em todo o país, quase 8.000 automóveis e presas 2.440 pessoas, com aproximadamente 300 localidades atingidas pela sedição.