CARPE DIEN

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

3ª SÉRIE REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO

1ª SÉRIE

APOSTILA DE CARTOGRAFIA


8ª SÉRIE

A Nova Ordem Mundial
1. Introdução
Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense (mundo bipolar). Naquela época, a divisão do mundo era a seguinte: Primeiro Mundo ou os países capitalistas desenvolvidos, Segundo Mundo ou os países socialistas e Terceiro Mundo ou os países capitalistas subdesenvolvidos. Com a crise do socialismo e, consequentemente, o fim da Guerra Fria, iniciou-se uma nova ordem mundial.



       
Em qualquer período histórico, podemos assinalar a vigência de uma ordem mundial (ou ordem hegemônica), que caracteriza a relação de equilíbrio de poder entre os “países potências” e suas respectivas áreas de influência. A Geopolítica – estudo geográfico do espaço natural e do espaço humanizado, com o objetivo específico de produzir diretrizes que orientem, viabilizem e fortaleçam o poder do Estado – é a ciência que oferece os lineamentos teóricos e ideológicos pelos quais esta relação deve- se pautar.
Um dos pioneiros no estudo da Geopolítica, Karl Haushofer, definiu-a da seguinte maneira: “A Geopolítica deve ser e será a consciência geográfica do Estado”. Outro, Richard Henning, ampliou tal definição ao afirmar que “a Geopolítica quer fornecer materiais à ação política, quer servir de guia para a vida prática; permite passar do saber ao poder, quer ser a consciência geográfica do Estado”.
O poder dos Estados, conforme a orientação geopolítica que adotam para justificar sua ação imperial, tem limites flexíveis, fluidos, que podem crescer ou encolher. O limite do poder de um país é o espaço físico em que sua dominação se faz presente. Um exemplo clássico pode ser apontado na famosa doutrina Monroe, expressa pelo presidente dos EUA James Monroe, em 1823, pela qual os EUA alertavam as potências européias que veriam com desagrado qualquer tentativa de recolonização no continente. Mais ainda, proclamavam: “A América para os americano”. Longe de uma preocupação solidária com a independência política de seus vizinhos, tal doutrina manifesta, na verdade, a demarcação clara do continente americano como área de influência dos EUA, que dessa forma impuseram limites à ampliação do espaço de dominação europeu. A leitura geopolítica adequada para o lema da doutrina Monroe seria: “A América para os estadunidenses!”
A ordem atual é marcada por várias características, entre as quais se destacam o neoliberalismo, a multipolaridade, a divisão Norte rico e Sul pobre, a globalização e os blocos econômicos. Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais da nova ordem mundial.

2. Neoliberalismo

O liberalismo foi uma doutrina política e econômica defendida pela burguesia e por pensadores como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus. Os princípios básicos liberalistas são a livre concorrência, a livre iniciativa e o direito à propriedade privada.
O neoliberalismo surgiu como doutrina no final da década de 1930 e foi posto em prática a partir da década de 1970, propondo menor participação do Estado na economia e defendendo a idéia de que o mercado tem capacidade de promover o desenvolvimento econômico e social. O melhor exemplo é a privatização das empresas estatais. Na prática, o Estado neoliberal reduz os gastos públicos na educação, saúde e habitação, aumentando as desigualdades sociais.

3. Divisão e multipolaridade

O período em que vivemos é conhecido como pós-Guerra Fria. É um período em que o mundo está marcado pela multipolaridade e pelas áreas de influências para a exploração econômica. Três pólos ou áreas centrais do capitalismo se sobressaem: EUA, Japão e a União Europeia. Os “quintais” ou áreas subordinadas são, respectivamente, América Latina, Ásia e Oceania, África (parte setentrional) e Oriente Médio.

                                           
                                       

Neste mapa, observa-se a nova divisão do mundo em Norte rico e Sul pobre. Grosso modo, quem era Primeiro Mundo transformou-se em Norte rico, quem era Terceiro Mundo transformou-se em Sul pobre e, o mais complicado, quem era Segundo Mundo industrializado foi para o Norte e quem era agrícola incorporou-se ao Sul. É fundamental saber que esta divisão não é perfeita, portanto apresenta vários problemas, destacados abaixo do mapa; além disso, há casos como o da Albânia, que se localiza na Europa, mas apresenta todas as características do Sul pobre.

4. Globalização

Existem vários conceitos, mas, para simplificar, a globalização consiste no aumento das relações de interdependência (comerciais, industriais, financeiras e tecnológicas) entre os países. É apelidada de “aldeia global”em virtude do avanço da tecnologia, cuja ação tem feito a Terra tornar-se cada vez menor, ou seja, os países estão mais próximos.
Historicamente, a globalização é um processo de integração das economias nacionais que está transformando a superfície do planeta num espaço econômico cada vez mais unitário. Começou com as Grandes Navegações e acelerou com a Revolução Industrial, as multinacionais e, atualmente, com a tecnologia de ponta.
Atualmente, questiona-se a globalização, em razão do aumento da miséria no Sul pobre, que se contrasta com o aumento da riqueza nos países que lideram esse processo. Será que os países pobres estão preparados para competir com os ricos? Será que a globalização é mais uma jogada geopolítica para manter o sistema privilegiando uma minoria? Conclusão: resta-nos acreditar que aprendendo informática, inglês, espanhol, etc. entraremos no mundo moderno criado pelos EUA.

Os filhos da globalização
          
                               Fila do desespero – desemprego                                     Será que eles sabem o que é globalização?

5. Os blocos

Verificando sua própria origem, o capitalismo caracterizou-se por ser um sistema em que a interdependênciaeconômica e política entre as nações constituiu-se como base para o seu funcionamento. A idéia dos blocos surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial, em virtude da fragilidade européia de concorrer com os EUA. O Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) e a Ceca (Comunidade Européia do Carvão e do Aço) foram “as sementes” que “germinaram” a idéia de bloco: em 1957, nasceu o Mercado Comum Europeu, conhecido hoje por União Européia. Mais tarde, apareceram o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), o Mercosul (Mercado Comum do Sul), a Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), entre outros.

A. Guerra Fria
A ordem da Revolução Industrial ruiu com a destruição da Europa durante a guerra. Emergiram duas novas potências – EUA e URSS –, que passaram a traçar e a ditar as diretrizes políticas, econômicas e militares mundiais, originando a ordem da Guerra Fria
(1947-1989), que iria perdurar até a queda do Muro de Berlim, em 1989, seguida pela desintegração da URSS, dois anos depois.

Embora tivessem sido aliados na guerra contra a Alemanha nazista, pouco tempo após o término dos combates os antagonismos e as divergências entre os EUA e a URSS começaram a aflorar, inicialmente na Europa, estendendo-se posteriormente pelo resto do mundo.
A ordem da Guerra Fria foi marcada pela erupção de graves crises políticas, por inflamados debates diplomáticos e pela eclosão de inúmeros conflitos localizados. É neste painel que se encaixam o Bloqueio de Berlim pelos soviéticos, em 1948, a vitória da Revolução Socialista na China, em 1949 e a Guerra da Coréia (1950-1953), entre tantos outros acontecimentos.

Na Europa, as forças militares soviéticas que ocupavam os países do leste impunham e sustentavam regimes comunistas, vedando qualquer possibilidade de contato com o exterior (daí Churchill ter dito que uma “cortina de ferro” caíra no Leste Europeu); por outro lado, tropas estadunidenses estavam estacionadas em quase todos os países da Europa Ocidental.
A Guerra Fria caracterizou-se por um constante estado de tensão, que estimulou a corrida armamentista, com a ampliação dos gastos militares. Esse estado de tensão foi ironicamente denominado decoexistência pacífica – uma coexistência baseada noequilíbrio do terror, já que tanto os EUA e a URSS possuíam armas nucleares suficientes para se destruírem (e ao resto do mundo) várias vezes.
Outra característica do período foi a polarização ideológica extremada, com perseguições políticas, repressão e morte aos opositores internos de lado a lado. O macarthismo, nos EUA, e o stalinismo, no bloco socialista, foram as facetas mais visíveis dessa polarização, que, como não poderia deixar de ser, acabou estendendo-se aos países que orbitavam as esferas de influência das superpotências.
A ideologia da Guerra Fria camuflou o aumento das desigualdades e das expropriações dos países do hemisfério sul em benefício dos países do hemisfério norte. Qualquer manifestação contrária à espoliação praticada pelos países capitalistas era interpretada como sendo de “inspiração soviética” – do inimigo, portanto, de imediata repressão. As desigualdades socioeconômicas aumentaram progressivamente, quer se comparando os países ricos com os países pobres, quer se comparando a distribuição interna de renda nos países isoladamente. O processo de concentração de riquezas ampliou-se, revelando a face perversa do capitalismo e a incompetência do socialismo real.
Em termos geopolíticos, podemos afirmar que a Guerra Fria foi um confronto (sem enfrentamento direto, daí ser “fria”) entre duas superpotências – EUA e URSS – pela hegemonia mundial.
Os EUA tomaram a dianteira nesse confronto, aplicando a chamada doutrina Truman, que consistia em “cercar” a URSS, barrando sua expansão territorial e ideológica, seja por pactos, tratados e alianças com outros países (Otan, plano Marshall, etc.), seja, ainda, por intervenções militares (como a Guerra da Coréia) e apoio material às forças armadas dos países que repudiavam o comunismo. A doutrina Truman preconizava a política de contenção (evitar que o sistema socialista fosse disseminado em outros países) como forma de prevenir os efeitos previstos pela teoria do dominó (segundo a qual bastaria que um único país em determinada região do globo adotasse o comunismo e se alinhasse à URSS, para que todos os países vizinhos o seguissem).
A ofensiva dos EUA não se restringiu aos aspectos militares. No plano econômico, o plano Marshall, instituído em 1947, estabeleceu uma assistência ampla e eficiente destinada à reconstrução da Europa Ocidental, de modo a melhorar o padrão de vida nos países empobrecidos pela guerra e mantê-los fora da esfera de influência soviética. Esse plano possibilitou aos governos dos países que dele se beneficiaram o estabelecimento do Welfare State – Estado do Bem-Estar Social –, bastante ativo na regulamentação geral da economia (portanto, intervencionista). Por outro lado, garantiu aos EUA a continuidade produtiva de sua economia, evitando assim outro colapso devido à superprodução, como o que ocorreu em 1929, já que os EUA eram, naquele momento, o único país industrializado com seu sistema intacto (não ocorreram batalhas em território estadunidense durante a Segunda Guerra). Deste modo, os EUA conseguiram, devido ao plano, não só manter seus níveis internos de produção e emprego, como também abastecer, reequipar e financiar a recuperação dos países capitalistas europeus e do Japão, ampliando o domínio sobre eles e neutralizando a URSS, que, por seu turno, na tentativa de contrabalançar a penetração dos EUA no continente europeu, instituiu o Comecon – órgão de auxílio econômico aos países sob sua esfera de dominação. Da mesma forma, quando, posteriormente, foi criada a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar liderada pelos EUA e congregada pelos países da Europa Ocidental (com exceções), os soviéticos, tendo em vista a manutenção do equilíbrio de poder, patrocinaram o surgimento do Pacto de Varsóvia, com as mesmas características.
Veja abaixo um resumo da Europa e as organizações geradas pela Guerra Fria:
* Mercado Comum Europeu
** Conselho de Assistência Econômica Mútua da Europa Oriental

B. Decadência

Na década de 70, embora tenha havido diminuição da tensão entre as potências e uma série de acordos e tratados para limitar e reduzir a quantidade de armas nucleares (período conhecido como détente), ocorreu uma grande expansão do complexo industrial-militarde ambos os lados, já que havia a preocupação constante de superar tecno-logicamente o adversário. Estadunidenses e soviéticos promoveram altos investimentos em pesquisas, que redundaram em grandes avanços tecnológicos; nos países capitalistas, esses avanços foram gradativamente transferidos para as indústrias civis.
No entanto, a corrida armamentista levou ambos os lados ao esgotamento de recursos e ao aumento do déficit público e dos problemas sociais e econômicos.
A aparente trégua que vigorou na détente permitiu aos EUA reavaliar e reordenar, de forma mais flexível, sua política externa. O presidente Richard Nixon (posteriormente afastado devido ao escândalo deWatergate) e o secretário de Estado Henry Kissinger, que conceberam essa política de distensão, foram os responsáveis pela reaproximação com a China e pela retirada das tropas estadunidenses do Vietnã. No plano econômico, os EUA desvincularam o valor do dólar em relação ao do ouro (conforme estipulava o Acordo de Bretton Woods, de 1944), tornando-o flutuante, isto é, variável conforme as cotações do mercado e a inflação. Essa medida levou à desvalorização do dólar, fazendo com que os produtos exportados pelos estadunidenses se tornassem mais baratos e, portanto, mais competitivos. O resultado é que houve aumento no volume das vendas, com a ampliação e a retomada de mercados. Ainda assim, para que se superassem as contradições internas do sistema capitalista do qual eram arautos, perceberam a necessidade de implementar profundas mudanças, que viriam a se realizar nos próximos vinte anos.
Com inflação e desemprego em níveis preocupantes e com a influência mundial dos EUA em franco declínio perante o MCE (Alemanha, principalmente) e o Japão, Ronald Reagan, presidente dos EUA entre 1980 e 1988, passou a adotar uma política econômica liberal, provocando mudanças radicais ao implementar austeridade nos gastos públicos, incentivos às empresas (com diminuição de impostos) e maior protecionismo interno (barreiras alfandegárias). Desmonta o Estado de Bem-Estar Social, ampliando a faixa de pobreza e redu-zindo os salários em geral: “Todo poder ao mercado!”
Os resultados dessa política foram obtidos na década de 90, sob a presidência de Bill Clinton, com os EUA retornando à liderança mundial em termos econômicos e tecnológicos.
Reagan também foi responsável pela retomada da corrida armamentista e espacial (inclui-se o Projeto Guerra nas Estrelas) e prática de uma política externa agressiva. Isso contribuiu para o colapso da URSS, que para manter o equilíbrio de poder e fazer frente às provocações e aos avanços tecnológicos dos estadunidenses, viu-se obrigada a desviar recursos de sua economia já exaurida para pesquisas militares.
Ainda no plano econômico, Reagan incentivou a captação de recursos financeiros no exterior, via bolsas de valores, e a venda de títulos públicos, obtendo grandes excedentes de capitais (oriundos principalmente da Ásia, onde estavam disponíveis) para dinamizar a economia.
Os EUA recuperaram-se econômica e financeiramente, retomando espaços perdidos e, com a desintegração da União Soviética, assumiram a posição de única potência hegemônica em escala mundial.
A URSS, com um parque industrial obsoleto e graves dificuldades de abastecimento, evoluiu gradativamente para um estado de deterioração geral.
Durante o governo de Mikhail Gorbatchov (1985-1991), tentou-se superar o anacronismo e a obsolescência. Gastos militares e ajuda econômica a países aliados foram cortados e as tensões com o Ocidente, minimizadas. Gorbatchov não se opôs à reunificação da Alemanha após a queda do Muro de Berlim, tampouco às iniciativas liberalizantes em países satélites do Leste Europeu, tendo sido laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 1990. Tentou desfazer o monopólio burocrático do Partido Comunista e modernizar a economia (perestroika), bem como renovar as instituições políticas e instaurar um regime pluripartidário e transparente (glasnost). Com a forte resistência dos setores conservadores, a crise interna recrudesceu e a URSS desintegrou-se em 1991, sendo substituída pela CEI.
O período pós-Guerra Fria (o atual) dá seguimento ao aperfeiçoamento e ao redimensionamento dos países capitalistas industriais em crise, que buscam solucioná-la por meio de políticas econômicas de cunho liberal.

Exercícios Resolvidos

01. (Fuvest-SP) Que título você daria ao mapa ?



a) Sistemas econômicos mundiais
b) Norte rico, Sul pobre
c) Capitalismo e socialismo
d) Sistemas de defesa mundiais
e) Nações demográficas e totalitárias
Resposta: B. O mapa representa a Nova Ordem Mundial.


02. (Fuvest-SP 2001) Eles mesmos [os pobres] são a causa de sua pobreza; os meios de encontrar o remédio estão em suas mãos e não nas mãos de nenhuma outra pessoa.
T. Malthus, Ensaios sobre a população, 1798


Nas últimas décadas do século XX, concepções muito semelhantes a esta, sobre os pobres e a pobreza, são propagadas:

a) pelo neoliberalismo.
b) pela social-democracia.
c) pela democracia cristã.
d) pelo neopopulismo.
e) pelo justicialismo.

Resposta: A. O neoliberalismo é uma adaptação do liberalismo de pensadores como Adam Smith e Thomas Malthus.

6. Histórico do capitalismo

No sistema socioeconômico capitalista, os meios de produção, exemplificados por terras, indústrias, entre outros, pertencem a uma minoria chamada de burguesia ou capitalista. A maioria da sociedade forma a classe trabalhadora ou proletariada, que vive de salário pago em troca de seu trabalho.

6.2. Fases do Capitalismo

    
I. Fase Comercial



Observando a figura acima, notam-se as fases do capitalismo. A primeira, conhecida por capitalismo comercial, ocorre com a expansão marítima e comercial européia, evidenciando a decadência do feudalismo. Nessa fase, potências européias, como Portugal, Espanha, Inglaterra, entre outras, articulam a exploração de áreas incorporadas economicamente.
A exploração baseia-se na acumulação de metais preciosos, marcando o mercantilismo. São adotados dois tipos de colonização explicados ao lado.















II. Fase Industrial













A partir da segunda fase, começam as revoluções tecnológicas. Antes da Primeira Revolução Industrial, a economia apresentava uma lenta evolução tecnológica e a sociedade era marcada pela tradição e pelo caráter rural. Depois, a economia ficou marcada pela rápida evolução tecnológica e a sociedade caracterizou-se por constantes mudanças, destacando-se a urbanização. O capitalismo passou a conhecer sua incrível “destruição criadora” (Joseph Schumpeter) ou a máxima marxista“Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Iniciou-se, então, a fase industrial, marcada pelo imperialismo.


A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, país que se adaptou melhor ao mercantilismo, no século XVIII: a indústria foi a têxtil, o combustível foi o carvão e a grande inovação foi a máquina a vapor.
A Segunda Revolução Industrial ocorreu no século XIX, envolvendo Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Bélgica, EUA e Japão. Agora, o combustível foi o petróleo e a siderurgia destacava-se, transformando o século XIX na “era das ferrovias”. Em uma etapa posterior, no início do século XX, a indústria avançava com o motor a combustão.
Surgiram modelos de produção, destacando-se o fordismo e o taylorismo. No primeiro, ocorria a produção em série, na qual cada operário fazia uma tarefa simples na produção de uma mercadoria, havendo nítida divisão do trabalho. A esteira unia os operários, pois dela originava-se a mercadoria total ou completa. Aumenta-se a alienação, pois o operário não dominava mais o todo.
No taylorismo, apareceu o modelo gerencial do trabalho, ocorrendo a divisão entre o fazer e o pensar, enfatizando a divisão técnica. Houve controle rígido sobre o processo de trabalho, valorizando-se o supervisor e o encarregado.

III. Fase Financeira
A Terceira Revolução começou no pós-
-Segunda Guerra Mundial e envolveu a tecnologia de ponta, destacando-se indústrias como a eletrônica e a de aviação. O crescimento industrial acelerou, aumentando a concorrência internacional, originando astransnacionais que buscavam nos países mais pobres mão-de-obra barata, matéria-prima e mercado consumidor. Começou a fase financeira do capitalismo, envolvendo a famosa Guerra Fria.
A disputa pela hegemonia mundial entre EUA e União Soviética fez avançar a ciência, desenvolvendo ainda mais a tecnologia, exemplificada pelo computador. Surgiu o desemprego estrutural, no qual a tecnologia eliminou postos de trabalho.

6.2. Concentração do Capital

No capitalismo, as grandes empresas são favorecidas com a concentração do capital, surgindo os monopóliose os oligopólios. Em vários países, existem leis contrárias, tentando valorizar a livre iniciativa e a competição do mercado, mas a busca do lucro provocou o surgimento de outras maneiras de monopolismo.
  • Holdings correspondem a grandes empresas financeiras que controlam vastos complexos industriais, a partir da posse da maior parte de suas ações.
  • Trustes são grandes companhias que absorvem seus concorrentes ou estabelecem acordos entre si, monopolizando a produção de certas mercadorias, determinando seus preços e dominando o mercado; consiste, portanto, num domínio vertical da produção.
  • Cartéis são grandes empresas independentes e produtoras de mercadorias de um mesmo ramo que se associam para evitar a concorrência, estabelecendo divisão de mercados e definindo preços; faz-se, assim, o domínio horizontal da produção.

Exercícios Resolvidos

01. (ENEM) …Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes;…
Smith, Adam. A riqueza das nações. Investigação sobre a sua natureza e suas causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de 1977.

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:
I – Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários.
II – O texto refere-se à produção informatizada, e o quadrinho, à produção artesanal.
III – Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial não depende do conhecimento de todo o processo por parte do operário.
Dentre essas afirmações, apenas:
a) I está correta.
b) II está correta.
c) III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) I e III estão corretas.
Resposta: E
O texto e o quadrinho evidenciam a divisão social do trabalho – taylorismo – e o seu aprofundamento – fordismo –, ou seja, o operário especializa-se a ponto de não ter conhecimento do todo – produto final.
02. (Vest–Rio) Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as multinacionais otimizam mercados, recursos naturais e políticos em escala mundial. Uma nova forma de acumular lucros, uma nova divisão internacional do trabalho.
Kucinski, Bernardo. O que são multinacionais. Brasiliense, 1985
A nova divisão internacional do trabalho apresentada no texto tem como causa a seguinte atuação das multinacionais:
a) aplicação de capitais em atividades agropastoris, nos países periféricos.
b) implantação de filiais em países de mão-de-obra barata.
c) participação em mais de um ramo de atividade.
d) importação de matérias-primas do Terceiro Mundo.
e) exploração de novas fontes de energia.
Resposta: B
As transnacionais buscam lucros maiores nos países pobres.

7. Mundialização Desigual

Com base nos módulos anteriores, percebe-se que a globalização é uma característica do sistema capitalista e apareceu com a expansão marítima. É também conhecida por mundialização, pois envolve uma integração mundial, que marca a macroeconomia, devido ao grande capital representado pelo poder das transnacionais.
A investida neocolonialista, disfarçada sob o manto da globalização, nada mais é do que uma estratégia das grandes corporações financeiras e conglomerados industriais, visando à expansão de mercados, mediante o aproveitamento, em escala mundial, da experiência assimilada em suas regiões de origem.
Fórum OESP 13/10/97




Os países industriais desenvolvidos (ditos países centrais), grandes monopolizadores de capital, tecnologia e mercados, mascaram, sob o pretexto de reorganização econômica, tentativas de ampliar seus mercados por meio da continuidade da expropriação dos países do hemisfério sul, aprofundando cada vez mais o fosso que os separa.

Podemos ter uma única certeza quanto à concentração espacial da riqueza no contexto mundial: ela está concentrada no Hemisfério Norte, onde estão os chamados países plenamente desenvolvidos:
– América Anglo-Saxônica (EUA–Canadá)
– Europa Ocidental
– Japão
Encontramos, como exceção, dois países localizados no hemisfério sul considerados desenvolvidos plenamente no âmbito socioeconômico: Austrália e Nova Zelândia.
É importante destarcarmos que todas essas nações são democracias liberais, com rendas nacionais elevadas e mais bem distribuídas, necessidades e problemas sociais básicos resolvidos, economias de mercado, elevado padrão de vida da população, em termos gerais. Além disso, detêm o domínio mundial do capital financeiro e do desenvolvimento tecnológico. Devemos considerar as desigualdades internas.

Na globalização, ocorre maior integração e cooperação entre os países. Por outro lado, existem os excluídos, representados pelas nações que não constituem Estados nacionais. A globalização não dá conta do nacionalismo, destacando povos sem territórios, com conflitos étnicos e até tribais, como na África. Já os países emergentes, Brasil, Rússia e Tigres Asiáticos, dependentes do capital externo, do smart money(dinheiro esperto), da especulação, foram obrigados a abrir suas economias. Para não perderem esse capitalvolátil, elevam as taxas de juros, agravando os problemas sociais internos.
Enfim, a globalização reproduz o sistema capitalista, evidenciando o poder estadunidense, exemplificado pelo domínio econômico na Internet. Tornou-se mais uma ideologia que esconde os interesses econômicos dos EUA. Assim, a Internet ajuda a propagar o American way of life, como os filmes e revistas da época da Guerra Fria.


7.1. O outro lado da globalização

Sempre que você estiver em dúvida (...) aplique o seguinte teste. Lembre-se do rosto do homem mais pobre e mais fraco que você já tenha visto e pergunte a si mesmo se o passo que você pretende dar será de alguma utilidade para ele. Ele ganhará alguma coisa com isso?
Recuperará algum controle sobre sua própria vida e seu próprio destino?
Mahatma Gandhi
Costuma-se dizer que a resistência de uma corrente é medida não pelos seus elos mais fortes, mas, ao contrário, pelo mais fraco. Em tempos de globalização, não é difícil constatar a fragilidade do continente africano. Com exceção de alguns países e regiões, que, por serem ricos em recursos naturais, possuem algum grau de inserção na economia mundial, a grande maioria acha-se, literalmente, excluída. São dezenas de países que são incapazes de consumir, ao mesmo tempo que produzem poucas coisas de interesse para a economia mundial. Caso viessem a desaparecer, nem sequer seriam notados, pois, infelizmente, já não o são.
Não há outro lugar no mundo onde a herança colonial tenha deixado marcas mais profundas que na África.

Retalhada pelas potências européias, ansiosas por suprimentos de recursos naturais volumosos, a vida de seus habitantes foi completamente transformada, nas últimas décadas do século XIX, de maneira mais violenta que nos períodos anteriores. O estilo tradicional de vida dos seus habitantes foi impregnado pelos instrumentos de exploração que lhes deixaram marcas indeléveis. Embora exista enorme variedade de povos e culturas, essa pesada herança marca a sua história.
A presença européia em todo o continente resultou em uma partição que deu origem a diferentes “Áfricas”: a África do Norte, que foi arabizada séculos antes; a África Subsaariana, dominada pelos franceses, do lado ocidental, e pelos ingleses, do lado oriental; a África Centro-Austral, partilhada por franceses, belgas, portugueses, ingleses e alemães. Diversos modelos de organização política espoliativa acabaram por produzir diferenças regionais, conforme os diferentes projetos coloniais.

7.2. O mapa da desigualdade

No final de 1996, numa brilhante matéria assinada por Adriana Wilner, a revista brasileira Carta Capital publicou “A cartografia da desigualdade”, a partir de números publicados pelo Banco JP Morgan sobre dados financeiros do ano de l995. Nesse mapa, Octávio de Barros redesenhou o mapa-múndi, alterando o tamanho real de 22 países, deu-lhes contornos proporcionais ao seu “peso econômico” e desprezou suas áreas geográficas naturais. Assim, países como EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido (reunião de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) aparecem hipertrofiados pelo controle e domínio que exercem na economia mundial. Regiões e até continentes inteiros praticamente desaparecem, como éo caso da África, do mundo árabe e de grandes porções da Ásia. Na América Latina, só aparecem, pela ordem, Brasil, México e Argentina. Se fossem incluídos outros países europeus, os territórios do hemisfério sul apareceriam ainda menores, a não ser com os assinalados: Brasil, México, Argentina, África do Sul e Austrália. A imagem é chocante, pois caracteriza visualmente quem é quem na economia mundial, resultando que a maioria, simplesmente, inexiste. Apenas para fazermos um exercício mental de comparação entre o mapa modificado e as áreas originais, encontraremos dados curiosos, mesmo entre os “gigantes”. Os EUA são, entre todos esses países, o único a possuir proporções continentais. O Japão, que é o seu principal rival, tem um território quase trinta vezes menor. No Canadá caberiam,
folgadamente, duzentas Holandas. O mais dramático, contudo, é verificarmos que a grande maioria dos seres humanos está excluída do banquete da prosperidade. O continente africano e o sul da Ásia concentram o maior grau de pobreza da Terra. Informa-nos a matéria citada:A Nova Ordem Mundial se sustenta nas velhas desigualdades entre os habitantes, assim como nas velhas distinções entre classes de países. Os caciques da aldeia global são os 23 países desenvolvidos, que concentram nada menos que 80% do Produto Interno Bruto (PIB) do globo, US$ 20,5 trilhões, mas onde moram apenas 15% da população: Estados Unidos, Canadá, países da Europa Ocidental, Austrália, Japão e Nova Zelândia. Nesse grupo exclusivo, a renda per capita média é de US$ 24 mil. Nos outros 162 países, US$ 1 mil. E prossegue: Diariamente, circulam US$ 3 trilhões nos mercados financeiros mundiais. Diariamente, também, um quarto dos habitantes do planeta vai dormir com fome, o que corresponde a cinco vezes a população dos EUA.
Já foi dito que se pode medir a resistência de uma corrente pelo seu elo mais frágil. Nesses termos e contrariando a onda de triunfalismo que varre o mundo, o melhor a se fazer, para julgar o atual estágio de desenvolvimento humano, não é nos apegarmos às glamorosas imagens de felizes consumidores nosshopping-centers de Miami, Nova York, Paris, Frankfurt, Barcelona, Osaka, Amsterdã e outras cidades opulentas, mas, sim, observarmos desoladoras imagens, dantescas às vezes, das centenas de milhares de africanos tangidos pelo desespero de genocídios, massacrados pela fome devastadora e fixá-las em nossa retina como uma advertência: tais como as fotografias belas e dramáticas de Sebastião Salgado, em suma, o outro lado do Mundo que o Mundo teima em não ver.
Exercício Resolvido

(Vunesp) A globalização refere-se à aceleração do processo de internacionalização econômica promovendo inter-relações entre as diferentes partes do mundo. Os modernos meios de comunicação e transportes “diminuem” a distância física entre os lugares, e o planeta parece ficar cada vez menor. Blocos econômicos supranacionais são criados e fortalecidos, atuando de maneira conjunta no mercado internacional. Esta interdependência, porém, já mostra seus efeitos negativos, como se observa na figura que representa a taxa de crescimento do PIB latino-americano.
Org. Reinaldo Tronto. Com dados de RDH 2007/2008
a) Como a globalização pode gerar conseqüências negativas para um determinado grupo de países?
b) Identifique duas possíveis causas que explicam a diminuição da taxa de crescimento do PIB latino-americano em 1998.
Resposta

a) O processo denominado globalização, em razão dos fatores citados, articula as regiões mais dinâmicas da economia mundial sob a hegemonia estadunidense, européia ocidental e japonesa a áreas mais evoluídas dos países menos desenvolvidos. Assim, enquanto vários pontos são articulados, vastas regiões são excluídas, como se não existissem: quase toda a África, grande parte da América Latina e a Ásia. Um bom exemplo é o México, cujas regiões industriais foram aglutinadas ao Nafta e o sul (Chiapas) foi literalmente excluído.
b) A abertura econômica não-seletiva que expôs vários setores pouco desenvolvidos à extrema competição internacional; o elevado comprometimento das contas públicas por endividamento externo e por déficit interno em razão de práticas históricas paternalistas e/ou corruptas.