CARPE DIEN

sábado, 14 de agosto de 2010

2ªS SÉRIES - POPULAÇÃO BRASILEIRA

POPULAÇÃO BRASILEIRA

As Imigrações

1. Histórico

A palavra migração é usada quando ocorre deslocamento populacional, sendo exemplificada pelos tipos: transumância, nomadismo, pendular, êxodo rural, inter-regional e as internacionais. Neste último, aparece a imigração, isto é, a entrada de pessoas em um país. As causas destes deslocamentos são econômicas (emprego), religiosas, políticas e até naturais (terremoto).
O século XIX foi o mais importante para a imigração, graças às grandes transformações econômicas, sociais e políticas. Portugal organizou a própria desco-lonização brasileira, ou seja, para passar de colônia para república, ocorreu o império.

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Paul Hugon, Demografia Brasileira: ensaio de demoeconomia brasileira, p. 56; IBGE,
Anuário Estatístico do Brasil, 1970.

Pelo gráfico, a imigração começa oficialmente em 1808, com a abertura dos portos, e a transferência da sede do Império Português para o Rio de Janeiro, sendo fraca até 1830. Mas, de 1850, com a extinção do tráfico de escravos, até o governo Vargas (década de 1930) ocorreu o auge. Depois veio a decadência, em virtude das crises, ditaduras, restrições federais e da própria reconstrução européia pós-guerra, melhorando as condições de vida.
No auge, vários fatores explicaram o êxito da imigração, sobretudo a associação entre as péssimas condições de vida na Europa (guerras, pestes) com a cafeicultura do sudeste brasileiro, oferecendo empregos; e a própria abolição da escravidão em 1888.

2. Os Imigrantes

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IBGE

Observa-se, pelo gráfico, a política racista do governo federal, isto é, na substituição do trabalho escravo pelo assalariado, o governo não ofereceu o trabalho da cafeicultura para os africanos e sim para os euro-asiáticos, supondo que o "branqueamento" da nossa população deixaria o país "civilizado" e desenvolvido.
As principais regiões que receberam esses imigrantes foram o Sudeste e o Sul. A primeira em virtude, principalmente, da cafeicultura; e a segunda em virtude das fronteiras instáveis, uma vez que Paraguai, Uruguai e Argentina demonstravam interesses territoriais, o que obrigou nosso governo a adotar a política de ocupar para não perder.
Com isso, ocorreu o antagonismo regional, pelo qual o Sudeste desenvolveu-se em grandes propriedades monocultoras e o Sul desenvolveu-se em pequenas propriedades policultoras, graças à venda de terras aos imigrantes. Ao todo, chegaram mais de 5 milhões de pessoas no país, mas muitos não ficaram, por vários fatores, como a falta de uma política ou lei que respeitasse o imigrante. Muitos foram mal tratados e até escravizados como aconteceu com alemães e japoneses.
Confira, pela tabela, os principais imigrantes e suas respectivas áreas de fixação:

J.W. Vesentini, Brasil: Sociedade e Espaço
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3. Portugueses e Italianos

Grupo de imigrantes mais numerosos, os portugueses entraram no país em vários períodos, sobretudo de 1500 a 1808, 1891 a 1930 e após 1950, somando quase 1,8 milhão de imigrantes. Geograficamente, optaram por São Paulo e Rio de Janeiro, e uma minoria, por outros lugares. Contribuíram culturalmente com o idioma e a religião predominante no país (católica).
Após os portugueses, os italianos constituem o grupo mais abundante de imigrantes. O estado de São Paulo foi a principal área de destino desses imigrantes que, juntamente com outros grupos, substituíram o trabalho escravo nas lavouras de café.
Outros italianos tentaram a vida na região Sul, sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, principalmente, como pequenos agricultores, marcando a agricultura sulista com a mão-de-obra familiar e vitivinicultura.

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Leitura Complementar:

O Início da grande imigração


A dependência regional maior ou menor da mão-de-obra escrava teve reflexos políticos importantes no encaminhamento da extinção da escravatura. Mas a possibilidade e a habilidade de lograr uma solução alternativa – caso típico de São Paulo – desempenha-ram, ao mesmo tempo, um papel relevante.
A solução alternativa consistiu na atração de mão-de-obra européia para vir trabalhar nas fazendas de café. Por que não se tentou transformar escravos em trabalhadores livres, ou ainda, por que não se incentivou a vinda de gente das áreas pobres do Nordeste?
A primeira pergunta tem uma resposta mista. De um lado, o preconceito dos grandes fazendeiros dificul-tava ou mesmo impedia que eles imaginassem a hipótese de mudança de regime de trabalho da massa escrava; de outro, é duvidoso que, após anos de servidão, os escravos estivessem dispostos a ficar em uma situação não muito diversa da que tinham. Lembremos, nesse sentido, o fato de que os imigrantes se viram forçados a pressionar os fazendeiros, sobretudo quando ainda existia o regime servil, para alcançar uma condição melhor relativamente aos escravos.
A respostas à segunda pergunta tem um ponto de contato com a primeira. A argumentação racista que ganhou a mentalidade dos círculos dirigentes do Império, a partir de autores como Buckle e Gobineau, não desvalorizava apenas escravos ou ex-escravos. Os mestiços, nascidos ao longo da colonização portuguesa, eram também considerados seres inferiores e a única salvação para o Brasil consistiria em europeizá-lo o mais depressa possível. Ao lado desse fator cultural, outros devem ser considerados. Os senhores de engenho e plantadores de algodão do Nordeste haviam-se desfalcado recentemente de mão-de-obra escrava e não veriam com bons olhos a transferência de uma força de trabalho sob seu controle para o Centro-Sul...
O número de pessoas que entraram em São Paulo como imigrantes foi pequeno até os primeiros anos da década de 1880. Entre 1875 e 1879 registrou-se o ingresso de apenas 10.455 pessoas, cifra muito abaixo das necessidades da produção cafeeira. Os italianos, que haviam começado a chegar, pouco a pouco, a partir de 1874, não se conformavam com as condições de vida existentes no Brasil e muitos retornaram a sua terra. Em 1885 o governo italiano divulgou uma circular, descrevendo São Paulo como uma região inóspita e insalubre e desaconselhou a emigração para o Brasil.
As figuras mais proeminentes da elite paulista reagiram a esse estado de coisas, em um momento sensível, quando a desorganização do sistema escravista se tornava evidente. A Sociedade Promotora de Imigração, fundada em 1886 por iniciativa, entre outros, dos irmãos Martinho Prado Jr. e Antônio da Silva Prado, tomou uma série de providências a fim de atrair imigrantes para as fazendas de café...
Fonte: Boris Fausto, História concisa do Brasil


Exercícios Resolvidos

01. (PUC - SP) Por que diminuiu a imigração da Europa Ocidental para o Brasil após 1950?

Resposta
Os governos de países emigratórios europeus restringiram a saída de trabalhadores, aproveitando a mão-de-obra na reconstrução nacional, após a Segunda Grande Guerra. Soma-se a isso a melhoria das condições econômicas de alguns países da Europa Ocidental, que passaram a atrair a mão-de-obra proveniente dos países emigratórios.

02. (FUVEST-SP) Após a extinção do tráfico de escravos em 1850, o Brasil começou a atrair a mão-de-obra imigrante para a lavoura do café. O sucesso, nesta empresa, foi facilitado:

a) pela captação da corrente imigratória italiana e alemã para os Estados Unidos, em virtude da Guerra de Secessão.
b) pelas condições precárias de vida e intranqüilidade política na Europa, principalmente na Itália e Alemanha.
c) pela extinção da escravatura nos Estados Unidos, que praticamente eliminou a necessidade da mão-de-obra imigrante.
d) pelo desvio da corrente emigratória italiana e alemã para a Argentina, em virtude dos conflitos no Prata.
e) pela utilização de máquinas a vapor na indústria têxtil européia, que liberou grande quantidade de operários, sobretudo na Europa Central e Meridional.
Resposta: B

O governo Brasileiro realizou uma campanha com os fazendeiros, objetivando atrair imigrantes na Europa, no século XIX.

4. Espanhóis

Em relação ao número, representaram o terceiro maior grupo imigratório, e sua imigração é considerada antiga, graças à União Ibérica (1580/1640). O período mais importante ocorreu entre 1904 e 1914. Eles fixaram principalmente em São Paulo e, em menor número, no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Em razão do idioma e religião semelhantes, não tiveram dificuldades culturais de adaptação ao País.

5. Alemães

A partir de 1824, os alemães começaram a chegar, principalmente no Rio Grande do Sul (vale do rio dos Sinos), em colônias como São Leopoldo, Novo Hamburgo e Taquara. Em Santa Catarina, marcaram o vale do Itajaí, e áreas vizinhas, com colônias que deram origem a Blumenau e Joinville, entre outros. Atualmente, essa região é caracterizada pela indústria têxtil.


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Ao contrário dos italianos e espanhóis, os alemães tiveram uma integração cultural bastante difícil, em virtude da grande diferença entre as culturas. O principal período da entrada ocorreu de 1850 a 1871.

6. Japoneses

Começaram a chegar em 1908, sendo o maior período entre 1924 e 1934, e eram provenientes de áreas rurais do Japão. Dedicaram-se a atividades agrícolas e atividades urbanas relacionadas ao comércio.
Assim como aconteceu com os alemães, os japoneses também tiveram sérias dificuldades culturas de adaptação, notadamente pelo idioma, muito diferente do nosso. O estado de São Paulo foi o que mais recebeu esses imigrantes. Confira, pelo mapa, as áreas mais importantes.

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1 – Grande São Paulo: colaboraram na formação do cinturão hortifrutigranjeiro.

2 – Oeste paulista: região de Marília, Bastos, Tupã, Lins – dedicaram-se à cafeicultura e à cultura do algodão.

3 – Vale do Ribeira do Iguape: cultivaram o chá da Índia e a banana.

4 – Vale do Paraíba do Sul: cultura irrigada do arroz.

Outras áreas receberam os japoneses: o norte do Paraná, na cafeicultura, a zona de Bragantina, no Pará, no cultivo de pimenta do reino (cidade de Tomé-Açu) e o vale do Amazonas, nas culturas de juta e arroz.

4. Outros Imigrantes

Os eslavos, representados pelos russos, ucranianos e poloneses, concentraram-se no Paraná, em atividades agrícolas e extrativas (araucária), e fundaram cidades, por exemplo, Ponta Grossa. Chegaram principalmente entre 1872 e 1886.
Os suíços-alemães foram dos primeiros imigrantes a chegar ao país, por volta de 1819. Fundaram Nova Friburgo no Rio de Janeiro. Foi uma tentativa fracassada do governo em colonizar essa região, em virtude da falta de meios de comunicação e transporte.

Leitura Complementar:
Alemães, Italianos, Eslavos...

A colonização definitiva das áreas florestais do Sul só foi concretizada a partir do momento em que o governo imperial incentivou a vinda de imigrantes europeus para a região. Chegou-se a acreditar por algum tempo que os imigrantes teriam optado pelo Sul em virtude das condições climáticas da região. Como os imigrantes eram originários de regiões temperadas, eles teriam “escolhido” o Sul, que apresentava essas características. Na verdade, ao incentivar a vinda dos imigrantes, o governo tinha em mente objetivos de caráter estratégico.
Se no início do século XIX o Sul brasileiro era praticamente despovoado, o mesmo não acontecia nas regiões limítrofes. A Argentina e o Paraguai, especialmente, apresentavam expressivos agrupamentos populacionais nas proximidades do Brasil meridional. Assim, era de fundamental importância estratégica fixar de forma definitiva populações nessa região, para evitar que o vazio demográfico despertasse a cobiça dos vizinhos.
Costuma-se considerar que os primeiros imigrantes a se estabelecerem no Sul foram os alemães, na região de São Leopoldo (1824), ao norte de Porto Alegre; esse evento é considerado o marco inicial do período de imigração para o Brasil. Depois novas colônias alemãs, como, por exemplo, Novo Hamburgo, foram instaladas próximas a São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos. Os alemães ocuparam as regiões de relevo mais baixo. A encosta e o planalto seriam ocupados, mais tarde, por imigrantes italianos.

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Em 1851, era instalada a colônia alemã de Joinville; em 1854 a de Blumenau; e em 1860a de Brusque. Posteriormente, a colonização alemã expandiu-se pelo Vale do Itajaí catarinense. Mas esse fluxo diminuiu a partir de 1859, quando foi promulgado o Rescrito de Heydt, proibindo a saída de germânicos para o Brasil. Essa proibição decorreu da divulgação, na Alemanha, das más condições a que estavam submetidos muitos dos colonos que já se haviam fixado no Brasil.
Daí em diante, o maior fluxo passou a ser de italianos. Eles se fixaram nas enconstas e na área planáltica do norte de Porto Alegre, onde criaram várias colônias – entre as quais Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves. A proximidade das colônias italianas e alemãs com Porto Alegre foi fundamental para o seu crescimento. Parte considerável da produção colonial era destinada ao expressivo mercado consumidor que vinha se constituindo naquela que seria a futura metrópole gaúcha.
A colonização italiana também se verificou em Santa Catarina. Nesse Estado, os italianos se fixaram junto ao Vale do Itajaí, justapondo-se à colonização alemã preexistente. Houve também colonização italiana junto à encosta sul do planalto catarinense, na chamada “região carbonífera” (Criciúma, Urussanga, Lauro Müller). Todas essas áreas pioneiras de colonização européia passaram a ser conhecidas como “áreas coloniais velhas”, em oposição àquelas que foram ocupadas mais tarde, chamadas de “áreas coloniais novas”.
Ao final do século XIX, a imigração foi estimulada não só pelo governo federal, mas também por iniciativa dos governos provinciais e de empresas particulares. Nessa época, a imigração atingiu o seu auge com a continuação da entrada de italianos e a chegada, em menor quantidade, de pessoas de outras origens, especialmente eslavos (poloneses, russos, ucranianos), que se fixaram no centro-leste do Paraná.
José Arbex e Nelson Olic, A hora do Sul.

Exercícios Resolvidos

01. (Fuvest-SP) Iniciando sua imigração em 1908 e destacando-se no período de 1920 a 1934, os japoneses concentram-se principalmente nos estados de São Paulo e Pará. Especifique as áreas e os principais produtos por eles cultivados.

Resposta:
São Paulo: capital e arredores (hortifruticultura), vale do Paraíba (arroz e hortifruticultura), Oeste Paulista (algodão), vale do Ribeira (chá, banana); Pará: região Bragantina (pimenta-do-reino), vale médio do Amazonas (arroz e juta).

02.(Uniube-MG) Na segunda metade do século XIX, o Brasil recebeu um grande contingente imigratório. Um dos grupos de imigrantes se destaca por ter participado da fundação de várias cidades, tais como Blumenau, Joinville, São Leopoldo e Novo Hamburgo. O texto refere-se aos imigrantes:
a) italianos.
b) franceses.
c) alemães.
d) espanhóis.
e) portugueses.
Resposta: C

O auge da imigração alemã foi entre 1850 e 1871.

8. Emigrações

A queda da imigração foi motivada por vários fatores, como as melhores condições de vida no pós Segunda Guerra Mundial na Europa e o avanço da indústria paulista, que aproveitou os migrantes nordes- tinos, anulando a importância da imigração européia.
O governo federal, preocupado com o excesso de desempregados em regiões como o Nordeste, implantou as medidas restritivas (Constituição de 1934), oficializando a decadência da imigração.
Mais tarde, na década de 1970, começou o processo de reversão, pelo qual o país passou a ser emigratório, isto é, pessoas passaram a ir para o exterior, em razão do autoritarismo da ditadura militar (exilados), da crise econômica após o " Milagre Econômico" (1973 – 1º choque do petróleo) e do agravamento da crise na década seguinte.
Os brasileiros continuam buscando trabalho no exterior, "sonhando" em acumular dinheiro por um prazo, objetivando até voltar com melhores condições de investimentos. Como, geralmente, estão em condição ilegal nos países escolhidos, sofrem discriminação social, favorecendo a exploração. Observe, pela tabela, a localização desses brasileiros

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9. Decasséguis

São os imigrantes japoneses e seus descendentes, inseridos na nossa sociedade, os quais optam por trabalhar no Japão. Pela lei nipônica, o visto de trabalho é apenas para os nisseis, sanseis e para os casados com descendentes de japoneses.
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Revista Made in Japan / Ministério da Justiça do Japão
Leitura Complementar
Decasséguis
A pouco tempo de completar o centenário da chegada dos japoneses no Brasil, levas de imigrantes de origem japonesa partem daqui para o Japão. São os dekasseguis, os imigrantes ou descendentes que, já inseridos na sociedade brasileira, vão trabalhar temporariamente no Japão, visando aos altos salários ali pagos.
Até a segunda metade da década de 1970, havia o regresso de japoneses, mas inexistia o dekassegui. Nos últimos seis anos tem-se intensificado a saída de imigrantes japoneses e seus descendentes para o Japão, em sua maioria na faixa etária de 20 a 35 anos.
A crise econômica no Brasil, com a alta inflação, baixos salários e falta de perspectivas induz muitos a saírem do País em busca de atividade econômica mais rentável. Por outro lado, no Japão, desde 1984, começou a haver escassez de mão-de-obra para trabalhos não especializados, chegando a se tornar séria a situação, inclusive com o fechamento de fábricas. O imigrante japonês e seus descendentes passam a ser seduzidos com propostas tentadoras de trabalho no Japão. No início, eram recrutados via agências de turismo ou por outros intermediários, atraídos por anúncios em jornais de língua japonesa editados no Brasil. Em 1990 foi aprovada nova lei, no Japão, de controle da entrada de estrangeiros. Eles passaram então, a ser contratados legalmente.
O salário era convidativo e, por volta de 1986 explode um verdadeiro “boom” no movimento dekassegui. E não só originários do Brasil, mas também de outras comunidades japonesas como as da Argentina, Peru, Paraguai, Bolívia e outros. Filhos e netos dos imigrantes japoneses, com os mesmos problemas que tiveram seus pais e avós, quando saíram do Japão para o Brasil, percorrem agora o caminho inverso.
Estima-se que atualmente 230 mil dekasseguis brasileiros (legais e ilegais) trabalhem nos setores automobilístico, eletrônico e de alimentos. No Japão, nos tempos áureos, trabalhadores conseguiam salários de 3 mil a 5 mil dólares mensais. O movimento dekassegui injetou muito dinheiro no Brasil, que movimentou a economia local, visível principalmente nas cidades pequenas onde os dekasseguis começaram a adquirir imóveis e abrir negócios.
Mas o movimento dekassegui também criou problemas sociais: desaparecimento de pessoas: o marido vai ao Japão e pára de dar notícias e sustento à família ou o abandono dos velhos à sua própria sorte no Brasil. No Japão existem exploradores de decasséguis que, a título de comissão para arrumar emprego, extorquem parte de seus salários.
A mudança na situação econômica do Japão, nos últimos três anos, e a recessão fizeram diminuir a oferta de empregos e a procura por trabalhadores estrangeiros caiu 80%. A situação já não era confortável ou próspera antes (muito trabalho, sem luxo e sem lazer, só poupança; ambientes de trabalho hostis, de autoritarismo e discriminação social), piora com a crise econômica. Aumentou o número de dekasseguis brasileiros desempregados e muitos não têm nem dinheiro para a passagem aérea para retornar.
Famílias inteiras de brasileiros estão desempregadas e viraram sem-teto, debaixo de pontes e viadutos em cidades e na capital, Tóquio.
O principal motivo de atração é, sem dúvida, os altos salários pagos, em comparação com o Brasil, apesar da extensa jornada de trabalho e das dificuldades de adaptação. Normalmente, a maioria trabalha em indústrias eletrônicas, elétricas e de peças automobilísticas, e vivem em pequenos apartamentos, de preferência próximos ao trabalho.
Em 1997, com a crise asiática, o desemprego aumentou no Japão, e a recessão econômica inibiu a entrada de estrangeiros.
Imigração japonesa no Brasil,
Série Resumos.

10. “Brasiguaios”

São os brasileiros que, a partir da década de 1970, optaram por residir no Paraguai, incentivados pelos baixos preços da terra. O governo do país vizinho autorizou o loteamento de pequenas propriedades na região do Alto Paraná, atraindo os brasileiros, uma vez que a terra, do nosso lado (Paraná e Santa Catarina), era cara demais.
No entanto, houve corrupção por parte de empresas particulares e do próprio governo paraguaio no processo de colonização, como a venda de uma mesma propriedade a dois compradores, o que resultou em conflitos. Posteriormente, o pequeno produtor, abandonado pela falta de legislação, foi desapropriado e muitos vivem na miséria ou optam pela volta ao Brasil.
Apesar do desprezo e do abandono por parte do governo, na década de 1990 os "brasiguaios" foram responsáveis por 90% da soja e 80% do milho produzidos no Paraguai.

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M. Adas, Panorama Geográfico do Brasil.
Confira, no mapa outros exemplos emigratórios.

Exercícios Resolvidos

01. Quais foram os motivos que levaram o governo brasileiro a restringir a imigração a partir de 1934?

Resposta
As medidas restritivas à imigração, promulgadas nas Constituições de 1934 e 1937, deveram-se a dois motivos principais: a existência de um excedente de mão-de-obra no país, em especial no Nordeste (pela crise dos cultivos da cana-de-açúcar e do algodão), e o grau de consciência política dos imigrantes em geral, que realizaram as primeiras greves e constituíram espontaneamente os primeiros sindicatos de trabalhadores no Brasil.

02. (Vunesp) Os imigrantes japoneses começaram a chegar ao Brasil em 1908, atingindo, na atualidade, aproximadamente 1,5 milhão de “nikkeis”, os quais englobam imigrantes japoneses e seus descendentes. Nos últimos anos, tem crescido a ida de brasileiros para o Japão, principalmente na faixa produtiva dos 20 aos 35 anos. Esta inversão no fluxo migratório está vinculada à(ao):
a) desejo de conhecer e se engajar em trabalhos altamente especializados.
b) entrave burocrático provocado pela lei brasileira que proíbe o trabalho de imigrantes japoneses e seus descendentes.
c) desejo de fazer turismo a baixo custo, apesar dos altos salários recebidos no Brasil.
d) boa aceitação da comunidade japonesa, que reserva aos imigrantes os melhores e mais valorizados empregos.
e) engajamento no mercado de trabalho não-espe-cializado e temporário, através de agenciadores ou in-termediários.
Resposta: E

A migração de nipo-brasileiros para o Japão visa a suprir a demanda por mão-de-obra pouco especia-lizada.