CARPE DIEN

domingo, 4 de agosto de 2013

1ªS SÉRIES 3º BIMESTRE PORQUE O PÃO FICA MAIS CARO A CADA DIA?

CAROS ALUNOS DAS 1ªS SÉRIES 

NESTE 3º BIMESTRE VAMOS TRABALHAR INTERDISCIPLINARMENTE 

EM GRUPO COM ATÉ 4 ALUNOS, POR GRUPO

O TRIGO

VAMOS SABER ENTÃO, PORQUE O PÃO ESTA MAIS CARO A CADA DIA.





GRÃO DE TRIGO


SELECIONAMOS ALGUNS TEXTOS PARA AUXILIAR-LOS NESTA PESQUISA SOBRE O TRIGO




  
1. Introdução

A cadeia do trigo pode ser dividida em insumos, produção, moinhos, transformação e distribuição/consumo. Este artigo privilegia um segmento desta cadeia, que é o da produção, composto pelos produtores de trigo e suas cooperativas. O trabalho ganha importância pelo fato de que, no seu total, a cadeia tritícola brasileira movimentava, em 2002 (últimos dados estabelecidos), um total de R$ 37 bilhões (ROSSI e NEVES, 2004). Todavia, o trigo brasileiro continua enfrentando problemas na produção, comercialização e em sua viabilidade econômica. Para muitos, o que precisa ser esclarecido é até que ponto as dificuldades da comercialização do trigo nacional decorrem da facilidade de importação do trigo do exterior (FGV/IPEA, 1998). Para outros, o futuro da triticultura nacional está ameaçado e dificilmente chegaremos à auto-suficiência, pois os produtores brasileiros não possuem vantagens comparativas e competitivas suficientes diante de seus rivais argentinos.
A análise desse importante elo da cadeia tritícola brasileira, composto pelos produtores e suas cooperativas, busca oferecer uma luz para uma melhor compreensão das condições que o país tem para não só responder às dúvidas expostas, mas sobretudo apontar o caminho seguido pela produção de trigo no Brasil neste início de século XXI.

2. Aspectos da produção de trigo no Brasil na ótica da cadeia PRODUTIVA

Em 2002, a produção rural foi quantificada por meio da multiplicação da produção de trigo da safra 2001/2002 (2.913.900 toneladas e seu preço médio). Assim, o montante obtido com a comercialização daquela safra foi de R$ 1,152 bilhão. Considerando que o valor movimentado pelo segmento de insumos agrícolas foi de R$ 1,081 bilhão naquele ano, o saldo de R$ 71 milhões foi o resultado da agregação de serviços, mão-de-obra e margem de lucro de um nível para outro. No mesmo nível da produção de trigo encontram-se as importações de trigo-grão, pois a produção nacional não é suficiente para suprir as necessidades internas. Portanto, grande parte do trigo utilizado pelos moinhos é proveniente de outros países. No ano de 2002, as importações de trigo somaram R$ 2,634 bilhões. Assim, a produção rural juntamente com as importações de trigo em grão, em 2002, movimentou R$ 3,79 bilhões. Paralelamente, em 2002, o governo federal recolheu um montante de aproximadamente R$ 1,8 bilhão com a tributação dos agentes participantes da cadeia do trigo. Esses tributos (PIS/Pasep; Cofins e CPMF em cascata), recolhidos em 2002, estão distribuídos da seguinte forma entre os " elos" produtivos da cadeia (não estão inclusos aqui os setores de distribuição): insumos agrícolas: US$ 30,6 milhões (setor de sementes – US$ 2,5 milhões; corretivos - US$ 70 mil; defensivos – US$ 6 milhões; máquinas e implementos – US$13,5 milhões; fertilizantes – US$ 8,5 milhões); insumos para moinhos: US$ 47,2 milhões (setor de plásticos flexíveis – US$ 21 milhões; papelão ondulado – US$ 640 mil; açúcar – US$ 17 milhões; sal – US$ 790 mil; fermento – US$ 5,5 milhões; oxidantes – US$ 740 mil; enzimas – US$ 1,5 milhão); produção rural: US$ 11 milhões; moinhos: US$ 181 milhões; indústria de alimentos e rações: US$ 1,5 bilhão: (setor de massas – USS 76 milhões; panificação – US$ 66,5 milhões; padarias – US$ 665 milhões; biscoitos – US$ 113 milhões; ração animal – US$ 553 milhões) (ROSSI & NEVES, 2004).
Esse conjunto de informações comprova a importância relativa da triticultura na economia agrícola brasileira, justificando por si só um aprofundamento quanto à realidade do setor produtivo ligado ao cereal.

2.1. Impactos da desregulamentação na produção DE TRIGO

A intervenção do governo no mercado do trigo, consolidada no Decreto-Lei n° 210, de 1967, resultou em uma total desvinculação do mercado brasileiro em relação ao preço internacional. Para se ter uma idéia do descaso com a paridade internacional, em 1986 o preço internacional era de US$ 130,00/tonelada e o preço interno, em nível do produtor no Brasil, era de US$ 241,00/tonelada, passando a US$ 185,00/tonelada em 1987 e 1988. Em vista disso, a desregulamentação do setor e a abertura da economia não poderiam ter deixado de causar um profundo impacto no setor.
No momento da extinção da política oficial para o trigo, o preço CIF de importação se encontrava em nível bastante deprimido, pressionado pelos elevados volumes dos estoques mundiais e pelo amplo programa de subsídio às exportações do trigo estadunidense. Em 1991 e 1992, as cotações FOB Argentina chegaram a atingir US$ 90,00/tonelada. A partir de 1994, o Brasil deixou de adquirir o trigo estadunidense pelo programa de EEP (Programa de Incentivo às Exportações) e a sua referência internacional voltou a se situar aos níveis de US$ 159,00/tonelada FOB Golfo e US$ 120,00 a US$ 135,00 FOB Argentina.
Mesmo com a extinção da intervenção estatal, os preços mínimos no Brasil ainda se conservaram elevados em relação aos preços de mercado, passando o governo a adotar o sistema de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), além de a Conab ter permanecido ativa nas compras do cereal, com os níveis médios de sustentação fixados em US$ 94,52/tonelada, enquanto os preços internacionais mantinham-se ao redor de US$ 140,00/tonelada. O produto nacional ainda se direcionava para as mãos do governo, pois os moinhos tinham melhores condições na importação.
No período de 1995 até final de 1996, os preços internacionais se elevaram a níveis recordes devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda, e à queda no nível dos estoques mundiais, atingindo patamares de US$ 190,00 a US$ 220,00/tonelada, elevando os preços de importação e produzindo uma situação de convergência entre os preços externos e internos. Pela primeira vez desde a extinção do monopólio estatal de compra, a Conab deixou de ser a opção de mercado do trigo, processando-se negociações diretas entre os moinhos e os produtores, como convém a um mercado desregulamentado. Os preços mínimos foram reduzidos para US$ 157,00/tonelada, porém, a partir de 1997 com a reversão no cenário mundial e queda das cotações, voltaram a se situar acima dos níveis de paridade de importação. Os estoques de passagem da Conab nas safras 1996/97 e 1997/98 ficaram em 692.000 toneladas e 507.000 toneladas respectivamente, o que significou 25% e 30% da produção nacional do grão, indicando ainda uma forte intervenção estatal na comercialização do produto, operacionalizada por meio do mecanismo PEP, pelo qual o governo subvenciona a diferença entre o preço de mercado (mais baixo) e o preço mínimo (mais elevado) nos leilões de venda do produto.
A queda da produção, após a reforma, era esperada, porquanto o governo adquiria o produto a preços artificialmente acima da paridade antes da política de liberalização do mercado do trigo. Entretanto a intensidade da queda foi muito maior do que se poderia supor.
O setor produtor do grão, primeiro elo da cadeia do trigo, deu logo sinais de que esse processo de desregulamentação havia se constituído em um overshooting. A primeira safra de trigo nacional comercializada após a desestatização foi feita em um cenário de preços bastante deprimidos. Os moinhos passaram a se abastecer do trigo importado em razão dos preços relativamente mais baixos, da melhor qualidade e das facilidades de financiamento. Como a reforma da política extinguiu os preços de aquisição e introduziu o trigo na pauta de preços mínimos, devido à defasagem de preços, as primeiras safras, após a desestatização, foram parar nas mãos do governo ou foram vendidas aos moinhos a preços substancialmente mais baixos que os prevalecentes em períodos passados. As conseqüências foram sucessivas quedas de área e de produção. O governo reagiu com uma política de apoio através dos mecanismos tradicionais e criando ainda novos mecanismos, mas não foi capaz de deter a substancial redução da produção nacional.
Paralelamente, um princípio estava sendo questionado: liberdade de mercado para o setor agrícola pressupõe a não internalização de práticas desleais de comércio, e a competitividade pressupõe condições eqüitativas de concorrência entre os parceiros. No entanto, o governo brasileiro reagiu com descaso em relação à internalização de produto proveniente de países que subsidiavam suas produções e exportações. O argumento utilizado para evitar uma aplicação de salvaguardas foi o de que a elevação dos preços do trigo traria impacto sobre a inflação. Esse argumento havia sido utilizado pelo interesse organizado dos moinhos reiterado diversas vezes no passado. Na prática, para favorecer uma redução dos preços do trigo e derivados no mercado interno, o governo brasileiro apoiou fortemente a desregulamentação do setor e a abertura do mercado a qualquer produto importado. Essa medida, além de favorecer o trigo argentino, permitiu a livre entrada do trigo subsidiado diretamente dos EUA e da União Européia, ou através de triangulação via Uruguai e outros países, mesmo havendo a Tarifa Externa Comum no seio do Mercosul.
Tal estratégia colocou em xeque a produção nacional do cereal, levando a uma forte redução na oferta local pela redução na área plantada e diminuição dos investimentos em tecnologia por parte do produtor. Assim, de uma quase auto-suficiência em 1986/87 (6,5 milhões de toneladas), depois de duas décadas, o país retrocedeu para uma produção média que varia entre 4 e 6 milhões de toneladas, respondendo por cerca de apenas 50% da demanda interna. Além disso, não existem expectativas de recuperação dessa produção sem que sejam feitas alterações nas condições de mercado e na postura do Estado em relação ao produto.
Neste contexto, sob o ângulo do produtor, pode-se dizer que mesmo sem tempo e condições de estruturar-se para competir com o produto importado, esse passou a enfrentar (como enfrenta até hoje) a total falta de perspectiva de comercialização dos estoques de safras presentes e passadas, que se acumulam nos armazéns. A comercialização era e ainda é muito difícil com a presença de produto importado em condições de juros e prazos concessionais.
Assim, não foi tentada nenhuma medida para sustar o processo do surto de importações, que acarretou a redução de área e produção não esperados. Com a desregulamentação da comercialização e da industrialização do trigo no país, o mercado do trigo nacional desorganizou-se, agravado pelo fato de não ter sido adotada medida de salvaguarda que havia sido determinada pelo Congresso Nacional, preocupado que estava com o que poderia acontecer com o cereal diante das grandes mudanças que vinham ocorrendo nas normas da comercialização e industrialização no mercado interno. Tal realidade evidenciou igualmente a total fragilidade da cadeia do trigo brasileira, que jamais agiu como tal em busca da defesa da atividade. Constantes diferenças internas entre os membros da cadeia, onde o mais forte tira proveito do mais fraco, auxiliaram na estagnação da triticultura nacional a partir da retirada do Estado do processo. Essa realidade praticamente não se alterou até 2006, fato que continua comprometendo a triticultura nacional como uma atividade econômica rentável e viável.
Em suma, a excessiva regulamentação do setor criou distorções no mercado, tanto no produtor quanto na indústria. Quando foi retirada, causou efeitos de redução de área e cultivos do cereal. Não se levou à prática a intenção do governo de promover a abertura prevenindo a concorrência desleal do produto importado que, no caso do trigo, era ainda mais procedente, tendo em vista o processo de transição do setor de um mercado estatizado para um mercado livre.
Na prática, em meados dos anos de 1990, detectou-se o abandono de 1,8 milhão de hectares, antes ocupados com trigo. Anos depois, em 2005/06, a situação pouco evoluiu, salvo em momentos esporádicos, quando a produção foi estimulada por elevações de preço conjunturais.
Por outro lado, dentre os efeitos diretos de tal realidade e de acordo com estimativas feitas com base no coeficiente técnico do uso do fator trabalho por hectare, da ordem de um emprego por 15 hectares de trigo plantado, estima-se que foram perdidos cerca de 86.300 empregos na triticultura nacional devido à redução de área com a cultura. Além disso, perdeu-se um fator importante de rateio dos custos de máquinas, equipamentos, benfeitorias, terra e outros fatores, com a cultura da soja, no sistema de double cropping. Este rateio permitia reduzir os custos de produção de soja e outras culturas de verão na ordem de 15%. Em outras palavras, o aumento dos custos das culturas de verão plantadas na área abandonada de trigo foi da ordem de 15%.

2.2. Problemas e desafios

A partir do quadro pós-desregulamentação exposto, percebe-se que, na cadeia produtiva do trigo o segmento agrícola é o que apresenta maiores dificuldades para viabilizar e ampliar sua produção. Isso se deve, primeiramente, a uma forte retração nas vendas dos produtores, mediante a, retirada da intervenção estatal no setor. Em segundo lugar, porque há pouca organização e representatividade do segmento produtivo nas instâncias políticas de discussões.
Neste sentido, a montante, as unidades produtivas em geral, não se relacionam diretamente com os fabricantes de insumos, salvo no caso dos grandes produtores, que realizam suas compras diretamente na indústria. Uma parte dos produtores se relaciona com cooperativas para desfrutar de vantagens nas compras em comum, beneficiando-se de preços vantajosos, já que essas operam em grandes escalas e com margens mínimas. A atividade a jusante apresenta relações insípidas com os demais elos da cadeia produtiva e um dos motivos pode ser o tipo de matéria-prima produzida.
Essa matéria-prima, embora seja semelhante ao produto importado, nem sempre oferece melhores preços, e raramente, melhor qualidade e condições de pagamento. Desta maneira, o moageiro prefere adquirir sua matéria-prima no mercado internacional, privilegiando-se das condições oferecidas. Mesmo assim o cultivo de trigo, através de contratos entre a atividade agrícola e indústria moageira, acabou ganhando um novo fôlego, principalmente entre pequenos e médios moinhos, nos primeiros anos do novo século. O acordo é realizado mediante o adiantamento pelos moinhos de parte dos recursos que seriam pagos na comercialização do trigo. Através deste mecanismo, uma parte dos produtores pode realizar o plantio da safra futura sem as opções dos mecanismos financeiros tradicionais, a exemplo do crédito rural. Dessa maneira, o produtor e a indústria moageira dividem os riscos. A indústria garante parte da matéria-prima necessária para o processamento do ano seguinte e o produtor recebe pagamento antecipado de parte de sua produção.
No que tange à dinâmica de comercialização, a necessidade de determinada matéria-prima na indústria de transformação poderá fazer com que ocorra a ampliação do número de contratos entre os elos na cadeia produtiva. Um dos fatores que poderá tornar estes contratos mais freqüentes é a identificação, por parte da indústria moageira e de transformação, de quais são as exigências em relação à matéria-prima. De fato, com a ampliação do número de produtos na cadeia produtiva do trigo, as indústrias de transformação demandam matéria-prima com determinadas características. Com isso, abre-se espaço para contratos de fornecimento, vinculando a produção diretamente com a agroindústria, aumentando a integração da cadeia produtiva e tornando-a mais competitiva. A possibilidade do cultivo de trigo através de contratos entre produtores e indústria moageira impõe interesses comuns entre dois elos da cadeia produtiva.
Da mesma forma, a indústria de transformação necessitará de matérias-primas específicas, atuando de forma conjunta com os moinhos. Com a diversificação e ampliação de produtos no mercado, o consumidor passa a nortear toda a cadeia produtiva. Ou seja, ao identificar primeiramente o consumidor, suas características, padrões de preferência, tendências de mudanças, formas de organização social e capacidade de interferir sobre a cadeia, a indústria se tornará competitiva e dinâmica no tempo.
Neste sentido ZYLBERSZTAJN (1995) afirma que a competitividade de uma cadeia pode estar totalmente atrelada à sua capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças dos padrões de preferência dos consumidores. Ele também pressupõe a existência de canais contínuos de negociação dentro das cadeias. Sempre que o ambiente econômico ou social se modifica, as margens são realocadas ou negociadas. Mas isso só é possível com a maturidade da cadeia produtiva, definida por FARINA e ZYLBERSZTAJN (1991) apud ZYLBERSZTAJN (1995), como a forma pela qual cada ator na cadeia produtiva entende o seu consumidor. Conta também a eficiência com a qual pode adaptar-se às novas situações de mercado (ZYLBERSZTAJN Apud COLLE, 1998).
Na cadeia produtiva do trigo no Brasil, este processo ainda é incipiente e seus atores atuam de forma isolada e desarticulada, limitando a competitividade a alguns elos mais concentrados e, conseqüentemente, capitalizados.

2.3. Evolução e realidade da triticultura Sul Brasileira

Em sua fase moderna, a triticultura sul-brasileira pode ser dividida em cinco momentos distintos:
® 1968/1980 – sob o amparo do decreto-lei 210 de 1967, acontece grande expansão da área cultivada. No Rio Grande do Sul, a média anual é de 1.469.985 hectares, chegando a atingir o limite não mais repetido de 2.184.899 hectares no ano de 1979. O rendimento médio de grãos é de 802 quilos/hectare, com grandes frustrações nas safras de 1972 (309 quilos/hectare), 1977 (464 quilos/hectare) e 1979 (448 quilos/hectare).
® 1981/1985 – houve decréscimo da área média anual cultivada para 920.711 hectares, sendo a maior delas em 1982 (1.377.422 hectares), estimulada pelo promissor rendimento obtido na safra anterior. O rendimento médio de grãos é de 861 quilos/hectare, com o mínimo de 383 quilos/hectare em 1982 e o máximo de 1.225 quilos/hectare na safra de 1981.
® 1986/1989 – é o melhor momento da história da cultura do trigo no Rio Grande do Sul, quando atinge sua maior produção (1.810.710 toneladas) em 1986. A área média cultivada cresce apenas 7,29% em relação ao período anterior, passando para 987.806 hectares, enquanto a produção aumenta 107,14%, alcançando média anual de 1.641.176 toneladas. O rendimento evolui para 1.661 quilos/hectare, ficando apenas 186 quilos abaixo daquele obtido na Argentina em igual período. Nesse período, o Brasil quase alcançoua sua auto-suficiência na produção de trigo.
® 1990/1999 – extinto o monopsônio-monopólio estatal de trigo em 1990, ocorre acentuada queda na área média anual cultivada, situando-se em 572.447 hectares. O rendimento de grãos se reduz para 1.427 quilos/hectare, registrando 701 quilos a menos que a média obtida pelos produtores argentinos no período. A produção média anual atinge 759.648 toneladas, refletindo a queda nos preços de garantia e dificuldades no processo de comercialização (JACOBSEN, 2000).
® 2000/2005 – após o recuo na fase anterior, a área plantada aumenta no Estado gaúcho, chegando a 1,085 milhão de hectares em 2004, graças a um incremento importante nos preços externos e internos, em 2002/03, puxados por uma taxa cambial que chegou a quase R$ 4,00 por dólar em outubro de 2002. A produção vai a 2,16 milhões de toneladas, com um rendimento médio de 2.000 quilos/hectare. Em volume produzido e produtividade, foi o melhor ano na história da triticultura gaúcha. No entanto, por falta justamente de organização na cadeia e políticas adequadas, a produção caiu fortemente em 2005. Nesse ano, a área semeada recua para 930.000 hectares, a produção fica em 1,67 milhão de toneladas, e a produtividade recua para 1.800 quilos/hectare. A tendência para 2006 era ainda mais negativa, pois os preços do produto na safra de 2005 ficaram ao redor de R$ 18,00/saco, enquanto o preço mínimo oficial era de R$ 24,00/saco.
Por outro lado, no Rio Grande do Sul, o trigo apresenta algumas desvantagens em relação ao Paraná. A primeira, em função das condições climáticas, principalmente pela ameaça de geadas tardias. Enquanto no Paraná a colheita do trigo fora antecipada em até dois meses, permitindo que o produto fosse comercializado no centro do país antes da entrada do produto importado, oriundo principalmente da Argentina. Outro aspecto positivo em favor do Paraná é a proximidade com a Região Sudeste, maior centro consumidor e de processamento do país, o que possibilita o escoamento da safra com menores custos de transporte. Assim, o trigo produzido antecipadamente no Paraná torna-se competitivo no mercado brasileiro e é comercializado a preços mais elevados, viabilizando a pequena e média produção.
Diante de todos esses fatores o que se percebe no Rio Grande do Sul é a falta de condições financeiras para adotar tecnologias, onde pequenos e médios produtores estão abandonando a atividade, permanecendo apenas aqueles que apresentam condições de investir no negócio e gerar escala de produção. A julgar pelos dois últimos censos agropecuários realizados pelo IBGE, esses não representarão mais de 10% da totalidade dos produtores rurais ainda existentes num futuro próximo.
Em 1985, o número de agricultores que cultivavam trigo no Rio Grande do Sul era de 83.245, com área média de 11,44 hectares por produtor. Já em 1995/96 o número de triticultores no Estado caiu para 33.677, com área média colhida de 9,89 hectares. No Rio Grande do Sul, considerando a totalidade das terras que formam o estabelecimento, o Censo 1995/96 identificou que 15.774 produtores de trigo (46,84% do total) estavam em imóveis de menos de 1 hectare até menos de 20 hectares, e a área média colhida com trigo foi de 3,06 hectares. Em estabelecimentos com menos de 1 hectare até menos de 50 hectares estavam 27.914 dos produtores (82,89%), com 37,95% da área colhida e 33,21% da produção (1.203 quilos/hectare). A área média colhida de trigo por esse grupo foi de 4,53 hectares. Por sua vez, produtores com imóveis de 50 a menos de 100 hectares representaram 9,79% do total, colhendo 14,66% da área (média de 14,82 hectares), e foram responsáveis por 13,53% da produção (1.268 quilos/hectare). Os demais, com estabelecimentos cuja área é igual ou maior que 100 hectares, que somam 2.465 triticultores (7,32%), colheram 47,38% da área com trigo no Estado (63,99 hectares por estabelecimento) e 53,26% da produção (1543 quilos/hectare) (JACOBSEN, 2000).


Enviado por  Luis Nassif , ter, 08/05/2012 - 21:13
Autor:  Joana Marques
Trigo no Brasil é um alimento rico em nutrientes, seus derivados são fontes de carboidrato, vitamina B, proteínas, zinco e fibra alimentar. Ele compõe alimentos de baixo teor de gordura e açúcar, como o macarrão e pão francês, está presente em diversas receitas, sendo algumas delas molhos, cremes e massas, além de ser utilizado para empanar outros alimentos fritos, muito apreciado o país. Em função da variedade de possibilidades do trigo na cozinha, ele é consumido em grande escala pela população, tornando o Preço do Trigo um fator que movimenta, constantemente, a economia brasileira.
O cereal é produzido em cerca de 133 mil propriedades rurais no Brasil, constituindo um sistema que envolve 800 mil pessoas, segundo pesquisas do gênero. O país possui uma área propicia para a produção de 12 toneladas de trigo, considerando o tamanho da região utilizada para o cultivo do alimento, no entanto, a produção anual nem sempre atinge essa estimativa. Os investimentos na produção fizeram do Brasil uma referência mundial, devido ao grande rendimento das lavouras, cultivado desde o sul do país até a região do cerrado. 
Os estados da Bahia, Minas Gerias, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal é onde a produção está concentrada, as condições climáticas são favoráveis constituída de estações bem definidas, a quente, seca e chuvosa, além de temperaturas amenas, o que colabora para o plantio do trigo. O cultivo é praticado de duas maneiras nessas regiões: o irrigado e o sequeiro, resultando em duas safras ao ano. A primeira é uma técnica que oferece poucos riscos, o rendimento da plantação é alto, implicando em maior produtividade das lavouras de trigo. A segunda forma de cultivo do cereal é realizada entre os meses de fevereiro e março, depende da quantidade de chuvas e é uma técnica que proporciona a melhor cobertura do solo. O plantio direto é forma sustentável de cultivar o trigo, contribuindo para a fertilidade do solo.
O país possui um grande potencial de expansão do consumo de trigo, os índices de crescimento estão evoluindo de acordo com o aumento populacional. A produção do cereal impulsiona parte da economia do Brasil, sua importância na produção de alimentos justifica a pretensão de futuros investimentos no seu cultivo. Por isso, o Brasil deve manter seus investimentos para fazer do trigo uma das principais e mais rentáveis culturas do país.

RESUMO

O presente artigo tem como objeto a cadeia produtiva do trigo no Brasil e destaca a realidade econômica de seus principais elos, com ênfase nos elos da produção agrícola e industrial do cereal. Salienta-se que o artigo traz a atualidade do setor no Brasil, a partir da análise dos resultados de pesquisa de campo realizada com produtores rurais, cooperativas e moinhos de trigo. O estudo da cadeia tritícola brasileira, com seus problemas, oferece uma luz para melhor compreensão das condições que o país possui para não só responder às dúvidas expostas, mas, sobretudo, apontar o caminho seguido pela produção de trigo no Brasil nesse início de século XXI. A triticultura nacional está ameaçada e dificilmente alcançará a auto-suficiência, pois os produtores brasileiros não possuem vantagens comparativas e competitivas suficientes, particularmente em relação aos produtores argentinos. A comercialização do trigo também enfrenta dificuldades, tanto na questão de preços do produto, quanto na qualidade exigida pelos moinhos. A retirada da intervenção estatal na produção nacional de trigo, em 1990/91, que a deixou ao sabor do mercado, alterou completamente o quadro de competitividade dos produtores e da própria cadeia produtiva. Uma das principais conclusões é de que a cadeia tritícola brasileira não funciona a contento, a eficiência da produção nacional está em xeque e seu futuro, comprometido.
Palavras-chave: trigo, cadeia produtiva, competitividade. 


QUESTÕES A SEREM TRABALHADAS COMO CONTEÚDO DE AVALIAÇÃO

1 - O QUE É O TRIGO?

2 - SUA IMPORTÂNCIA SOCIAL?

3 - SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA?

4 - EXISTEM PROBLEMAS NA CULTURA DO TRIGO? QUAIS?

5 - É POSSIVEL REALIZAR UMA CULTURA SUSTENTÁVEL PARA O TRIGO? COMO?

6 - QUE PAÍSES COMPETEM COM A CULTURA DO TRIGO DO BRASIL?

7 - QUAL É A REALIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DO TRIGO NO BRASIL? COMO ELA ESTA ESTRUTURADA?

8 - O TEXTO ABAIXO MOSTRA COMO A DESREGULAMENTAÇÃO NO CASO DO TRIGO CAUSOU IMPACTOS. QUE IMPACTOS FORAM ESTES?
“A intervenção do governo no mercado do trigo, consolidada no Decreto-Lei n° 210, de 1967, resultou em uma total desvinculação do mercado brasileiro em relação ao preço internacional. Para se ter uma idéia do descaso com a paridade internacional, em 1986 o preço internacional era de US$ 130,00/tonelada e o preço interno, em nível do produtor no Brasil, era de US$ 241,00/tonelada, passando a US$ 185,00/tonelada em 1987 e 1988. Em vista disso, a desregulamentação do setor e a abertura da economia não poderiam ter deixado de causar um profundo impacto no setor”