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terça-feira, 8 de maio de 2018

1AS SERIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 05 - VOL 1 - A MUDANÇA DAS DISTÂNCIAS GEOGRÁFICAS TEXTO DE APOIO


1AS SERIES


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
A MUDANÇA DAS DISTÂNCIAS GEOGRÁFICAS

E OS PROCESSOS MIGRATÓRIOS

Em Geografia, pode-se afirmar que a globalização diz respeito à construção de novos espaços e novas relações sociais desenvolvidas nesse quadro. Trata-se de uma nova configuração geográfica que se superpõe aos territórios nacionais, por vezes conflituosamente, outras harmoniosamente. Isso pode significar mudanças importantes nos próprios Estados nacionais com a presença, em seus territórios, de pontos de rede de corporações transnacionais e de redes técnicas, propiciando um aumento extraordinário da circulação de capital, de bens industriais, de serviços e informações produzidos na escala mundial. Essa agilidade da circulação se dá porque os espaços globais são suportes ativos dos processos socioeconômicos que ocorrem na escala mundial. Esses negócios são alimentados pelo que há de mais avançado em tecnologias de produção e circulação. Assim esses espaços da globalização se realizam como expressões geográficas da nova ordem mundial. O Brasil foi o quarto pais da América a receber a receber pessoas de outros países.
O marco do início da imigração em nosso país foi o decreto assinado em 1808 por D. João VI, que permitia a posse de terras por estrangeiros. A partir daí grandes contingentes de portugueses, italianos, alemães, espanhóis, eslavos e japoneses, entre outros, procuraram o Brasil como nova pátria.
 

A IMIGRAÇÃO JAPONESA

O Brasil é o país que tem a maior comunidade japonesa fora no exterior. São 1.500.000 pessoas entre japoneses e seus descendentes. Isso resulta de uma onda migratória proporcionada pelo Tratado de Amizade, Comercio e Navegação Brasil-Japão, assinado em 1895. De 1908 a 1941 migraram para o Brasil 188.986 japoneses. Esse fluxo foi interrompido pela Segunda Guerra Mundial e retomado nos anos 1950, quando vieram mais 53.555 imigrantes.

A situação se inverteu: agora são 225.000 brasileiros que estão trabalhando no Japão. No entanto, atualmente não existe a mesma rigidez na imigração Brasil-Japão quanto houve na imigração Japão-Brasil ocorrido no início do século XX, na qual inúmeros camponeses pobres perfizeram os 18.557km em 52 desgastantes dias de viagem dentro de um navio, sem a possibilidade de “bater em retirada” e retornar a sua terra natal. Todavia, algo muito interessante e surpreendente aconteceu na geografia do mundo contemporâneo atualmente o Japão está bem mais próximo do nosso país. Se antes essas distâncias eram extensas 18.557km. Nada mudou? Mudou sim: os extensos 18.557km significam 52 dias de navio e os atuais 18.557km correspondem a 24 horas de voo de avião. Em termos gerais, para as populações atuais dos dois países, essa mesma distância e outra, tem outro significado em suas vidas, mas essa não e a melhor forma de se medir as distancias geográficas. Uma aceleração no percorrer da distância geográfica. Uma aceleração dada pelo desenvolvimento e pelo acesso a novos meios tecnológicos que fizeram o espaço geográfico ser outra coisa; uma aceleração que altera as relações entre essas duas sociedades (Brasil-Japão).

PROBLEMATIZAÇÃO DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS INTERNACIONAIS: ACELERAÇÃO E FECHAMENTO DE FRONTEIRAS

O aumento da mobilidade geográfica de bens, mercadorias e pessoas é a globalização das relações humanas, cujo potencial transformador já demonstrou seu poder, embora muito ainda esteja por acontecer. Nesse novo cenário o documento mais importante nesse mundo globalizado não é mais a carteira de identidade e sim o passaporte.

Potencialmente as condições para que as migrações se acelerem estão dadas:

1 – é mais fácil viajar, os meios de transportes são mais eficientes e os custos mais baratos:

2 – Pode-se fazer experiências temporárias. Porém, há restrições político-sociais ao processo migratório. Por isso o que menos circula no “mundo globalizado” são as pessoas. Mesmo assim, as migrações cresceram bastante em comparação com o passado.

3 – No início do século XXI, o fechamento das fronteiras fez aumentar o número de clandestinos, o que é difícil de estimar. Por exemplo: seriam uns sete milhões nos EUA.

4 – Para os países de origem, as consequências por vezes são negativas, como por exemplo, no caso da fuga de cérebros.

5 – As consequências são positivas para grupos que permanecem em razão da remessa de recursos: em 2005 foram 225bilhões de dólares, o que representa mais que a ajuda oficial direta para o desenvolvimento. Por vezes um imigrante sustenta em média, dez pessoas.

A GLOBALIZAÇÃO E AS REDES GEOGRÁFICAS

INTERNET

A uma organização do espaço geográfico que permite que o mundo esteja aqui e que estejamos no mundo e que a ele pertençamos. Essa nova organização permite que os fluxos se acelerem. E essa nova ordem geográfica é uma ordem de redes geográficas.

Os territórios nacionais possuem fronteiras, distancias geográficas, culturais, políticas e econômicas diversas, mas o contato entre suas populações é cada vez mais intenso e isso se dá por meio de um “concorrente” do território: a rede geográfica. A rede geográfica tem o poder de ultrapassar as fronteiras nacionais.

AS CORPORAÇÕES

Corporação é um grupo que reúne várias empresas de diversos ramos e que concentra muito capital e interesses sob um único controle. Há corporações que tem empresas que atuam no ramo do petróleo, no industrial, no agronegócio, no sistema financeiro e n produção de filmes para o cinema e televisão, por exemplo. Isso só se explica quando os lucros crescem, os grupos econômicos vão diversificando seus negócios e suas localizações, a fim de garantir maiores lucros.

As empresas globais:

Após a Segunda Guerra Mundial, as grandes empresas dos países desenvolvidos “invadiram” os países subdesenvolvidos para fabricar seus produtos e aumentar seus mercados de consumo.

Desse modo, não só fugiram dos pesados impostos e das severas leis trabalhistas de seus países de origem, mas também aproveitaram as vantagens da mão de obra mais barata nas novas unidades. Como seus produtos eram feitos em vários países, ficaram conhecidas multinacionais. Hoje prefere-se denomina-las transnacionais, uma vez que não são empresas de vários países, como a antiga terminologia poderia sugerir, mas empresas de um só país cuja ação ultrapassa fronteiras. As corporações econômicas mais poderosas transcendem os espaços nacionais e criam um espaço global com base numa malha de redes técnicas e geográficas.

O interesse das grandes empresas é economizar tempo, aumentando a velocidade da circulação. Os fluxos de mercadorias, de serviços, de informações circulando rapidamente pelas redes técnicas (transportes e telecomunicações) no mundo todo permitem o acesso a vastos mercados (e muito mais). As corporações que tem acesso, controle e investimento nessas redes técnicas obtém desse fato uma grande dose de poder econômico.

Nos anos de 1980, as grandes empresas transnacionais perceberam que o modo de produção multinacional já não correspondia ao seu objetivo básico, isto é, mais lucro e aumento dos investimentos. Portento procuraram uma forma de aumentar esses lucros com redução de custos (matéria-prima e mão de obra). A empresa transnacional passou, então, a ser global, isto é, a aproveitar todas as vantagens que o espaço mundial oferece. Ela, por exemplo, pode fazer o seu projeto nos Estados Unidos, fabricar os componentes em Taiwan e montar o produto na Argentina. Uma transnacional se instala sempre em lugares onde encontra vantagens para que seu produto chegue ao mercado a preços mais baixos e com maior lucro para a empresa. Na fábrica global, os processos de produção são mundializados, isto é, possuem unidades de produção complementares em vários países.

OS GRANDES FLUXOS DO COMERCIO MUNDIAL E A CONSTRUÇÃO DE UMA MALHA GLOBAL



Com o fim da velha ordem bipolar e a volta do mundo ao capitalismo, que prioriza o lucro e propriedade privada, a economia mundial passou a funcionar segundo a lógica desse sistema. As mudanças fundamentais que ocorreram nessa fase do capitalismo financeiro passaram a ser chamada de globalização. Na globalização a um crescente aumento dos fluxos de informações, mercadorias, capital, serviços e de pessoas, em escala global. São as redes, que podem ser materiais (transportes) ou virtuais (internet). A integração de economias, culturas, línguas, produção e consumo através das informações, transformaram o mundo em uma aldeia global. Com a facilidade e a rapidez dos fluxos comerciais e de capitais, entre os países, tornou-os extremamente dependentes uns dos outros, apesar da concorrência. Com a globalização e a economia-mundo, não se discutem apenas problemas econômicos na aldeia global. Podemos falar, também, na mundialização de questões que devem ser resolvidas por grupos de países. Dentre as quais destacam- se as questões ambientais, o aumento da pobreza, as crises econômicas, os direitos humanos, o tráfico de drogas e as ações terroristas.


2AS SÉRIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 05 - VOL 1 - OS CIRCUITOS DA PRODUÇÃO (I): - O ESPAÇO INDUSTRIAL - TEXTO DE APOIO


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5

OS CIRCUITOS DA PRODUÇÃO (I):


O ESPAÇO INDUSTRIAL


Produção do espaço, sistemas técnicos e divisão territorial do trabalho.

(Resumo)

Como a produção do espaço resulta do trabalho social que se funda no sistema técnico imperante em cada fase da história, o conjunto das tarefas executadas pela sociedade reflete a correlação entre espaço produzido e as técnicas disponíveis em determinada época, também chamada de ciclo. O Brasil nasceu na região do nordeste atual, do litoral (com a cana) ao interior ou o amplo sertão nordestino, com a pecuária. Neste, sucederam do séc. XVII ao XXI vários sistemas técnicos caracterizantes da pecuária, cotonicultura, extrativismo, agroindústria e turismo. Cada um com suas especificidades de trabalho.


Tomamos, como referência territorial, uma parte de uma das unidades político-adiministrativas, o estado do Ceará no Nordeste Oriental, cujo trabalho sempre esteve ligado, direta ou indiretamente, à ordem internacional, quer da metrópole (Portugal) quer de outros mercados.


Palavras-chave: sistemas técnicos, pecuária, atividades extrativas, agro-indústria e turismo.


O espaço, como produto do trabalho social, estabelece a condição de continuidade da sociedade, pois cada nova geração sobrevive utilizando-se dos objetos do passado, superpondo-lhes ou acrescentando-lhes outras criações. O geógrafo Allen Scott (1988) diz que "sob as pressões da acumulação, o mundo social está continuamente sendo transformado e retransformado".

Com o tempo, o espaço se complexifica e, com as novas condições de comunicabilidade entre os grupos sociais, o espaço ultrapassa o local, tornando-se universal.
As técnicas de uma época estão no espaço produzido. O tempo está, assim, no espaço. Neste, o tempo se denuncia pela presença de diferentes modos de produção. Daí Santos (1980, p.163) dizer que "cada vez que o uso social do tempo muda, a organização do espaço muda igualmente. De um estágio da produção a um outro, de um comando do tempo a um outro, de uma organização do espaço a uma outra, o homem está cada dia e permanentemente escrevendo sua História, que é ao mesmo tempo a história do trabalho produtivo e a história do espaço."



No capitalismo, essas exigências de fazer e refazer formas assumem um caráter cíclico. Harvey (citado por Soja, 1993) sintetizou esse caráter do sistema: "as contradições internas do capitalismo expressam-se através da formação e re-formação irrequietas das paisagens geográficas. É de acordo com essa música que a geografia histórica do capitalismo tem que dançar, ininterruptamente"


Essa afirmação de David Harvey nos leva ao tema dos ciclos, debatidos e teorizados por pensadores de diferentes posturas ideológicas 2, como a teoria dos ciclos longos ou das ondas de Kondratieff.


Nesse corpo teórico, a análise ultrapassa os limites da economia, porquanto vê o sistema em sua totalidade, incluindo "componentes tecnológicos e sociais em interação com o subsistema econômico (Perez) ou, como nos diz o economista brasileiro Ignácio Rangel: "os ciclos econômicos não são apenas fatos econômicos. São fatos sociais, no mais alto sentido dessa expressão" (Folha de São Paulo, 04/08/88). Se são fatos sociais, exprimem-se nas feições da "segunda natureza".


Esses ciclos estão relacionados com as mudanças tecno-econômicas e sócio-institucionais. À medida que elas apresentam uma sintonia há uma tendência de refazer-se da crise e o sistema toma impulso, fase em que se propõe chamar de fase "A". Quando o sistema capitalismo entra em crise, com o desajuste dos dois subsistemas (tecno-econômico e sócio-institucional), entra na depressão ou fase "B".



Desde o século XVIII que, com o controle e a condensação do conhecimento tecnológico transformado em técnica, o capitalismo reedifica-se e solidifica-se, embora dentro das contradições que lhe são inerentes. Os grandes períodos, grandes ciclos ou ondas longas, de duração entre 50 e 60 anos, são marcados por determinados conjuntos de descobertas, de inovações conjugadas que estabelecem uma nova forma de produção e de consumo, possibilitando uma outra dinâmica à vida global da sociedade, afeiçoando-a a um outro paradigma. Dessa maneira, mudam-se as funções, ressurgem formas novas para melhor atender a reanimação dos fluxos de que resulta a produção de um novo espaço, o espaço da modernidade de então. É por isso que podemos falar do espaço de uma determinada época, de novas funções das formas ressurgentes, de "rugosidades"3, de reestruturação do sistema da renovação do espaço geográfico e de inovação das modalidades e das formas de relações de trabalho.



Na compreensão do economista europeu Joseph Schumpeter (1883-1950), essa fluidez do sistema em, periodicamente, apresentar rupturas e posterior ajustamento deve-se à sua dinâmica basear-se na vaga contínua de destruição criativa. Essa ideia se fundamenta na ação dos empresários inovadores que, diante da crise, assimilam a nova ordem técnica e adotam métodos capazes de produzir a custo menor. A base do contexto capitalista está na "abertura de novos mercados, externos ou internos, e o progresso de organização desde o artesanato até a indústria que, incessantemente, revoluciona a estrutura econômica, destruindo incessantemente a antiga e incessantemente criando uma nova. Este processo de destruição criativa é o fato essencial do capitalismo" (Schumpeter,1946, p.103-4).


Para Soja (1993), "a reestruturação, em seu sentido mais amplo, transmite a noção de uma ruptura nas tendências seculares, e de uma mudança em direção a uma ordem e uma configuração significativamente diferentes da vida social, econômica e política. Evoca, pois, uma combinação sequencial de desmoronamento e reconstrução, de desconstrução e tentativa de reconstituição..." (p. 193). O espaço é a expressão mais significante dessa mudança. Nesse aspecto, a cidade é o lugar de maior demonstração do espaço reconstruído e criador de extensores capazes de vincular diferentes pontos, proporcionando a abertura de novos mercados que oferecem meios para a nova ordem que se constrói. Dela partem as ordens, as informações e as comunicações que definem as modalidades de uso dos territórios, da organização da produção e de forma de existência do homem.


Embora esse norteamento teórico esteja mais intimamente relacionado ao conjunto global do sistema capitalista, essa reflexão nos leva a compreender porque subespaços também passam por ciclos. Isso ocorre, especialmente, quando notamos a inserção econômica e produtiva desses subespaços. Isto se faz quando esses pedaços de espaço recebem ordens externas, como sempre tem sido o caso do nordeste brasileiro.
O outro momento foi marcado pela Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou uma mudança decisiva no plano da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política industrializante, a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos. Vargas investiu forte na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se a criação de:


* Conselho Nacional do Petróleo (1938)
* Companhia Siderúrgica Nacional (1941)
* Companhia Vale do Rio Doce (1943)
* Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)



Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930:


Em 1946 teve início a produção de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Volta Redonda, que abriu perspectivas para o desenvolvimento industrial do pais, já que o aço constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou tipos de indústria. [2]
Em 1950 alguns problemas de grande importância dificultaram o desenvolvimento industrial:


* falta de energia elétrica;
* baixa produção de petróleo;
* rede de transporte e comunicação deficientes.


Para tentar sanar os dois primeiros problemas, o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobras.
Em 1956, com a chegada de Juscelino Kubitschek ao poder, o Brasil entra na chamada fase desenvolvimentista. Juscelino estabeleceu um Plano de Metas que tinha com objetivo "crescer cinqüenta anos em cinco ". Desenvolver a indústria de base, investir na construção de estradas e de hidrelétricas e fazer crescer a extração de petróleo, tudo com o objetivo de arrancar o Brasil de seu subdesenvolvimento e transformá-lo num país industrializado. Os industriais brasileiros continuavam investindo nos setores tradicionais (tecido, móveis, alimentos, roupas e construção civil), e as multinacionais entravam no Brasil pela primeira vez, para a produção de bens de consumo. O plano teve tanto conseqüências positivas quanto negativas para o país.

Por um lado, deu-se a modernização da indústria; por outro, o forte endividamento internacional por causa dos empréstimos, que fizeram possível a realização do plano e a dependência tecnológica, sem falar na inflação que assolou o país. Houve também um grande êxodo rural, porque, à medida em que os centros urbanos se desenvolviam, as características da vida rural não progrediam e reformas não eram implementadas.


O Plano de Metas dividiu-se em 31 metas que privilegiavam 5 setores da economia brasileira: energia, transporte, indústrias de base, alimentação e educação.


Após 1964, os governos militares, retomaram e aceleraram o crescimento econômico e industrial brasileiro. O Estado assumiu a função de órgão supervisor das relações econômicas. O desenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.


Ocorreu uma maior diversificação da produção industrial. O Estado assumiu certos empreendimentos como: produção de energia elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de rodovias e outros, assegurando para a iniciativa privada as condições de expansão ou crescimento de seus negócios.
Houve grande expansão da indústria de bens de consumo não-duráveis e duráveis com a produção inclusive de artigos sofisticados.



Aumentou, entre 1960 e 1980, em números significativos a produção de aço, ferro-gusa, laminados, cimento, petróleo.


Para sustentar o crescimento industrial, houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta, através de financiamento de consumo. Foi estimulada, também, a exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais. Em 1979, pela 1ª vez, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da agricultura, minérios, matérias-primas).



A década perdida, é uma referência à estagnação econômica vivida pela América Latina durante a década de 80, quando se verificou uma forte retração da produção industrial e um menor crescimento da economia como um todo. Para a maioria dos países, a década de 80 é sinônimo de crises econômicas, volatilidade de mercados, problemas de solvência externa e baixo crescimento do PIB.


No Brasil, a década de 80 trouxe o final do ciclo de expansão vivido nos anos 70 (milagre econômico).
Chama-se de globalização, ou mundialização, o crescimento da interdependência de
todos os povos e países da superfície terrestre.


O elemento básico desse sistema de mundo é o processo de globalização da economia, que atinge todo um conjunto de fatores econômicos: a produção, as patentes, as finanças, o comércio e a publicidade. Numa economia mundial integrada, o processo econômico das grandes empresas é pensado em escala global.


- Efeitos da globalização:


- comunicação mundial integrada;
- aumento do desemprego;
- a concorrência dos novos fatores econômicos.


 O Neoliberalismo é a intervenção do governo de maneira indireta na economia, uma vez que não havia a possibilidade de uma disciplina no mercado quando este flutuava de acordo com a lei da oferta e da procura.


3AS SÉRIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 05 - VOL 1- CHOQE DE CIVILIZAÇÕES - TEXTO DE APOIO



A Nova Ordem Mundial

Choque de Civilizações


1. Introdução



Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense (mundo bipolar). 


Naquela época, a divisão do mundo era a seguinte: Primeiro Mundo ou os países capitalistas desenvolvidos, Segundo Mundo ou os países socialistas e Terceiro Mundo ou os países capitalistas subdesenvolvidos. 

Com a crise do socialismo e, consequentemente, o fim da Guerra Fria, iniciou-se uma nova ordem mundial.


Em qualquer período histórico, podemos assinalar a vigência de uma ordem mundial (ou ordem hegemônica), que caracteriza a relação de equilíbrio de poder entre os “países potências” e suas respectivas áreas de influência.


A Geopolítica – estudo geográfico do espaço natural e do espaço humanizado, com o objetivo específico de produzir diretrizes que orientem, viabilizem e fortaleçam o poder do Estado – é a ciência que oferece os lineamentos teóricos e ideológicos pelos quais esta relação deve se pautar.


Um dos pioneiros no estudo da Geopolítica, Karl Haushofer, definiu-a da seguinte maneira: “A Geopolítica deve ser e será a consciência geográfica do Estado”. Outro, Richard Henning, ampliou tal definição ao afirmar que “a Geopolítica quer fornecer materiais à ação política, quer servir de guia para a vida prática; permite passar do saber ao poder, quer ser a consciência geográfica do Estado”.


O poder dos Estados, conforme a orientação geopolítica que adotam para justificar sua ação imperial, tem limites flexíveis, fluidos, que podem crescer ou encolher. O limite do poder de um país é o espaço físico em que sua dominação se faz presente. Um exemplo clássico pode ser apontado na famosa doutrina Monroe, expressa pelo presidente dos EUA James Monroe, em 1823, pela qual os EUA alertavam as potências européias que veriam com desagrado qualquer tentativa de recolonização no continente. 


Mais ainda, proclamavam: “A América para os americano”. Longe de uma preocupação solidária com a independência política de seus vizinhos, tal doutrina manifesta, na verdade, a demarcação clara do continente americano como área de influência dos EUA, que dessa forma impuseram limites à ampliação do espaço de dominação europeu.

 A leitura geopolítica adequada para o lema da doutrina Monroe seria: “A América para os estadunidenses!”
A ordem atual é marcada por várias características, entre as quais se destacam o neoliberalismo, a multipolaridade, a divisão Norte rico e Sul pobre, a globalização e os blocos econômicos. 


Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais da nova ordem mundial.



2.Neoliberalismo



O liberalismo foi uma doutrina política e econômica defendida pela burguesia e por pensadores como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus. Os princípios básicos liberalistas são a livre concorrência, a livre iniciativa e o direito à propriedade privada.O neoliberalismo surgiu como doutrina no final da década de 1930 e foi posto em prática a partir da década de 1970, propondo menor participação do Estado na economia e defendendo a idéia de que o mercado tem capacidade de promover o desenvolvimento econômico e social. O melhor exemplo é a privatização das empresas estatais. Na prática, o Estado neoliberal reduz os gastos públicos na educação, saúde e habitação, aumentando as desigualdades sociais.



3. Divisão e multipolaridade



O período em que vivemos é conhecido como pós-Guerra Fria. É um período em que o mundo está marcado pela multipolaridade e pelas áreas de influências para a exploração econômica. Três pólos ou áreas centrais do capitalismo se sobressaem: EUA, Japão e a União Europeia. Os “quintais” ou áreas subordinadas são, respectivamente, América Latina, Ásia e Oceania, África (parte setentrional) e Oriente Médio.


4.Globalização



Existem vários conceitos, mas, para simplificar, a globalização consiste no aumento das relações de interdependência (comerciais, industriais, financeiras e tecnológicas) entre os países. É apelidada de “aldeia global”em virtude do avanço da tecnologia, cuja ação tem feito a Terra tornar-se cada vez menor, ou seja, os países estão mais próximos.


Historicamente, a globalização é um processo de integração das economias nacionais que está transformando a superfície do planeta num espaço econômico cada vez mais unitário. Começou com as Grandes Navegações e acelerou com a Revolução Industrial, as multinacionais e, atualmente, com a tecnologia de ponta.


Atualmente, questiona-se a globalização, em razão do aumento da miséria no Sul pobre, que se contrasta com o aumento da riqueza nos países que lideram esse processo. Será que os países pobres estão preparados para competir com os ricos? Será que a globalização é mais uma jogada geopolítica para manter o sistema privilegiando uma minoria? Conclusão: resta-nos acreditar que aprendendo informática, inglês, espanhol, etc. entraremos no mundo moderno criado pelos EUA.



5.Os blocos econômicos


Verificando sua própria origem, o capitalismo caracterizou-se por ser um sistema em que a interdependência econômica e política entre as nações constituiu-se como base para o seu funcionamento. A idéia dos blocos surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial, em virtude da fragilidade européia de concorrer com os EUA Pacífico), entre outros.



6. CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES


A teoria do CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES, do historiador americano Samuel Huntington, propõe uma mudança radical do paradigma que vem sendo utilizado para a compreensão da política internacional.



Foi desenvolvida a partir de um artigo com mesmo título que saiu em 1993 na revista "Foreign Affairs", alcançando grande repercussão e provocando intensos debates. Para o autor, no mundo pós Guerra Fria, a principal fonte de conflito se dá na esfera cultural, e não na ideológica ou econômica. As pretensões universalistas do Ocidente o levam cada vez mais para o confronto com outras civilizações, em especial, com o Islã e a China.



Essa teoria busca construir uma visão ocidental sobre os conflitos que marcam diferentes países (paradigma civilizacional).
A aceitação dessa teoria sem nenhuma reflexão crítica, representa um certo reducionismo no entendimento da geografia do mundo atual em virtude de se desconsiderar fatores geopolíticos, históricos e econômicos.




"A política mundial está sendo reconfigurada seguindo linhas culturais e civilizacionais. Nesse mundo, os conflitos mais abrangentes, importantes e perigosos não se darão entre classes sociais, ricos e pobres, ou entre outros grupos definidos em termos econômicos, mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais. As guerras tribais e os conflitos étnicos irão ocorrer no seio das civilizações. 


Entretanto, a violência entre Estados e grupos de civilizações diferentes carrega consigo o potencial para uma escalada na medida em que outros Estados e grupos dessas civilizações acorrem em apoio a seus ‘países afins’. 


O sangrento choque de clãs na Somália não apresenta nenhuma ameaça de um conflito mais amplo. 


O sangrento choque de tribos em Ruanda tem consequências para Uganda, Zaire e Burundi, mas não muito além desses países. 


Os sangrentos choques de civilizações na Bósnia, no Cáucaso, na Ásia Central e na Caxemira poderiam se transformar em guerras maiores. Nos conflitos iugoslavos, a Rússia proporcionou apoio diplomático aos sérvios, enquanto a Arábia Saudita, a Turquia, o Irã e a Líbia forneceram fundos e armas para os bósnios, não por motivos de ideologia, de política de poder ou de interesse econômico, mas devido à afinidade cultural. 


Václav Havel assinalou que ‘os conflitos culturais estão aumentando e são mais perigosos hoje em dia do que em qualquer momento da História’, e Jacques Delors concordou que ‘os futuros conflitos serão deflagrados mais por fatores culturais do que pela economia ou pela ideologia’. E os conflitos culturais mais perigosos são aqueles que ocorrem ao longo das linhas de fratura entre as civilizações."