CARPE DIEN

terça-feira, 8 de maio de 2018

3AS SÉRIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 05 - VOL 1- CHOQE DE CIVILIZAÇÕES - TEXTO DE APOIO



A Nova Ordem Mundial

Choque de Civilizações


1. Introdução



Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense (mundo bipolar). 


Naquela época, a divisão do mundo era a seguinte: Primeiro Mundo ou os países capitalistas desenvolvidos, Segundo Mundo ou os países socialistas e Terceiro Mundo ou os países capitalistas subdesenvolvidos. 

Com a crise do socialismo e, consequentemente, o fim da Guerra Fria, iniciou-se uma nova ordem mundial.


Em qualquer período histórico, podemos assinalar a vigência de uma ordem mundial (ou ordem hegemônica), que caracteriza a relação de equilíbrio de poder entre os “países potências” e suas respectivas áreas de influência.


A Geopolítica – estudo geográfico do espaço natural e do espaço humanizado, com o objetivo específico de produzir diretrizes que orientem, viabilizem e fortaleçam o poder do Estado – é a ciência que oferece os lineamentos teóricos e ideológicos pelos quais esta relação deve se pautar.


Um dos pioneiros no estudo da Geopolítica, Karl Haushofer, definiu-a da seguinte maneira: “A Geopolítica deve ser e será a consciência geográfica do Estado”. Outro, Richard Henning, ampliou tal definição ao afirmar que “a Geopolítica quer fornecer materiais à ação política, quer servir de guia para a vida prática; permite passar do saber ao poder, quer ser a consciência geográfica do Estado”.


O poder dos Estados, conforme a orientação geopolítica que adotam para justificar sua ação imperial, tem limites flexíveis, fluidos, que podem crescer ou encolher. O limite do poder de um país é o espaço físico em que sua dominação se faz presente. Um exemplo clássico pode ser apontado na famosa doutrina Monroe, expressa pelo presidente dos EUA James Monroe, em 1823, pela qual os EUA alertavam as potências européias que veriam com desagrado qualquer tentativa de recolonização no continente. 


Mais ainda, proclamavam: “A América para os americano”. Longe de uma preocupação solidária com a independência política de seus vizinhos, tal doutrina manifesta, na verdade, a demarcação clara do continente americano como área de influência dos EUA, que dessa forma impuseram limites à ampliação do espaço de dominação europeu.

 A leitura geopolítica adequada para o lema da doutrina Monroe seria: “A América para os estadunidenses!”
A ordem atual é marcada por várias características, entre as quais se destacam o neoliberalismo, a multipolaridade, a divisão Norte rico e Sul pobre, a globalização e os blocos econômicos. 


Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais da nova ordem mundial.



2.Neoliberalismo



O liberalismo foi uma doutrina política e econômica defendida pela burguesia e por pensadores como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus. Os princípios básicos liberalistas são a livre concorrência, a livre iniciativa e o direito à propriedade privada.O neoliberalismo surgiu como doutrina no final da década de 1930 e foi posto em prática a partir da década de 1970, propondo menor participação do Estado na economia e defendendo a idéia de que o mercado tem capacidade de promover o desenvolvimento econômico e social. O melhor exemplo é a privatização das empresas estatais. Na prática, o Estado neoliberal reduz os gastos públicos na educação, saúde e habitação, aumentando as desigualdades sociais.



3. Divisão e multipolaridade



O período em que vivemos é conhecido como pós-Guerra Fria. É um período em que o mundo está marcado pela multipolaridade e pelas áreas de influências para a exploração econômica. Três pólos ou áreas centrais do capitalismo se sobressaem: EUA, Japão e a União Europeia. Os “quintais” ou áreas subordinadas são, respectivamente, América Latina, Ásia e Oceania, África (parte setentrional) e Oriente Médio.


4.Globalização



Existem vários conceitos, mas, para simplificar, a globalização consiste no aumento das relações de interdependência (comerciais, industriais, financeiras e tecnológicas) entre os países. É apelidada de “aldeia global”em virtude do avanço da tecnologia, cuja ação tem feito a Terra tornar-se cada vez menor, ou seja, os países estão mais próximos.


Historicamente, a globalização é um processo de integração das economias nacionais que está transformando a superfície do planeta num espaço econômico cada vez mais unitário. Começou com as Grandes Navegações e acelerou com a Revolução Industrial, as multinacionais e, atualmente, com a tecnologia de ponta.


Atualmente, questiona-se a globalização, em razão do aumento da miséria no Sul pobre, que se contrasta com o aumento da riqueza nos países que lideram esse processo. Será que os países pobres estão preparados para competir com os ricos? Será que a globalização é mais uma jogada geopolítica para manter o sistema privilegiando uma minoria? Conclusão: resta-nos acreditar que aprendendo informática, inglês, espanhol, etc. entraremos no mundo moderno criado pelos EUA.



5.Os blocos econômicos


Verificando sua própria origem, o capitalismo caracterizou-se por ser um sistema em que a interdependência econômica e política entre as nações constituiu-se como base para o seu funcionamento. A idéia dos blocos surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial, em virtude da fragilidade européia de concorrer com os EUA Pacífico), entre outros.



6. CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES


A teoria do CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES, do historiador americano Samuel Huntington, propõe uma mudança radical do paradigma que vem sendo utilizado para a compreensão da política internacional.



Foi desenvolvida a partir de um artigo com mesmo título que saiu em 1993 na revista "Foreign Affairs", alcançando grande repercussão e provocando intensos debates. Para o autor, no mundo pós Guerra Fria, a principal fonte de conflito se dá na esfera cultural, e não na ideológica ou econômica. As pretensões universalistas do Ocidente o levam cada vez mais para o confronto com outras civilizações, em especial, com o Islã e a China.



Essa teoria busca construir uma visão ocidental sobre os conflitos que marcam diferentes países (paradigma civilizacional).
A aceitação dessa teoria sem nenhuma reflexão crítica, representa um certo reducionismo no entendimento da geografia do mundo atual em virtude de se desconsiderar fatores geopolíticos, históricos e econômicos.




"A política mundial está sendo reconfigurada seguindo linhas culturais e civilizacionais. Nesse mundo, os conflitos mais abrangentes, importantes e perigosos não se darão entre classes sociais, ricos e pobres, ou entre outros grupos definidos em termos econômicos, mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais. As guerras tribais e os conflitos étnicos irão ocorrer no seio das civilizações. 


Entretanto, a violência entre Estados e grupos de civilizações diferentes carrega consigo o potencial para uma escalada na medida em que outros Estados e grupos dessas civilizações acorrem em apoio a seus ‘países afins’. 


O sangrento choque de clãs na Somália não apresenta nenhuma ameaça de um conflito mais amplo. 


O sangrento choque de tribos em Ruanda tem consequências para Uganda, Zaire e Burundi, mas não muito além desses países. 


Os sangrentos choques de civilizações na Bósnia, no Cáucaso, na Ásia Central e na Caxemira poderiam se transformar em guerras maiores. Nos conflitos iugoslavos, a Rússia proporcionou apoio diplomático aos sérvios, enquanto a Arábia Saudita, a Turquia, o Irã e a Líbia forneceram fundos e armas para os bósnios, não por motivos de ideologia, de política de poder ou de interesse econômico, mas devido à afinidade cultural. 


Václav Havel assinalou que ‘os conflitos culturais estão aumentando e são mais perigosos hoje em dia do que em qualquer momento da História’, e Jacques Delors concordou que ‘os futuros conflitos serão deflagrados mais por fatores culturais do que pela economia ou pela ideologia’. E os conflitos culturais mais perigosos são aqueles que ocorrem ao longo das linhas de fratura entre as civilizações."