Leitura Complementar
O que é um mapa?
Quem quiser se orientar rapidamente sobre alguma região do mundo, deve recorrer a um mapa ou a um atlas. Podemos dispor também de um grande número de obras de referência e bibliografias especializadas para a obtenção de informações geográficas precisas. O uso mais simples que se pode fazer de um mapa é tentar localizar a própria cidade natal. Foi esse o primeiro impulso que sentiu o cardeal Espinosa da Espanha ao receber de presente das mãos do célebre cartógrafo flamengo Abraham Ortelius (1527–1598) um exemplar de seu novo atlas. O cartógrafo acabou se arrependendo de seu gesto, pois, como o cardeal não achou sua cidade natal, ele teve que refazer sua chapa de cobre.
Durante muito tempo, discutiu-se a respeito da definição de mapa. A mais concisa é certamente esta: uma representação reduzida e plana da superfície terrestre.
A dificuldade técnica de representar o globo terrestre ou partes dele de modo exato e fiel numa superfície plana foi resolvida de diversas maneiras. Quanto maior a superfície real, tanto menor a sua representação no papel, até a representação de toda a Terra no mapa-múndi. Quanto menor a superfície real, tanto maior a sua representação, até o nível de uma planta.(...)
A maior parte dos mapas modernos estão orientados para o norte, como já acontecia aliás com os mapas da Antigüidade; isto significa concre-tamente que o norte fica na parte de cima do mapa. Na Idade Média, os mapas mostravam com freqüência uma orientação inversa. A própria palavra “orien-tação” quer dizer, originalmente, “posicionamento em relação ao leste, ao oriente, de onde surge a luz ”.
Os mapas da Renascença muitas vezes estão orientados para o sul. Os cartógrafos modernos adotaram o esquema de orientação em uso na Antigüidade simplesmente porque a direção para o norte é a mais fácil para os habitantes do hemisfério Norte. (...)
O termo “carta”, que tem sua origem na palavra greco-egípcia , é usado hoje, com pequenas variações, na maior parte das línguas européias para designar os mapas ou cartas geográficas. Seu significado antigo era papiro, papel ou, simplesmente, folha para escrever e desenhar. Foram os portugueses os primeiros a usá-lo nessa acepção de representação gráfica sobre um plano de uma parte ou da totalidade da superfície terrestre. Ainda no ano de 1713, o mapa era considerado pelo geógrafo alemão Gottfried Gregorii como uma “pintura” artística, uma tradição que remonta à Cosmografia de Ptolomeu: “Ninguém pode ser um bom cartógrafo se não for também um bom pintor”. (...)
Quando os cartógrafos não participavam pessoalmente das viagens, esforçavam-se, em suas oficinas, para lançar no pergaminho, papel, vidro ou nas chapas de cobre os resultados dessas viagens de descobrimento. Ao tentar preencher os espaços vazios no interior dos países longínquos, com detalhes característicos de costumes, vestimentas e habitações dos nativos, os cartógrafos nos fornecem, de um lado, os primeiros registros daquelas terras e de seus habitantes, mas, por outro lado, nos contam também a história de seu tempo. Assim, os mapas são igualmente um tipo de espelho que reflete as visões religiosas e filosóficas, os interesses e os conhecimentos da época de sua confecção. (...)
DREYER-EIMBCKE, Oswald. O Descobrimento da Terra. São Paulo, Melhoramentos, Edusp, 1992. p.15-7.