Geografia: Regionalização do Espaço Mundial
Regionalização dos espaços mundiais: repensando
classificações
Objetivo(s)
Ler e
interpretar diferentes representações cartográficas para compreender questões
contemporâneas da realidade mundial. Compreender e utilizar noções de
território e rede geográfica para analisar processos e eventos da realidade
mundial.
Conteúdo(s) Regionalização - Espaços
mundiais
Desenvolvimento
1ª
etapa
Introdução
Classificar
determinados objetos, eventos ou fenômenos implica separá-los, ordená-los e
agrupá-los segundo determinados critérios e objetivos. Durante muito tempo, a
Geografia, de modo geral, e a geografia escolar, em particular, operaram com
classificações de países segundo seus níveis de desenvolvimento econômico-social
ou organização do modo de produção. Assim, classificações de países como
desenvolvidos, subdesenvolvidos, em desenvolvimento, 1º, 2º e 3º mundo, países
ricos e países pobres, entre outras, povoaram os livros escolares, muitas vezes
sem explicitar os critérios e indicadores utilizados ou até mesmo ficando à
margem do profundo e acelerado conjunto de mudanças que vêm afetando os quatro
cantos do planeta nas duas últimas décadas.
Entre
elas, as extraordinárias inovações tecnológicas nos meios de transporte,
comunicação e informação, o advento da globalização (ainda que centrada na
economia, comunicação e informação), a consolidação de conglomerados
transnacionais e do sistema financeiro global (atores cada vez mais
desterritorializados), o desmoronamento do "socialismo real",
surgimento ou desaparecimento de novos Estados nacionais, a emergência de redes
geográficas de alcance planetário, a constituição de blocos comerciais
regionais, o elevado crescimento econômico de "países emergentes" e
outros. Vale a pena citar a dinâmica espacial dos circuitos ilegais da economia
(sobretudo o narcotráfico) e dos chamados grupos terroristas, que utilizam
redes de comunicação modernas e frações de diversos territórios como base de
suas operações.
Também
parece cair por terra a certeza de que as fronteiras nacionais estavam com os
dias contados, já que recrudescem formas de vigilância e controle de acesso aos
territórios, num "retorno do território" especialmente nos Estados
Unidos e na Europa ocidental, não raro alegando questões de segurança nacional.
Conflitos e guerras regionais, de cunho marcadamente territorial, também se
inscrevem nessa lógica.
Embora
o uso das classificações convencionais seja frequente tanto em manuais
escolares como em veículos de imprensa, o que se recomenda é o seu uso de forma
cuidadosa. Assim, reconhecer formas de regionalização - processo contínuo e
desigual de diferenciação de áreas, ou constituição de regiões - dos espaços
mundiais para fins de análise tornou-se tarefa muito mais complexa, para além
da soma de indicadores econômicos ou do papel das nações numa dada divisão
internacional do trabalho.
Convide
os estudantes nesta sequência didática a examinar criticamente essas questões,
refletindo sobre novos elementos que tornam mais intrincadas e complexas as
relações entre lugares, povos, nações e culturas no mundo contemporâneo.
Para
iniciar o trabalho, proponha uma análise crítica sobre as classificações regionais de países que aparecem no mapa 1 na pág. 10 e mapa 2 que devem pesquisar sobre uma
regionalização por desempenho econômico 1º, 2º e 3º mundo. Sugira que reflitam e deem exemplos sobre a possibilidade
ou não dessas classificações regionais apreenderem a complexidade do mundo em
que vivemos. Converse com a turma e mostre que, no caso do primeiro mapa,
países como a China, Índia e outros do Sudeste asiático alcançaram nos últimos
anos expressivos resultados econômicos e melhoria de indicadores sociais,
especialmente no caso da primeira. O mesmo critério se aplicaria em diferentes
doses a outros países, como Coréia do Sul, México e Brasil. No caso do segundo
mapa, destaque que muito pouco dessa classificação pode ser aproveitada
atualmente, face à ruína do modelo soviético e a consequente incorporação de
nações como as do Leste europeu à economia de mercado. Devem ser considerados
também os bolsões de pobreza na América do Norte e as ilhas de prosperidade nos
países considerados pobres ou subdesenvolvidos. Peça aos estudantes que
organizem as informações que resultaram de suas observações e dos debates em
sala de aula.
2ª
etapa
Proponha
a seguir o exame do esquema elaborado pelo geógrafo David
Harvey, com sistemas de comunicação e seu
alcance planetário. Eles auxiliam na compreensão da constituição de redes
geográficas contemporâneas. Do latim retis, que significa "fio", a
rede é um conjunto de linhas interconectadas que permitem a circulação de
fluxos de toda ordem. Elas asseguram a interação entre diferentes espaços, já
que no contexto atual tornam mais rápido e eficiente o transporte e a
circulação de bens, pessoas e informações. Embora haja uma difusão desigual das
inovações, essa nova geografia das redes possibilita também comunicações
instantâneas à distância e cria as condições para que empresas transnacionais e
o sistema financeiro global operem em escala planetária. Os alunos poderão
verificar isso também na configuração de outras redes, como o acesso à internet
e usuários desse sistema no mundo ou via as operações no mercado financeiro, o
"dinheiro que nunca dorme". Peça aos estudantes que registrem as
novas observações.
3ª
etapa
Solicite à turma que observe agora o mapa 4 que apresentam organismos e blocos econômicos
que denotam processos de integração regional no mundo e no exemplo do
continente americano. Os blocos, sejam eles áreas de livre-comércio, uniões
aduaneiras ou mercado comum, são associações criadas por grupos de países para
retirar entraves aos intercâmbios comerciais e permitir aos países-membros a
adoção de regras comuns internas e nas relações com outros blocos ou nações - o
que lhes confere maior peso político e econômico na arena mundial do que se
fizessem transações individualmente. Expressando novas fronteiras econômicas,
possibilitam a proteção dos mercados internos ao mesmo tempo em que viabilizam
a participação em melhores condições no competitivo mercado mundial.
Chama
atenção na constituição dos diferentes blocos as associações entre países em
diferentes condições econômico-sociais, assim como a participação de vários
Estados nacionais em mais de um organismo de cooperação econômica. De outro
lado, não foram superadas ainda uma série de questões de ordem política e
cultural internas aos blocos, como o nacionalismo e o separatismo. Leve em
conta também que no debate internacional envolvendo questões econômicas ou
geopolíticas, é possível reconhecer alianças entre países
"desenvolvidos" e "subdesenvolvidos", caso dos protocolos
sobre meio ambiente, ou que colocam países pobres em posições opostas, caso da
candidatura de países para integrar o Conselho de Segurança da ONU.
A
partir das informações sobre novos elementos que interferem na organização e regionalização
dos espaços mundiais e na relação entre lugares, povos e países, proponha aos
estudantes a elaboração de um texto dissertativo sobre o tema. Considere também
a possibilidade de desdobramento em novos temas sobre a realidade mundial
contemporânea.
Avaliação
Para
avaliar as etapas desenvolvidas nessa sequência didática, considere os
objetivos estabelecidos inicialmente e os processos e produtos com os quais os
alunos estiveram envolvidos ao longo do trabalho. Considere as progressões
individuais e coletivas na leitura e interpretação de dados em textos e mapas e
valorize as capacidades de argumentação nos debates sobre a regionalização dos
espaços mundiais. Se necessário, prepare avaliações individuais após um balanço
final do trabalho desenvolvido.