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domingo, 15 de maio de 2016

1as SERIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6 A GLOBALIZAÇÃO E AS REDES GEOGRÁFICAS

1as SERIES

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6

A GLOBALIZAÇÃO E AS REDES GEOGRÁFICAS

O que você vê na PÁGINA 66, trata-se de um mapa que pode ser designado como uma representação ordenada. Ele faz uso da variável visual valor (diferentes tonalidades do marrom). Existe (e deve existir) uma correspondência direta entre a variável visual valor e o fenômeno representado. Quanto mais escura a tonalidade, maior a presença (a participação) do fenômeno representado.

 É fácil perceber que países como EUA, Canadá, Japão, Austrália e alguns da Europa Ocidental têm uma participação grande do fenômeno representado.

No continente africano, de maneira geral; no subcontinente indiano (Índia, Bangladesh etc.); no continente sul-americano (Equador, Paraguai e Bolívia).

Na PÁGINA 67,abaixo, o Mapa forma uma imagem única da geografia do fenômeno representado. Nota-se claramente onde estão os países do mundo que têm maior participação de internautas no conjunto da população. E onde essa participação é pequena. Percebe-se a grande desigualdade e a lógica da distribuição do fenômeno, que também tem um padrão que diferencia o Sul do Norte.

Sim, é possível afirmar que o mundo está mais presente em cada lugar. Os usuários da internet (indivíduos e instituições) superam, mediante esse meio de comunicação, as fronteiras e as barreiras das escalas geográficas mais restritas. Desse modo, integram-se grupos humanos e negócios em uma escala mais ampla, a chamada escala global. Mas, em termos geográficos, esse fato ocorre de maneira desigual, como o mapa dos usuários demonstra.
Porque não são as medidas territoriais que estão sendo utilizadas, e sim a medida de posse de computadores pessoais, ou seja, quanto mais volume de posse, maior a extensão do país no mapa, o que vai interferir na extensão dos blocos continentais.

O continente africano e a América do Sul estão com suas extensões diminuídas de forma bem evidente.

Os EUA (na América do Norte) estão com sua extensão ampliada em relação às medidas originais do seu terreno, do mesmo modo que o Japão e vários países da Europa Ocidental.

Com sua extensão diminuída (de modo geral) em comparação com um mapa territorial. Isso em razão da medida escolhida para a realização do mapa, que é a posse de computadores pessoais. Como, de modo geral, essa posse não é muito expressiva, a representação visual também não o é. No entanto, quando houver dados para atualizar esse mapa, certamente a América do Sul terá um crescimento cartográfico, graças ao aumento do acesso aos computadores pessoais.

No mapa ordenado (“Internautas, 2005”, acompanhado do gráfico “Evolução do número de internautas, 1991-2006”) apresentado anteriormente, a situação dos EUA encontra-se na faixa de 87,7 internautas em cada 100 habitantes, enquanto a África continental tem a maioria dos países com 0,19 internauta em um grupo de 100 habitantes. Não chega a um computador. Na anamorfose, os EUA ficam imensos enquanto o continente africano quase desaparece.

O Brasil aparece em uma situação intermediária em ambos os mapas, tanto que, na anamorfose, ele não é tão diminuído. Ainda assim, no país, a posse de computadores e o acesso a internet não são largamente disseminados.

Pelo mapa “Internautas, 1991-2006” é possível perceber que a maioria dos países desenvolvidos – como aqueles da Europa Ocidental, os EUA, o Japão e a Austrália – apresenta as maiores incidências de internautas no mundo. Esses países apresentam melhor estrutura de comunicação e uma população com maior poder aquisitivo; consequentemente, mais acesso a equipamentos e serviços.

Sem dúvida. Embora as ligações e as linhas sejam múltiplas quanto às suas tecnologias (rede telefônica, rádio e redes de cabo de televisão), podemos imaginar linhas e pontos que são áreas comuns, cujo acesso é geral. É, claramente, uma rede.

Sim, isso é nítido. As redes de transportes urbanos oferecem bons exemplos. No caso dos ônibus, temos as linhas com vários pontos de paradas e pontos finais. A esses pontos finais podem estar articuladas outras linhas de ônibus que têm diversos outros pontos. No final, a ideia é que essas redes cubram boa parte do território de uma cidade. O mesmo pode ser dito das redes ferroviárias (metrô, trens de superfície etc.).

 A internet é um meio de informação e de comunicação (áreas de interação, de troca de mensagens etc.). A circulação das mensagens se dá instantaneamente. Desse modo, uma mensagem emitida agora no Brasil será acessada quase ao mesmo tempo no Japão. Isso muda de forma revolucionária a velocidade das relações humanas, algo inimaginável no começo do século XX, por exemplo, embora, naquela época, já existisse uma rede telegráfica mundial eficiente.

Na internet circulam informações. Mas dizer isso é muito pouco. Na verdade seria melhor se referir a materiais digitais. Um livro pode ser digitalizado (transformado em informação eletrônica) e circular na internet. As imagens e os sons também podem ser digitalizados. Quer dizer: uma gama enorme de informações é matéria-prima essencial da internet. Essas informações são, sem dúvida, importantes. Estão mudando a face da humanidade. Não apenas porque têm valor econômico (não há hipótese de empresas de qualquer porte ficaram distantes da rede para divulgar suas atividades e até comercializar seus produtos e serviços), mas porque têm mudado a face da economia. Muitos bens que antes só eram acessíveis por transação econômica, atualmente são acessíveis por “compartilhamento” de materiais digitais, uma transação não econômica. Muitas mudanças em andamento ainda estão por ser entendidas.

Não resta dúvida. Muito do poderio e do desenvolvimento econômico passa pelo acesso e pela capacidade de expandir esse acesso à rede a públicos mais amplos. Mas, também, muito do poderio que pode fazer frente às forças econômicas tradicionais se organizam e se fortalecem na rede mundial de computadores.

Está claro que os benefícios às relações humanas trazidos pela diminuição das distâncias se concretizam com o acesso aos meios de comunicação e transportes contemporâneos. E isso ainda está longe de estar democratizado e, certamente, um “mundo melhor” passa por essa democratização. Não há dúvida de que a internet é um dos ingredientes desse processo de encurtamento das distâncias e do horizonte interativo mais digno para o ser humano.

 Nessa exposição necessariamente pessoal do aluno, espera-se (e para isso ele deve ser orientado – antes ou depois conforme sua avaliação) que ele consiga integrar o conjunto de informações e raciocínios desenvolvidos na Situação de Aprendizagem para aumentar a sua percepção de um mundo cujas relações são cada vez mais interescalares. Isso quer dizer que nossas realidades locais estão influenciadas e articuladas a relações de outras escalas, até mesmo a mundial. O mundo nunca esteve tão presente em nossa vida. O importante é estimular o aluno a usar recursos próprios que se manifestem em seu cotidiano na argumentação. A ideia é que ele aplique de modo próprio o que foi desenvolvido até aqui e não repita mecanicamente os raciocínios e as informações contidas na Situação de Aprendizagem.

Tem que buscar na memória e na vida cotidiana os diversos termos utilizados para se referir às grandes instituições econômicas privadas. O objetivo é que se chegue ao termo multinacional, largamente utilizado, e deparem com outro termo bastante utilizado atualmente: transnacional. Agora as multinacionais estão sendo chamadas de corporações transnacionais. Empresa não é muito diferente de corporação. Esse último termo está na moda. Agora se fala em mundo corporativo. Talvez, possa se admitir que corporação revele mais o que é uma empresa moderna e poderosa. Não mais pertencente a um empresário, mas a uma corporação de acionistas. Por sua vez, os prefixos multi- e trans- realmente têm significados diferentes: multinacional. Aquilo que está em vários países; transnacional. Aquilo cuja natureza está acima dos países. Tanto empresa multinacional como corporação transnacional são termos que expressam algo que é mais poderoso que uma empresa nacional. Essa última possui uma área de atuação menor e mais restrita (um mercado único).

Elas aparecem como agentes de grande importância na estruturação desse processo de criação e ampliação da escala global, que se convencionou denominar globalização. Aparecem, até mesmo, como criadoras de configurações espaciais em rede geográfica, que são malhas globais, ou seja, os espaços da globalização.

Elas aparecem no quadro como agentes importantes da globalização, além de funcionar como estruturadoras e controladoras de configurações espaciais que podemos chamar de espaços globais e/ou mundiais (nem todos os espaços têm essa condição). Com sua capacidade de criar redes geográficas, de influenciar diversas realidades nacionais, sua atuação se estende ao mundo. O mundo é sua referência, e, quando o mundo passa a ser a referência de atuação para agentes desse peso, estamos diante de algo que está estruturando a denominada globalização.

Não são os espaços nacionais em si. São pontos de redes geográficas que se organizam em escala mundial e se encontram nos territórios nacionais, mas que se relacionam mais intensamente com outros pontos da rede do que com os territórios nos quais estão inseridos.

O geógrafo Milton Santos está mencionando a importância que tem para uma corporação transnacional a velocidade da circulação de informação e de bens. Afinal, elas atuam na escala mundial, e para elas o mundo é (e precisa ser) pequeno, com as distâncias encurtadas. Para atingir tal objetivo essas empresas atuam no sentido de preparar os pontos de rede com o máximo de tecnologia para acelerar as relações. Atuam nos Estados nacionais e estes, com o objetivo de atrair tais empresas, terminam investindo nessa instrumentalização dos pontos de rede nos territórios nacionais.

As setas no mapa da PAGINA 72 do caderno indicam os fluxos e suas direções.

Como as setas têm cores diferentes, elas indicam fluxos de tipos diferentes. A relação é direta: cores diferentes. Fluxos diferentes.

Esse mapa pode ser caracterizado como um mapa qualitativo de fluxos, isso porque ele representa fluxos diferenciados (de objetos diferentes). Mapas que diferenciam os fenômenos representados são mapas qualitativos.

Estamos diante de uma rede geográfica de uma empresa transnacional que atua no ramo automobilístico. Distribuído em sua rede, encontra-se o seu sistema produtivo, que se organiza em vários países do Sudeste Asiático. Cada ponto de rede é especializado, e nenhum constrói os automóveis integralmente. Na verdade, os pontos se complementam, embora eles se encontrem em diversos países.

A palavra “montadora” designa as estratégias produtivas de várias corporações industriais transnacionais. Organizadas em rede, cujos pontos são especializados, em algum momento o produto final deve aparecer, deve ser montado. Um dos pontos da rede especializa-se na montagem reunindo os componentes vindos de vários pontos da rede geográfica.

A filial montadora, o ponto de rede responsável pela montagem, complementa o processo produtivo. Nem sempre a produção das peças se dá apenas por unidades da empresa automobilística. Muitos dos elementos são terceirizados. No Brasil existem de fato muitas empresas automobilísticas que aqui instalaram unidades responsáveis pela montagem de componentes que se originam de várias partes de sua rede e também de produtores terceiros.

Fica bem claro. Ela é uma transnacional, pois usa um conjunto de Estados nacionais para instalar unidades de sua rede geográfica. Esse é o seu verdadeiro espaço. Qual é a nacionalidade de uma empresa transnacional cuja sede geográfica é sua rede espacial? De fato, muitas dessas empresas já têm interesses e ações que ultrapassam qualquer identidade de caráter nacional. São empresas transnacionais.

Essa pesquisa apresenta um grau de dificuldade médio. A primeira dificuldade a ser superada é a do acesso a internet – e, no caso dessa pesquisa proposta, não há como substituir a fonte. O próximo passo é chegar a um site adequado. A sugestão é listar os nomes das grandes transnacionais automobilísticas. Não são muitas, e todos os alunos devem conhecê-las, pois, na pior das hipóteses, conhecem marcas (ou modelos) de automóveis. Depois se deve escolher uma empresa e procurar seu site utilizando qualquer buscador. Navegando na página da empresa, não será difícil desvendar sua estrutura geográfica. Para tanto, é preciso ficar atento às seguintes informações:

• em quais países há unidades da empresa;

• que atividades essas unidades desenvolvem (ficar atento, especialmente, à distinção entre produtoras de peças e montagem);

• informações complementares (se houver), como volumes produzidos, valores etc.

Com isso já será possível produzir o mapa. O valor dessa atividade está em exercitar a construção autônoma dos conhecimentos. Os alunos vão recorrer a uma fonte confiável, embora não seja a única. Vão levantar e organizar informações por meio de uma linguagem que permite a visualização espacial da estrutura de uma empresa, de uma instituição construtora da escala mundial. Mesmo que os resultados não sejam totalmente precisos, que haja dificuldades de confecção do mapa, o mais importante e valioso é a criação dessa “narrativa visual”. Chegando a algo próprio será uma conquista mais importante do que reproduções corretas de informações padronizadas e estereotipadas que circulam na Geografia escolar.

Um condomínio fechado residencial, como o próprio nome diz, é uma forma coletiva de residência (várias casas ou apartamentos) que se instala em um terreno protegido, cercado e vigiado. Desse modo, fica isolado geograficamente do seu entorno. Os moradores desse tipo de residência em geral utilizam automóveis para se locomover, o que os isola ainda mais do bairro onde está instalado o condomínio. Para seu abastecimento, frequentam áreas igualmente fechadas. Assim, é bom guardar essa imagem de isolamento, de afastamento dos bairros onde estão localizados.

Um shopping Center pode ser designado um condomínio fechado comercial. É uma área coletiva, com vários estabelecimentos comerciais e de serviços que se instala em um terreno protegido, cercado e vigiado. Também se isola espacialmente do seu entorno. Não há shopping que não possua imensos estacionamentos, pois seus principais frequentadores são proprietários de carro e, portanto, quase não usam transportes coletivos. Do mesmo modo, há aqui a imagem de isolamento, de afastamento dos bairros onde estão localizados (uma parte dos shoppings procura se situar próximos de vias expressas, ainda que nem sempre isso seja possível).

 Na escala de uma cidade (no interior dela), podem ser encontradas redes geográficas de fato. Os núcleos formados por condomínios fechados e por shopping centers (também centros empresariais diversos), que se encontram tanto na área densa como nas zonas periféricas, são os pontos de rede. As linhas são as vias cada vez mais preparadas para o uso automobilístico intenso. Uma cidade como São Paulo tem, de fato, redes geográficas cortando seu espaço.

Certamente, uma característica das redes geográficas – tanto na escala mundial, como a de uma corporação transnacional, quanto no interior de uma cidade – é a de possuírem características de “negação” dos territórios do entorno. São fechadas, relacionando-se o mínimo necessário com esse entorno.

Os dados mostram o volume de circulação econômica no interior das redes das corporações, e qualquer pesquisa mostraria algo semelhante na circulação econômica no interior de uma rede geográfica no interior de uma cidade como São Paulo, por exemplo.

Significa, por vezes, até o contrário. As redes no interior das cidades costumam desagregar e enfraquecer o comércio de rua e também é comum a desvalorização dos imóveis em razão do aumento do trânsito, do volume grande de áreas de estacionamento etc. Do mesmo modo, uma rede de corporação não apresenta automaticamente efeitos multiplicadores nas localidades onde se situam. O dado econômico mostra que não é nessas localidades que ela vai realizar grandes investimentos.

 Faz sentido. Por vezes nega esses territórios (dos bairros, dos países onde estão situadas) e se transforma de fato em um concorrente, como no caso citado do shopping.

Organizam-se em redes mundiais, o que fica claro logo no item 1 do texto. Os dados econômicos, presentes em vários itens, definem o perfil das transnacionais e comprovam essa maneira pela qual se organizam. São montantes impossíveis de se obter na escala nacional, mas somente possíveis graças à atuação transnacional dessas organizações. A sua força é tão grande que chega a influenciar governos, que facilitam a ação dessas corporações em seu território.

 Elas são atores muito importantes na cena internacional e na cena nacional de vários países. Por exemplo: muitos governos nacionais implementam políticas econômicas visando atrair os capitais das corporações transnacionais para seus territórios. Fazem isso promovendo isenções fiscais (não cobram impostos), oferecendo terrenos, ajudas de infraestrutura (energia mais barata, por exemplo). Desse modo, uma corporação transnacional ao se instalar em um país passa a ter muito poder de influência sobre os governos.

 O volume de pessoas empregadas nas empresas transnacionais é bem grande (54 milhões) e corresponde à população de países importantes. Considerando que as transnacionais utilizam muita tecnologia em seus processos produtivos, e que essas tecnologias dispensam mão de obra, dá para ter ideia do que são os volumes de produção e serviços gerados diretamente pelas corporações.



Na alternativa c do caderno do aluno mostra que o Brasil tem promovido, mais propriamente os Estados, uma série de políticas de incentivos fiscais para atrair corporações transnacionais de vários ramos industriais. Um caso marcante é o das automobilísticas que se espalharam por Estados sem tradição industrial, como Goiás, por exemplo. Assim, ao contrário das alternativas que indicam dificuldades para ações das corporações transnacionais no Brasil, o país é um bom espaço para a ação dessas instituições.