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sábado, 7 de maio de 2016

3AS SERIES - SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES?

3AS SERIES

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5

CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES?


A ideia de “choque de civilizações” foi frequentemente retomada para explicar os conflitos entre Ocidente e Oriente. Ainda em 1964, Bernard Lewis, um professor universitário britânico pouco conhecido, lançou a expressão que ficaria famosa. Se, por um lado, esta passou despercebida durante a década de 1960, por outro, foi relançada por ele 25 anos depois na forma de um artigo, The roots of muslim rage (“As raízes da cólera muçulmana”).

O contexto geopolítico em que surgiu e seu significado: o postulado de Samuel P. Huntington na obra “Choque de Civilizações” indicadas constitui um esforço de compreensão do mundo e do novo quadro das relações internacionais emergente da implosão soviética, depois que as tensões políticas da velha ordem bipolar deixaram de subordinar um ou outro bloco ideológico.

Desde o fim da Guerra Fria, a maioria das guerras ocorre entre povos de civilizações diferentes (por exemplo, no conflito Israel-Palestina, as Guerras do Golfo, na desintegração da antiga República Socialista Federativa da Iugoslávia, a instabilidade na Caxemira, na luta pela independência na Chechênia ou mesmo na atual presença anglo-americana no Iraque).

“Os aviões que destruíram as torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, e a marcha das tropas estadunidenses sobre Bagdá refletem tragicamente esse estranhamento e introduzem, na política mundial, o espectro do ‘choque de civilizações’”
O significado do sentimento de estranhamento nesse caso é o de aversão a alguém ou a algo que não se conhece, ou seja, os atentados e a invasão ao Iraque induzem à ideia de que o Ocidente e o Oriente apresentam diferenças culturais intransponíveis, o que não é de todo verdadeiro. Por isso, os autores enfatizam a ideia de espectro, palavra que tem o significado de fantasma ou ilusão do “choque de civilizações”.

A estreita relação entre os atentados de 11 de setembro de 2001 e os protestos desencadeados por jovens imigrantes ocorridos na França em 2005, quando jovens imigrantes depredaram espaços públicos como forma de protesto às condições sociais degradantes nas periferias de Paris, foram em princípio relacionados diretamente como expressão do “choque de civilizações”, pois grande parte das populações que habitam as periferias de Paris é do Oriente. Porém, os protestos tiveram um significado político, questionador da exclusão social e do neoliberalismo intolerante.
Em relação as nove civilizações propostas por Samuel Huntington, reconhece-se as implicações culturais e geopolíticas decorrentes do período em que o autor as propôs. Devemos também reconhecer que, após a desintegração da URSS, as tensões políticas da velha ordem mundial deixaram de se subordinar aos blocos ideológicos que as sustentavam. O modelo baseado em civilizações proposto por Huntington identifica qual é a importância das culturas locais quanto ao seu poder de estabelecer alianças ou provocar choques no mundo contemporâneo. Vale lembrar que a teoria civilizacional de Huntington foi apresentada inicialmente em 1993, num artigo de grande impacto publicado na revista Foreign Affairs (EUA). Foi editado e transformado em livro em 1996, estendendo sua perspectiva de análise em razão dos inúmeros debates que o sucederam. Porém, após os ataques terroristas de 11 de setembro, muitos tentaram explicar o ocorrido com base nesse pensamento. Análises realizadas por diferentes correntes da comunidade de especialistas em relações internacionais mostraram-se divididas, apontando críticas quanto ao caráter maniqueísta (Maniqueísmo é uma filosofiareligiosa que tende a fundir numa ou várias doutrinas diferentes, mantendo traços de sua origem. e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal)  e sectário (aquele que defende obstinadamente um ponto de vista extremado ou posições políticas, religiosas ou teóricas intransigentes e polarizadas) dessa forma de regionalização.
Entre inúmeras possibilidades, dos interesses podemos citar a de convencer a população norte-americana da necessidade da invasão aos países do Oriente Médio que, conforme o governo dos Estados Unidos, dão suporte ao terrorismo; interesses com relação ao petróleo, fonte de energia ainda vital para a economia dos Estados Unidos; e fortalecimento da política de combate ao “eixo do mal” que, de acordo com a doutrina Bush, investe na tecnologia de fabricação de bombas atômicas.
 Em relação aos interesses que os países do Ocidente teriam no Oriente Médio, Edward Said enfatiza o princípio da dominação global considerando interesses de hegemonia e econômicos atrelados, por exemplo, a reservas de petróleo.
O sociólogo Michael Mann argumenta que o Partido Republicano, do ex-presidente George W. Bush, iniciou em 1970 uma estratégia política alicerçada na nova direita norte-americana, por meio da qual se cristalizou a ideia de um império norte-americano em escala mundial. Assim, a posição norte-americana com relação a temas de alcance mundial – como Protocolo de Kyoto, minas terrestres, Guerras nas Estrelas, Iraque e Irã – não é ocasional e isolada, mas parte de uma política de poder unilateral, posição solitária que desconsidera acordos de caráter multilateral.
Os argumentos apresentados por Michael Mann são contrários à tese de “choque de civilizações”. Para Mann, o governo de George W. Bush, representante da nova direita norte-americana, comportou-se de forma isolacionista, o que incita reações em diversas partes do mundo.
A eleição de Barack Obama representou uma mudança no perfil da política externa dos Estados Unidos ao romper com os preceitos da nova direita do Partido Republicano, defensora de ações unilaterais e maniqueístas. Certas atitudes tomadas pelo governo – como a de propor o fechamento da Base de Guantánamo, em Cuba, a defesa do direito ao Estado palestino e a retirada progressiva das tropas norte-americanas no Iraque – são exemplos contundentes dessas mudanças.
Em relação ao Choque de Civilizações o autor considera conflitos entre as diferentes civilizações e também internos às civilizações. Isso explica o predomínio de conflitos na civilização islâmica e sua menor ocorrência na latino-americana.

A expressão “choque de civilizações” adquiriu grande repercussão no contexto de incertezas da nova ordem mundial, logo após o fim da Guerra Fria (1947-1989). Nesse período, o mundo se deparou com a eclosão de conflitos isolados, motivados por rivalidades étnico-religiosas e culturais, contidos em sua grande maioria por regimes totalitários, como na ex-União Soviética e na antiga Iugoslávia. Em particular, essa “chave” de interpretação do novo quadro das relações internacionais emergentes da implosão soviética adquiriu grande notoriedade com a publicação da obra do estrategista norte-americano Samuel P. Huntington, em 1996. Ele defende que o futuro da humanidade poderá ser determinado pelo confronto entre diferentes civilizações a partir da adesão a religiões e características culturais comuns.

A teoria do “choque de civilizações” possui limitações quando contraposta à realidade geopolítica mundial, expressando uma visão reducionista diante das verdadeiras causas de muitos conflitos em curso. Podemos argumentar, por exemplo, que outros especialistas não concordam com a tese de Huntington (Edward Said, Noam Chomsky, John Espósito, entre outros), pois vinculam os conflitos à imposição de um modelo geopolítico e econômico controlado pelos países ricos e suas corporações (disputa por recursos vitais, como o petróleo). De forma complementar, com base nos mesmos autores, ainda poderemos argumentar como essa visão de mundo favorece a disseminação de uma imagem deturpada do islamismo, associando-o, de maneira equivocada e simplista, ao fundamentalismo religioso, além de desconsiderar as mudanças a que estão expostas as diferentes culturas diante dos fluxos de informação e de pessoas no contexto da globalização.


Em relação as alternativas da pagina 62. A alternativa  (a) mostra que  anualmente apenas  três civilizações  possuem  membros  permanentes  no  Conselho  de  Segurança. A alternativa c é incorreta, pois, com base na classificação de Huntington, três civilizações estão representadas no Conselho de Segurança da ONU: a ocidental (EUA, França e Inglaterra), a sínica (China) e a ortodoxa (Rússia). A alternativa b também é incorreta, pois o poder no Conselho de Segurança está concentrado em apenas um terço das civilizações citadas pelo autor. Pelo menos três continentes estão representados no Conselho de Segurança (América, Europa e Ásia), invalidando, portanto, a alternativa d. A alternativa e é incorreta porque o poder no Conselho de Segurança é concentrado: não só a civilização africana, mas também a latino-americana, a budista, a japonesa, a hindu e a islâmica não têm representação nesse Conselho.