2ª séries - De arquipélago a continente: a
constituição do território brasileiro
Mapa 2 - A
economia e o território brasileiro no século XVII página 05 DO CADERNO DO ALUNO
Mapa 3 - A
economia e o território brasileiro no século XVIII página 06 DO CADERNO DO
ALUNO
Mapa 4 - A
economia e o território brasileiro no século XIX página 07 DO CADERNO DO ALUNO
Mapas 5, 6 e
7 - Brasil: de arquipélago a continente
Página 22 DO
CADERNO DO ALUNO
Território -
Do latim territorium, o termo indica uma extensão de terra delimitada ou,
ainda, a fração de terra sob determinada jurisdição. Nos discursos científicos,
ganha amplitude. Trata-se de noção comum em diferentes áreas do conhecimento.
Nas Ciências Naturais, figura em estudos de ecologia sobre distribuição ou área
de abrangência de espécies.
Em
Geografia, podemos compreendê-lo também como a base material sobre a qual se
ergue a vida social. Mas ele não se restringe ao arranjo dos objetos no espaço;
importa aí também o conjunto dos atores sociais e suas relações. De modo geral,
aceita-se a idéia de que as diferentes sociedades humanas, ao se apropriarem de
uma dada área para a sua reprodução social, transformam-na em (seu) território.
Essa concepção ganha vulto quando se aproxima do sentido político moderno,
associada às idéias de controle, poder e domínio, estas referidas
fundamentalmente ao espaço do Estado nacional.
Desenvolvimento
- 1ª etapa – Introdução - Quinto do mundo em extensão, com 8,5 milhões de km2,
situado em uma larga faixa da América do Sul, com quatro fusos horários e pouco
mais de 183 milhões de habitantes. O país em questão abriga uma grande
diversidade natural e sociocultural. O português é a língua predominante, mas ali
também se fala cerca de 180 línguas nativas, abrigando um verdadeiro
"caldeirão" étnico-cultural, a partir da presença de povos indígenas,
da chegada de colonizadores portugueses e de negros africanos trazidos à força
para trabalhar como escravos. A eles se somaram inúmeros grupos de imigrantes
de outras partes do planeta. Estamos falando, é claro, do Brasil, o país em que
vivemos. Ao examinar num mapa político a magnitude e proeminência do território
nacional, os alunos podem se perguntar como tal extensão se constituiu ao longo
do tempo. Podem indagar também por que até os dias de hoje o gigantismo do seu
território, com suas riquezas e potencial econômico-social, ainda não se
traduziram em benefícios e bem-estar social para o conjunto de sua população. Com
efeito, se tomarmos como referência alguns indicadores sociais disponíveis,
veremos que isso ainda está longe de acontecer. Em 2007, o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) apresentou o relatório anual do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), calculado com base em dados de 2005 de
expectativa de vida, alfabetização de adultos, matrículas escolares e PIB per
capita. No novo relatório, o Brasil passa a figurar na 70ª posição, em uma
lista de 177 países, ingressando pela primeira vez no bloco dos países
considerados como de elevado desenvolvimento humano, mas ainda em posição
intermediária. Embora venha apresentando consistência na evolução de diversos
indicadores sociais, são conhecidas as desigualdades sociais e regionais do
país. Esta sequência didática explora alguns elementos-chave do processo de
formação territorial do Brasil e oferece indicações para analisar rumos e
perspectivas do desenvolvimento econômico e social do país nos próximos anos. A
proposta permite, portanto, o trabalho conjunto com outras disciplinas e áreas
do conhecimento, em especial a História, e enfoca um tema que deverá ser
retomado em outras oportunidades.
1ª aula Qual é a extensão do território
nacional? Que posição o país ocupa, em termos de extensão territorial? O que
essa extensão territorial pode representar, em termos de potencial de
desenvolvimento? Existem diferenças ou disparidades internas? Quais são elas?
Prepare uma
primeira síntese coletiva das ideias apresentadas. Em seguida, examinem do mapa
1, que mostra uma projeção do território nacional sobre o continente europeu. Conseguem
ter noção mais clara da ordem de grandeza e medir de modo mais efetivo a
extensão territorial nacional, auxiliados por dados de distância e posição?
O país figura
entre os maiores do mundo, atrás apenas de Rússia, Canadá, China e Estados
Unidos. Entretanto, apenas a dimensão territorial não é capaz de refletir as
dinâmicas e a complexidade internas. É importante assinalar algumas de suas
peculiaridades do território brasileiro: disposto em grande parte na faixa
tropical, com distâncias equivalentes nos sentidos Norte-Sul e Leste-Oeste,
conta com uma grande diversidade de sistemas e recursos naturais. Possui um
extenso litoral, voltado para a orla do Atlântico, e fronteiras com quase todos
os países do subcontinente.
Reconhecer e
analisar alguns processos de exploração e ocupação do território.
A
configuração territorial que conhecemos hoje resulta de uma "lenta, longa
e difícil construção, tecida durante cinco séculos de história." Proponha
o exame dos três mapas a seguir (2, 3 e 4), que destaca os processos de
expansão econômica, criação de núcleos urbanos e eixos de transporte ao longo
dos séculos XVII, XVIII e XIX, em boa parte ocorridos sob domínio colonial
português. É importante que destaquem as faixas de ocupação e a organização das
bases econômicas do território.
Escrevam
pequenas sínteses sobre esses processos, a partir do que observaram. As
leituras dos mapas, como a identificação do título e dos elementos da legenda,
assim como a distribuição espacial das atividades devem ser observadas.
A partir dos
mapas, observem a gradativa expansão, articulação interna e integração do
território brasileiro, com a concentração de atividades e núcleos urbanos na
faixa litorânea.
A expansão
da ocupação rumo ao interior se completou no século XX. Entretanto, foi ainda
durante o período imperial (1822-1889), no Brasil independente, que boa parte
das fronteiras terrestres com outros países foi definida.
A conhecida
imagem do arquipélago já foi muito utilizada para assinalar os processos
iniciais de constituição do território. Por que a imagem de um arquipélago? As
regiões do Brasil colônia que foram palco da produção agroexportadora se
mantiveram sob o domínio do poder central da metrópole portuguesa. Seria, antes
de tudo, um arquipélago geográfico, já que não existiam ligações entre as
regiões, que viviam em relativo isolamento.
A
conformação do território não se reduz apenas à sucessão de períodos
organizados em torno de uma atividade produtiva voltada ao mercado externo,
como a cana, a exploração de metais preciosos e o café. Concorreram também as
incursões bandeirantes, a pequena produção mercantil, a expansão da pecuária e
a decisiva atuação da coroa portuguesa (e, mais tarde, do Império) na garantia
da unidade política e territorial. Os limites externos serão definidos
essencialmente no século XIX e início do século XX.
A herança
dos chamados "ciclos" econômicos vai marcar profundamente a estrutura
regional interna do território e o modo como se deu o crescimento econômico em
etapas posteriores.
3ª etapa
Turma dívida
em pequenos grupos, para uma análise dos mapas 5, 6 e 7, que mostram a
constituição elementos centrais para a passagem de arquipélago geográfico a país-continente,
com uma progressiva articulação e integração interna, ao longo do século XX.
Destaque aqui o papel do comando das metrópoles do Sudeste - São Paulo e Rio de
Janeiro - nesse processo, a implantação de uma extensa rede de transportes,
comunicações e informações e a constituição de espaços econômicos baseados na
divisão territorial do trabalho. Temos aí, portanto, um processo combinado de
integração nacional e diferenciação regional.
Os estudos
poderão ser complementados com pesquisas e painéis sobre o peso e importância
econômico-social dos complexos regionais brasileiros - Centro-Sul, Nordeste e
Amazônia - no cenário nacional. Eles poderão ilustrar os trabalhos com mapas
regionais, fotografias e dados sobre produção econômica, setores de atividades,
indicadores sociais, redes e fluxos que configuram o território brasileiro na
fase contemporânea (veja as Indicações de fontes).
Ter um
grande território representa ter acesso a muitos e variados recursos. Ter uma
economia em crescimento, além disso, aumenta os recursos humanos. Mas somente
isso não garante o sucesso de um país. É preciso que todo o potencial do
território e das riquezas geradas beneficie de modo justo todos os seus
habitantes, um grande desafio posto para toda a sociedade brasileira no século
XXI.