TEXTO DE APOIO - GEOGRAFIA - 1ª série - SIT DE APRENDIZAGEM 01
GEOGRAFIA 1ª série 1º bimestre
-SIT DE APRENDIZAGEM 1
Uma das primeiras coisas em que pensamos na hora de viajar é num bom mapa da
região a ser visitada ou das estradas que vamos percorrer. Em nosso dia-a-dia
na cidade também usamos mapas e guias para encontrar ruas e bairros.
Os mapas nos auxiliam a localizar qualquer porção da superfície da Terra,
facilitando a nossa orientação no espaço geográfico.
O conhecimento das coordenadas geográficas e dos pontos cardeais é
indispensável para a elaboração dos mapas, que são representações planas da
superfície terrestre.
Este é o maior problema da cartografia: representar uma superfície esférica em
um plano. Como a esfera não é planificável, a representação nunca será
perfeita. Teremos sempre algumas deformações, seja em relação às distâncias
entre os continentes, seja em relação às áreas de países e oceanos.
Na verdade, a melhor maneira de representar a Terra é o globo terrestre, por
causa de sua forma esférica. Porém os mapas são muito mais fáceis de manusear e
têm a vantagem de representar áreas pequenas com detalhes.
As projeções permitem representar uma superfície esférica (a Terra) em uma
superfície plana (o mapa) com menores distorções do que aquelas provocadas com
o simples achatamento da esfera.
Cartografia, A Arte Ou Ciência De Fazer Mapas
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a "arte (ou
ciência} de levantamento, construção e edição de mapas e cartas de qualquer
natureza" recebe a denominação de cartografia.
A elaboração de mapas começou na Antiguidade. O mapa mais antigo do mundo foi
encontrado na Mesopotâmia, onde é hoje o Iraque, de Saddam Hussein.
Anaximandro (610 a.C-547 a.C.}, discípulo de Tales de Mileto, é considerado o
primeiro cartógrafo. Em seu mapa, a Terra estava solta no espaço e não havia
referência à sua forma.
A partir do século XVI, época das Grandes Navegações, mapas traçados com maior
precisão passaram a desvendar caminhos para os exploradores europeus, pois
representavam o mundo de uma maneira mais próxima do real.
O avanço tecnológico permitiu um grande progresso e muita precisão na
elaboração de mapas. As técnicas usadas antigamente foram acrescentadas várias
outras, como o uso de aviões para tomadas fotográficas aéreas, imagens de
satélites artificiais e computadores. A partir do processamento e da análise
dessas imagens, é possível elaborar vários tipos de mapas. Hoje, podemos obter
imagens tridimensionais da superfície da Terra. Daí os mapas estarem cada vez
mais precisos.
Entre os inúmeros recursos utilizados pela cartografia, destacaremos; a
aerofotogrametria, o sensoriamento remoto e o geoprocessamento (GIS -Geográfica
Informativo System ou, traduzindo para o português, SIG - Sistema de Informação
Geográfica).
Apesar de todas essas facilidades, não podemos nos esquecer de que, para ter
sucesso, é preciso complementar o trabalho com dados obtidos em uma eficiente
pesquisa de campo no local cartografado.
Classificação dos mapas ou cartas
De acordo com a escala, os mapas ou cartas podem ser:
• Cartas cadastrais ou plantas. Quando se destinam à representação de pequenas
áreas, cidades, bairros, fazendas, conjuntos residenciais etc., porém com
elevado grau de detalhamento e de precisão. É o caso de plantas urbanas, de
grande utilidade para as autoridades governamentais na administração
(cadastramento) e planejamentos urbanos. São cartas de grande escala,
normalmente de 1:500 até 1:10.000.
• Mapas ou cartas topográficas. Quando mostram a características ou os
elementos naturais e artificiais da paisagem com um certo grau de precisão ou
de detalhamento parte de uma região ou estado. São de média escala mostrando
relevo, acidentes naturais, obras realizadas pelo homem escala, normalmente de
1:25.000 a 1:250.000.
• Mapas ou cartas geográficas. Quando mostram as características ou elementos
geográficos gerais de uma ou mais regiões, país ou continente ou mesmo do
mundo, o que exige o emprego de escalas pequenas (de 1:500.000 a 1:1.000.000 ou
menos).
Coordenadas Geográficas: Paralelos e Meridianos
O movimento de rotação da Terra ao redor de seu eixo proporciona dois pontos
naturais - os pólos - nos quais está baseada a chamada rede geográfica, que
consiste em linhas destinadas a fixar a posição dos pontos da superfície. A
rede geográfica consta de um conjunto de linhas traçadas de norte a sul unindo
os pólos - os meridianos - e um conjunto de linhas traçadas de leste a oeste
paralelas ao equador - os paralelos.
Meridianos
Todos os meridianos são semicírculos máximos, cujos extremos coincidem com os
pólos norte e sul da Terra. Ainda que seja correto que o conjunto de dois
meridianos opostos constituam um círculo máximo completo, é conveniente
recordar que um meridiano é só um semicírculo máximo, e que é um arco de 180º.
Outras características dos meridianos são:
1. Todo o meridiano tem direção norte-sul;
2. Os meridianos têm sua máxima separação no equador e convergem em direção aos
dois pontos comuns nos pólos;
3. O número de meridianos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Assim
pois, existe um meridiano para qualquer ponto do globo. Para sua representação
em mapas os meridianos se selecionam separados por distâncias iguais adequadas.
Paralelos
Os paralelos são círculos menores completos, obtidos pela intersecção do globo
terráqueo com planos paralelos ao equador. Possuem as seguintes
características:
1. Os paralelos são sempre paralelos entre si. Ainda que sejam linhas
circulares, sua separação é constante.
2. Os paralelos vão sempre em direção leste-oeste.
3. Os paralelos cortam os meridianos formando ângulos retos. Isto é, correto
para qualquer lugar do globo, exceto para os pólos, uma vez que neles a
curvatura dos paralelos é muito acentuada.
4. Todos os paralelos, com exceção do equador, são círculos menores. O equador
é um círculo máximo completo.
5. O número de paralelos que se pode traçar sobre o globo é infinito. Por
conseguinte, qualquer ponto do globo, com exceção do pólo norte e do pólo sul,
está situado sobre um paralelo.
Longitude
A longitude de um lugar pode definir-se como o arco de paralelo, medido em
graus, entre tal lugar e o meridiano principal. Está quase universalmente
aceito como meridiano principal o que passa pelo Observatório de Greenwich,
perto de Londres, a que frequentemente se designa como meridiano de Greenwich.
A este meridiano corresponde a longitude 0º. A longitude de qualquer ponto dado
sobre o globo é medida na direção leste ou oeste a partir deste meridiano, pelo
caminho mais curto. Portanto, a longitude deve oscilar entre zero e 180 graus,
tanto a leste quanto a oeste de Greenwich.
Conhecendo-se somente a longitude de um ponto não podemos determinar sua
situação exata, porque o mesmo valor da longitude corresponde a todo um
meridiano.
Latitude
A latitude de um lugar pode ser definida como o arco de meridiano, medido em
graus, entre o lugar considerado e o equador. Portanto, a latitude pode oscilar
entre zero grau no equador até 90 graus norte ou sul nos pólos. Exemplo:
34º10'31" N, pode ler-se "latitude 34 graus, 10 minutos e 31 segundos
norte".
Elementos de um mapa
A confecção de um mapa é uma tarefa de certa complexidade. Abrange um conjunto
de operações que vão desde os levantamentos no próprio terreno e a análise de
documentação (fotos aéreas, por exemplo) até o estudo de expressões gráficas
(legendas etc.) e outros aspectos. Os mapas modernos são elaborados com o
auxílio de instrumentos e recursos muito avançados, tais como fotografias
aéreas, satélites artificiais e computadores.
Os elementos de um mapa são: escala, projeções cartográficas, símbolos ou
convenções e título.
Escala
Como o mapa é infinitamente menor que a Terra, necessitamos de uma escala para
indicar a proporção entre ele e o nosso planeta. A escala nos informa quantas
vezes o objeto real (no caso a Terra ou parte dela) foi reduzido em relação ao
mapa. Em outras palavras, escala é a relação entre a distância ou comprimento
no mapa e a distância correspondente na Terra. Por exemplo: um mapa do Brasil
na escala 1:5.000.000 significa que as distâncias (ou proporções) reais do
Brasil sofreram uma redução de 5 milhões de vezes em relação ao mapa, ou seja,
nessa escala 1 cm no mapa corresponde a 5 milhões de cm (ou 50 km) no lugar
real.
Entretanto devemos lembrar que quanto maior for a escala, maior a riqueza de
detalhes. A mostra o Brasil em três escalas diferentes. Nesse caso, quanto
menor for a escala, menor o tamanho do mapa e consequentemente menor a riqueza
de detalhes.
Existem os seguintes tipos de escalas:
• Numérica. Trata-se de uma fração ou proporção que estabelece a relação entre
a distância ou comprimento no mapa e a distância correspondente no terreno. Por
exemplo: se um determinado mapa estiver na escala 1:200.000 (um por duzentos
mil), isso significa que, 1 cm no mapa é igual a 200 mil cm no terreno. A
escala numérica pode ser apresentada de três formas diferentes:
1 ou 1:200.000 ou 1/200.000
• Gráfica. Apresenta-se sob a forma de segmento de reta graduado. Por exemplo:
0 km 200km 400km 600km 800km 1.000km
Nesse caso a reta foi seccionada em cinco partes iguais, cada uma medindo 1 cm.
Significa que cada uma das partes no mapa (1 cm) corresponde 20.000.000 cm ou
200 km no terreno.
Com um simples olhar, não há como sabermos a proporção com que o mapa foi
desenhado. Por isso usamos a escala.
• 1:1000000 • 1:500000 • 1:250000 • 1:100000 • 1:50000
Estas escalas, em geral, são utilizadas em grandes mapas de caráter regional,
incluindo desde países inteiros até porções de estados em países de escalas
continentais, como o Brasil.
Escalas maiores são usadas para trabalhos de detalhe, como mapeamento de corpos
mineralizados, estudos de precisão. Sendo estas: 1:25000; 1:10000; 1:2500, além
de outras de maior detalhe.
São muito usadas na Geografia, Geologia, Engenharia de Minas e demais ramos que
necessitam de mapas para seus estudos.
São também utilizadas para determinação de bacias hidrográficas em obras de
engenharia civil. Desde grandes barragens até obras de macrodrenagem urbana têm
seu início com estudos em cartas cartográficas.
A escala pode ser definida pela formula:E = d
D
•E é escala;
•D é distância real;
•d é distância na projeção.
Símbolos ou convenções cartográficas
Considerando-se que o mapa é uma representação da realidade, o cartógrafo
recorre a símbolos e convenções que auxiliam na leitura ou interpretação dos
mapas. Os símbolos são, portanto, a linguagem visual dos mapas.
Quanto às cores, as principais convenções são as seguintes: azul (hidrografia);
verde (vegetação); castanho (relevo e solos); preto ou vermelho (acidentes
geográficos artificiais, como rodovias, ferrovias etc.).
Tipos de Mapas
Função nome
Mostram quantidade - Mapas quantitativos
Põem ordem nos fenômenos - Mapas ordenados
Separam os fenômenos - Mapas qualitativos
Mostram movimentos entre
as localidades diferentes - Mapas de fluxos
O fenômeno é a própria medida
básica do mapa - Anamorfose
Projeções Cartográficas
Projeção cartográfica é a representação de uma superfície esférica (a Terra)
num plano (o mapa).
O grande problema da cartografia consiste em ter de representar uma superfície
esférica num plano. Assim, sempre que achatarmos uma esfera para colocá-la em
um plano, necessariamente ela sofrerá alterações ou deformações.
Isso quer dizer que todas as projeções apresentam deformações, que podem ser em
relação às distâncias, às áreas ou aos ângulos. Assim, cabe ao cartógrafo escolher
o tipo de projeção que melhor atenda aos objetivos do mapa.
A maior parte das projeções hoje existentes deriva dos três tipos ou métodos
originais, a saber: cilíndricas, cônicas e planas ou azimutais.
A projeção cilíndrica resulta da projeção dos paralelos e meridianos sobre um
cilindro envolvente, que é posteriormente desenvolvido (planificado). Esse tipo
de projeção:
• acarreta um crescimento (deformação) exagerado das regiões de elevadas
latitudes;
• é o mais utilizado para a representação total da Terra (mapas-múndi).
A projeção cônica resulta da projeção do globo terrestre sobre um cone, que
posteriormente é planificado. Esse tipo de projeção:
• apresenta paralelos circulares e meridianos radiais, isto é, retas que se
originam de um único ponto;
• é usado principalmente para a representação de países ou regiões de latitudes
intermediárias, embora possa ser utilizado para outras latitudes.
A projeção azimutal resulta da projeção da superfície terrestre sobre um plano
a partir de um determinado ponto (ponto de vista).
Vejamos, a seguir, alguns dos mais conhecidos tipos de projeção cartográfica.
Projeção de Mercátor
Nessa projeção, os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cruzam
formando ângulos retos. Pertence ao tipo chamado conforme, porque não deforma
os ângulos. Em compensação, as áreas extensas ou situadas em latitudes elevadas
aparecem nos mapas com dimensões exageradamente ampliada
Projeção Bertin
Já na projeção Bertin (1950), que mantém uma relação de fidelidade com as
superfícies dos continentes, a grade de coordenadas não possui uma configuração
perpendicular, pois todos os meridianos se dirigem, formando curvas, para uma
representação do pólo que se encontra no meio do mapa. Logo, para indicar o
Norte seria preciso colocar tantas setas quantos fosse o número de meridianos
(vide mapa abaixo), o que é desnecessário visto a clareza da posição polar.
Projeção Buckminster
Trata-se de uma projeção cuja centragem é no pólo norte (as centragens podem
variar) e que favorece a manutenção das formas e das proporcionalidades das
terras emersas em detrimento dos oceanos. Quando esse autor criou essa projeção
ele subverteu a visão convencional de um Norte e de um Sul, o que permitiria
uma apreensão de um mundo “menos” hierarquizado.
Erros cartográficos
A grande maioria dos mapas publicados contém erros cartográficos sérios. Ou
geram visões problemáticas, ou pouco transmitem. E isso é esperado, visto que
essa “inundação de mapas” tem como protagonistas um número muito grande de pessoas
que entendem do programa de computador que faz o mapa, mas não conhecem a
linguagem gráfica e a Cartografia.
Um exemplo singelo: para mostrarmos a distribuição geográfica de um fenômeno,
digamos, a alfabetização, vamos usar índices de alfabetização por município no
Estado de São Paulo. É razoável introduzir a informação no mapa preenchendo
cada município com tonalidades de uma mesma cor (da mais escura para a mais
clara). A mais escuras os maiores índices e as menores taxas com tonalidades
mais claras. Quando vemos um mapa que usa tonalidades da mesma cor, sem parar
para pensar, nossa percepção indica que a tonalidade mais escura (mais
pigmentação) representa a maior intensidade do fenômeno, e a tonalidade mais
clara, a quase ausência. Caso isso seja invertido, ou então, escolhidos cores
diferentes e arbitrárias, haverá uma confusão na nossa percepção, pois o que
teremos diante dos nossos olhos será uma falsa imagem: um erro cartográfico.